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Concepção Marxista De Ideologia

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Por:   •  4/3/2015  •  1.366 Palavras (6 Páginas)  •  1.062 Visualizações

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A CONCEPÇÃO MARXISTA DE IDEOLOGIA

Com o objetivo de mostrar aos leitores qual o conceito que o filósofo alemão Karl Marx tinha a respeito do termo “Ideologia”, Marilena Chauí afirma que é impossível compreender a origem e a função da ideologia sem compreender a luta de classes, que é o cume da filosofia de Marx. Antes de tudo, era necessário conhecer a concepção que Marx tinha de história, pois dela depende sua formulação de ideologia, e para que tal concepção ficasse clara para seus leitores, Marilena Chauí lembra alguns aspectos da filosofia hegeliana, da qual apesar de criticá-la, Marx conservou alguns aspectos essenciais, como por exemplo, o conceito de dialética e de alienação. Para o filósofo alemão, as ideologias surgem no instante em que a divisão social do trabalho, iniciada na família, prossegue na sociedade e à medida que se torna mais complexa, leva a uma divisão entre dois tipos de trabalho: trabalho material de produção de coisas e o trabalho intelectual de produção de ideias. Para compreender como esta separação leva à ideologia, a autora expõe em linhas gerais, o processo da divisão social do trabalho e a gênese da sociedade civil e do Estado, buscando demonstrar como Karl Marx respondeu à indagações como estas: Como os homens passaram da submissão ao poder pessoal visível de um senhor à obediência ao poder impessoal invisível do Estado? Conforme Chauí, não devemos esperar que através da simples crítica da alienação haja uma modificação na consciência dos homens, por conseguinte, a teoria de Marx não tem por simples objetivo “conscientizar” os indivíduos quanto à “ideologia” falsa que lhes é apresentada, e sim desvendar os processos reais de dominação de uns poucos sobre os outros. A partir disso, a autora cita alguns aspectos que contribuem para a transformação da ideologia em uma força quase impossível de ser removida. De acordo com ela, além da separação entre trabalhadores e pensadores, o que também torna possível a ideologia é o fenômeno da alienação, estudado primeiramente por Feuerbach, e também a luta de classes. Em suma, para Karl Marx, a ideologia pode ser considerada um instrumento de dominação que age através do convencimento, alienando a consciência humana e mascarando a realidade. Marilena Chauí ao escrever o capítulo Concepção Marxista da Ideologia objetivava que, ao término da leitura desse capítulo, o leitor pudesse compreender que essa palavra, vai muito além do que um simples estudo de ideias. Ela conclui seu texto, afirmando que agora seus leitores podiam compreender o que é ideologia, porque haviam acompanhado o processo que a produz concretamente. E para que seus leitores não ficassem com nenhuma dúvida, ela finaliza destacando as principais determinações que constituem o fenômeno da ideologia, subdivididos em dezesseis tópicos.

As principais determinações que constituem o fenômeno da ideologia são:

1) a ideologia é resultado da divisão social do trabalho e, em particular, da separação entre trabalho material/manual e trabalho espiritual/intelectual;

2) essa separação dos trabalhos estabelece a aparente autonomia do trabalho intelectual face ao trabalho material;

3) essa autonomia aparente do trabalho intelectual aparece como autonomia dos produtores desse trabalho, isto é, dos pensadores;

4) essa autonomia dos produtores do trabalho intelectual aparece como autonomia dos produtos desse trabalho, isto é, das idéias;

5) essas idéias autonomizadas são as idéias da classe dominante de uma época e tal autonomia é produzida no momento em que se faz uma separação entre os indivíduos que dominam e as idéias que dominam, de tal modo que a dominação de homens sobre homens não seja percebida porque aparece como dominação das idéias sobre todos os homens;

6) a ideologia é, pois, um instrumento de dominação de classe e, como tal, sua origem é a existência da divisão da sociedade em classes contraditórias e em luta;

7) a divisão da sociedade em classes se realiza como separação entre proprietários e não proprietários das condições e dos produtos do trabalho, como divisão entre exploradores e explorados, dominantes e dominados e, portanto, se realiza como luta de classes.

8) se a dominação e a exploração de uma classe for perceptível como violência, isto é, como poder injusto e ilegítimo, os explorados e dominados se sentem no justo e legítimo direito de recusá-la, revoltando-se.

9) por ser o instrumento encarregado de ocultar as divisões sociais, a ideologia deve transformar as idéias particulares da classe dominante em idéias universais, válidas igualmente para toda a sociedade;

10) a universalidade dessas idéias é abstrata, pois no concreto existem idéias particulares de cada classe. Por ser uma abstração, a ideologia constrói uma rede imaginária de idéias e de valores que possuem base real (a divisão social), mas de tal modo que essa base seja reconstruída de modo invertido e imaginário;

11) a ideologia é uma ilusão, necessária à dominação de classe. Por ilusão não devemos entender “ficção”, “fantasia”, “invenção gratuita e arbitrária”, “erro”, “falsidade”,

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