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Ciencias Sociais

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Por:   •  15/11/2013  •  1.107 Palavras (5 Páginas)  •  180 Visualizações

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MEMÓRIAS DE UMA AUSÊNCIA:

HISTÓRIA DA IGREJA – DISCIPLINA AUSENTE

NOS MANUAIS DE HISTÓRIA DO BRASIL

Wilson Santana Silva*

RESUMO

A historiografia eclesiástica, de Eusébio de Cesaréia até o Iluminismo, exerceu papel importante no pensamento ocidental. No período posterior, ga¬nhou contornos mais críticos e científicos. No Brasil a historiografia da igreja ainda está em formação. Por serem realidades nacionais, o protestantismo e o catolicismo merecem análises mais abalizadas e de contornos científicos. Isto feito, a historiografia religiosa muito contribuirá para a compreensão dos elementos que formaram a sociedade brasileira. Atualmente, observa-se que existe uma lacuna da pesquisa no campo das religiosidades.

PALAVRAS-CHAVE

Historiografia; Historiografia da igreja; Censura; Historiografia protes¬tante; Catolicismo e protestantismo.

INTRODUÇÃO

Atualmente ocorre um despertamento do interesse por textos relacionados à história eclesiástica. A leitura de obras de história da igreja tem aumentado nestas duas últimas décadas. Temas ligados à patrística, história do dogma, história da Reforma, pensamento cristão, bem como ao catolicismo e protes¬tantismo brasileiro têm atraído para a sua esfera muitos estudantes, leitores leigos e pesquisadores. Entende-se que os seminários e escolas teológicas têm

* O autor é mestre em Ciências da Religião e leciona história da igreja no Seminário Presbite¬riano Rev. José Manoel da Conceição e na Escola Superior de Teologia, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. É pastor da Igreja Presbiteriana do Jardim Marilene, em Diadema (SP) e professor visitante no CPAJ.

WILSON SANTANA SILVA, MEMÓRIAS DE UMA AUSÊNCIA: HISTÓRIA DA IGREJA NA HISTÓRIA DO BRASIL

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É evidente que a sobrevivência da historiografia eclesiástica dependerá em muito da atuação dos pesquisadores e estudiosos do têm aparecido no mercado e é bem provável que nem mesmo os consumidores da literatura histórica tenham conhecimento dessas publicações. contribuído grandemente para que os alunos se envolvam cada vez mais com tais assuntos. Se, por um lado, observa-se um bom número de interessados pela história, por outro lado, os frutos desse interesse são quase inexistentes. É evidente que esse interesse momentâneo não expressa a realidade brasilei¬ra, porque historicamente, se houve anseio pela história, foi por uma versão triunfante, política, dos vencedores. O que está sendo colocado é que pouco material sobre temas relacionados à igreja tem sido discutido, produzido e publicado.1 Existe no Brasil uma verdadeira crise na historiografia religiosa. Uma rápida consulta em bibliotecas servirá para confirmar essa afirmação. Assim sendo, a produção nessa área do conhecimento segue passos lentos. Fica muito difícil, hoje em dia, tratar de historiografia da igreja brasileira.2 Não se conhecem no Brasil documentos que lidam com o assunto com seriedade e rigor acadêmico. Arnaldo Momigliano levanta uma questão muito pertinente, a saber, “se a história eclesiástica tem o direito de existir nas atuais condições da pesquisa histórica”.3 ¬assunto. Atualmente poucas publicações sobre a história religiosa do Brasil

A historiografia eclesiástica brasileira é quase inexistente e isto em ple¬no século 21. Quais são as causas dessa lacuna? Por que a religião é olhada com tanta desconfiança? Os fenômenos religiosos não significam nada para os estudiosos? E a contribuição da cultura protestante na formação do caráter nacional?

Para surpresa de muitos, nos últimos tempos essa superfície vem sendo arranhada e alguns estudos no campo das religiosidades têm servido para demonstrar a importância do assunto, e ao mesmo tempo a sua inexplicável ausência nessa historiografia. Ronaldo Vainfas, professor de história moderna, em artigo recente qualifica tal ausência como “uma lacuna de nossa historio-grafia”.4

Nos países europeus, a historiografia da Igreja até o Iluminismo desen¬volveu-se como disciplina importante, porém desprovida de metodologias

1 O modelo de estudo historiográfico seguido neste artigo tem por finalidade saber como um determinado tema tem sido tratado ao longo do tempo, por diferentes autores e obras, ou da perspectiva das tendências ou escolas históricas. Cf. SILVA, Rogério Forastieri da. História da historiografia. Bauru, SP: EDUSC, 2001, p. 23.

2 Entende-se que um dos fins da historiografia, independente da área, é “oferecer-se para dirigir os olhares ao já visto, encarecendo-lhes: ‘Olhem novamente’”. FREITAS, Marcos Cezar de (Org.). In: Historiografia brasileira em perspectiva.

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