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A Questão Social E A Gestão Do Transporte Coletivo

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Por:   •  26/11/2012  •  7.297 Palavras (30 Páginas)  •  1.346 Visualizações

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A questão social e A gestão do transporte coletivo

Social issues and the management of public transport

Rita de Cássia Nugemi

1 - Introdução

A cidade pode ser muito mais do que uma aglomeração de pessoas e construções em determinado espaço territorial. É o lugar para onde convergem os fluxos de capital econômico e social, advindos de várias localidades, que estabelecem com ela relações sociais, políticas e econômicas; onde se concentram, enfim, os bens de produção do capital e a força de trabalho (Santos, 2011).

Considerando as migrações e as ocupações do solo nos últimos séculos, pode se dizer que as sociedades do século XXI estão se transformando em sociedades urbanas. Essa mudança se acelerou a partir do final do século XIX, e os problemas urbanos começaram a se acentuar. O êxodo rural foi, em parte, causado pela busca de oportunidades de trabalho, mas, com isso, se perdeu, de uma maneira geral, qualidade de vida. Várias cidades cresceram e se transformaram em metrópoles. Seus limites territoriais foram expandidos e se formaram conurbações (várias cidades inter-relacionadas em um tecido urbano contínuo). Com elas, surgiram algumas propostas que buscaram soluções para os problemas urbanos.

No Brasil, com a industrialização, a partir da década de 1940, e a instalação de rodovias, ferrovias e novos portos, integrando o território e o mercado, se ampliou a rede urbana em escala nacional. Até então, o país era formado por "arquipélagos regionais" polarizados por suas metrópoles e capitais regionais. As atividades econômicas, que impulsionaram a urbanização, desenvolveram-se de forma independente e esparsa pelo território. Com o passar dos anos, a periferia se expandiu e a precariedade do sistema de transportes urbanos levou a população de baixa renda a preferir morar em favelas e cortiços no centro das metrópoles (Menezes, 2004). Isso foi fortemente influenciado pela ineficiência do transporte público, que fez com que as pessoas preferissem morar perto do seu local de trabalho.

Nos últimos anos, especialmente na primeira década do século XXI, observou-se um crescimento surpreendente das cidades, em tamanho, população e densidade, o que trouxe a ampliação dos seus problemas, pois, o crescimento populacional demanda uma série de questões, entre elas, infraestrutura de transporte adequada e segura. No Brasil, segundo o IBGE (2010), cerca de 84% da população vive nas grandes cidades e nas regiões metropolitanas, e grande parte dessa população precisa se locomover diariamente.

Diante desse quadro, o problema em questão é: o transporte urbano da região metropolitana de Porto Alegre, oferecido pela Trensurb, leva em consideração o conceito de saúde na oferta dos seus serviços? Para responder ao problema da pesquisa, foram discutidos alguns temas, tais como: a mobilidade urbana, o usuário de serviços de transporte e o atual conceito de saúde. Buscou-se estabelecer, sempre que possível, uma comparação com os serviços oferecidos na Europa. Em um segundo momento, foram avaliadas as respostas dos usuários da Trensurb relativas aos atributos que impactam de forma direta e indireta a “saúde” do usuário.

2 - Procedimentos metodológicos

A pesquisa realizada pode ser caracterizada como exploratória e descritiva. É exploratória, pois trata de um tema relativamente novo, com poucas pesquisas a respeito. É descritiva, pois foram coletados e processados dados primários a respeito do atendimento da demanda por mobilidade urbana, segundo Gil (1999).

A partir da análise da literatura, foi construído um quadro teórico que serviu de sustentação para o desenvolvimento da pesquisa. A empresa Trensurb possui cinco diretorias que são divididas em catorze gerências. Considerou-se que cinco dessas gerências possuem relação direta ou indireta com a “mobilidade urbana”. São elas: a) mobilidade urbana; b) comunicação social; c) gerência de planejamento; d) superintendência de desenvolvimento e expansão; e) gerência de orçamento e finanças. No período que vai de 01 a 31 de outubro de 2011, foram agendadas entrevistas com os referidos gestores, mas apenas dois se disponibilizaram a responder às questões propostas. Paralelamente, cinquenta usuários da Trensurb responderam a um questionário com dez perguntas. Posteriormente, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo (Bardin, 1977) para as respostas dos gestores e a técnica de tabulação para as respostas dos usuários. Com essas informações sistematizadas, foi possível realizar, como última etapa do processo, uma confrontação das respostas dos gestores e dos usuários.

3 - A mobilidade urbana e o transporte ferroviário

A mobilidade urbana está relacionada com a capacidade de deslocamento de pessoas e bens no espaço urbano durante a realização de suas atividades cotidianas (trabalho, abastecimento, educação, saúde, cultura, recreação e lazer), em um tempo considerado ideal, de modo confortável e seguro.

O crescimento do espaço urbano, que tem se mostrado constante no último século, exige investimento e desenvolvimento de políticas públicas para garantir a mobilidade urbana como um direito, pois as pessoas deslocam-se diariamente por diversas razões, tais como: ir ao trabalho, à escola; agendar ou comparecer a consultas médicas em hospitais ou centros de saúde distantes de suas residências; para atividades de lazer ou culturais; visitar amigos ou parentes etc.

A acessibilidade, que é a medida direta dos efeitos de um sistema de transporte e da facilidade para se atingir os destinos desejados, é um dos focos da mobilidade urbana. Não apenas a mobilidade urbana em si, que é o ato de ir e vir sem restrições, mas também a mobilidade urbana sustentável, resultado de um conjunto de políticas de transporte e circulação que visam proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, por meio da priorização dos meios de transporte coletivos e dos meios de transporte não motorizados, como as bicicletas.

Os problemas de circulação urbana também podem ser verificados quando há grande distância física e socioeconômica das regiões entre sí (Santos,1979). A ida diária, as facilidades e tecnologias que existem nos centros urbanos, geram um movimento que pode ser definido como pendular. Várias pessoas deslocam-se dos bairros suburbanos, que na maioria das vezes são bairros dormitórios, em direção às localidades centrais, bem equipadas

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