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A Grande Crise E A Crise Norte

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Por:   •  12/11/2013  •  1.421 Palavras (6 Páginas)  •  293 Visualizações

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A grande crise e a crise norte-americana

Nada acrescenta ao conhecimento da realidade simplesmente reafirmar a gravidade da crise européia, que salta do campo da economia para o terreno da política. Até aqui, porém, sem maiores riscos institucionais. Lembramos, apenas, que, para além da agonia do euro (uma moeda sem Estado) essa crise escancara os problemas estruturais do velho e exaurido continente, como crescimento populacional negativo, grave carência de energia, baixa produção de produtos primários, inclusive alimentos, alto consumo e elevados custos sociais e previdenciários, por sinal, as primeiras vítimas dos economistas.

A questão a considerar, neste texto, é a gravidade da crise norte-americana, onde, aliás, tudo começou. E ponderar o preço a ser ago pelo resto do mundo, Brasil inclusive.

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Nos EUA, como nos países da zona do euro, o desafio desrespeita os limites da economia e das finanças, e caminha para além da recessão. Também na sede mundial do capitalismo, economia e política são irmãs siamesas da crise, a política agravada pela falência de lideranças, de que a frustração representada por Barack Obama é apenas um exemplo. A mesma mediocridade percorre a Europa de um norte a outro. No caso norte-americano há um ingrediente a mais a considerar, qual seja o impasse político-administrativo derivado do bi-partidarismo disfuncional. Lembro o conflito Casa Branca x Capitólio quando da votação do teto da colossal dívida norte-americana. Mas não é tudo, pois talvez o mais grave e mais profundo e duradouro seja a desmoralização do sistema representativo, eivado de fraude (relembro a primeira eleição do Bush filho) e decidido pelo poder econômico, o crescimento da direita dentro da direita republicana, de que o tea-party é apenas o coadjuvante mais estridente. E, como corolário, a rejeição popular à política e ao poder das urnas, muito bem, vocalizado pelos jovens e ‘indignados’ do ‘Ocupem Wall Street’, movimento de rebeldia que rapidamente se espalhou por centenas de cidades norte-americanas.

Desdenhoso das lições do New Deal rooseveltiano, o governo Obama (cuja fragilidade é um agravante na crise) injeta (2009) 140 bilhões de dólares para salvar os poderosíssimosCitigroup, Bank of America, JP MorganChase e Wells Fargo. Com essa operação, realmente ancorou as instituições prevaricadoras, que, mal saídas da bancarrota, voltaram a apresentar lucros e distribuir dividendos com seus acionistas. Mas os grandes beneficiários foram os executivos manipuladores do mercado e responsáveis pela quase quebra do sistema, os quais também voltaram a perceber salários e ‘prêmios’ que desrespeitam a maioria da população, afligida com estagnação e desemprego. Mantendo o mesmo nível de coerência míope, a administração democrata bancou 100% das emissões de títulos novos dos bancos inadimplentes, dando-lhes recursos para voltarem ao mercado, o que na prática não se consumou, pois uma das molas atuais da crise norte-americana é o desinvestimento derivado do entesouramento de bancos, economia privada e particulares, agravando o desemprego e o consumo interno do qual dependem as exportações de metade do mundo.

Ora, a história conta como reage o sistema financeiro em tempos de crise, a saber, adotando políticas defensivas, as quais, alimentando um círculo vicioso, aprofundam, a crise por ele mesmo causada. A banca privada opta por restringir empréstimos (como ocorreu entre nós em 2008) e aumentar suas reservas de uso, e as empresas, por conseqüência, reduzem ou simplesmente deixam de realizar investimentos, decrescendo a capacidade produtiva, que gera riqueza e empregos. Finalmente, os consumidores põem o pé no acelerador, e, agora tementes do futuro, se tornam conservadores. Trocando em miúdos: depressão. Embora mantendo os setores de inteligência, pesquisa e inovação em solo americano, a indústria manufatureira migrou para o exterior, em busca de custos de produção mais baixos, salários menores e menor proteção laboral, aumentando os lucros de seus acionistas, isto é, expandindo o capital, mas atingindo a força do trabalho americana. A economia concentrou-se no sistema financeiro.

Nada menos do que 2/3 do PIB norte-americano derivam do consumo das famílias. Mas o desemprego chega a 9% (14 milhões de americanos), praticamente o dobro dos percentuais anteriores à crise, que já consumiu 8,8 milhões de postos de trabalho.

Os indicadores macroeconômicos dos EUA, portanto, são inquietantes.

De tudo isso podemos concluir que o grande império está de joelhos?

A avaliação da crise norte-americana tem levado analistas apressados a vaticinarem seu imediato colapso, transformando em realidade sonhos idealistas, os quais muitas vezes terminam em pesadelo.

Não obstante essa crise e os abalos que determinou, os EUA, têm ainda a mais forte moeda internacional (sem candidata à sucessão), que podem emitir sem peias. O dólar funciona como um grande porta-aviões escolhido pelo capitalismo mundial para o pouso de suas reservas. É simplesmente a moeda que expressa a dívida internacional. No Brasil, como em todo o mundo, sua sobrevalorização é um estorvo para nossas exportações. Os EUA possuem, com anos-luz de distância do resto do mundo, o maior aparelho militar de todos os tempos, no qual continuam investindo (Finda a Guerra Fria, descartada a ameaça soviética, orçamento militar dos EUA é igual a 50% dos gastos militares totais do resto

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