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Definição De Objeto De Pesquisa

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Por:   •  2/12/2014  •  1.691 Palavras (7 Páginas)  •  342 Visualizações

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Introdução

Em meu projeto para monografia escolhi realizar um estudo sobre o impacto que a experiência de migração causa nos brasileiros que escolhem morar em outro país, mais especificamente no estado da Flórida nos Estados Unidos, e como se ajustam as novas condições de vida. Com essa pesquisa pretendo avaliar como se encontra as condições de vida atual dos brasileiros que escolhem iniciar uma nova vida em outro país.

O interesse pelo tema surgiu quando me dei conta que em pouco tempo eu mesma também estarei passando por esse mesmo processo de migração. Ao pesquisar sobre questões extremamente importantes para a realização de tal mudança percebi o quanto outras pessoas tem interesse pelo tema, querem saber se realmente é viável, se existe algum tipo de perigo e principalmente a real e atual situação dos imigrantes brasileiros que lá estão. A escassez de informações sobre o tema me instigou a escolher esse assunto como objeto de estudo para meu sonhado diploma. Autores como Erving Goffman em “A apresentação do Eu na vida cotidiana” e “Estigma”, Norbert Elias em “Os Estabelecidos e Os Outsiders: sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade” ajudaram muito no embasamento teórico da pesquisa. Obviamente muitos outros autores se encaixam nessa problemática sociológica, porém, optei por estudar primeiramente Goffman e Elias por estarem, nesse primeiro momento, mais relacionados ao tema deste trabalho.

A princípio, o método de investigação da pesquisa será com leituras relacionadas ao tema e também entrevistas com pessoas que viveram nos Estados Unidos e retornaram ao Brasil e com pessoas que atualmente estão vivendo como imigrantes com e sem documentação legal.

Norbert Elias contribui muito com a obra “Os Estabelecidos e Os Outsiders”, pois fala sobre as relações de poder que ocorrem entre grupos já estabelecidos e os que são recém-formados por estrangeiros. Segundo Elias os grupos já estabelecidos exercem um poder superior sobre os outsiders. Isso é exatamente o que acontece com brasileiros que chegam aos Estados Unidos, podemos dizer que são vistos como outsiders, pois além de serem estrangeiros ainda não estão adaptados com a nova vida, novos costumes e isso faz com que o grupo que esta estabelecido – os nativos americanos – sintam-se superiores. Abaixo segue um pequeno resumo desta importante obra.

OS ESTABELECIDOS E OS OUTSIDERS - NORBERT ELIAS e JOHN SCOTSON

Através de um estudo realizado em uma pequena comunidade localizada no interior da Inglaterra com nome fictício de Winston Parva, Norbert Elias tenta traçar as relações de poder estabelecidas naquela comunidade. O estudo aconteceu no final dos anos 50 e inicio dos anos 60 realizado pelo professor John L. Scotson que estava mais interessado em estudar o problema da delinquência juvenil naquela localidade. Elias se deteve a refletir sobre o motivo pelo qual ocorriam diferenças nas relações de poder e de status que ocorriam dentro daquela comunidade.

As relações que ocorrem entre as pessoas nem sempre se dão de forma organizada. Isso vai depender do tipo de interação que esta acontecendo. Quando essas relações ocorrem de forma desorganizada chamamos de “problemas comunitários”. Esses “problemas comunitários” são referentes às distinções de valor dentro daquela determinada comunidade. Por exemplo, em um grupo de famílias de uma mesma comunidade através das interações que ocorrem com o tempo podemos perceber a “ordem de status” ou a “hierarquia classificatória” das famílias. As famílias se “auto-classificam” como “melhores” ou “piores” de acordo com suas interações. Elias fala sobre o desenvolvimento industrial de uma certa região, que trouxe grandes atritos pois com a economia crescente a vida de seus moradores conseguintemente melhorou e esse fato passou a atrair os olhares de estrangeiros que gostariam de também poder se estabelecer nessas terras e também melhorar sua condição de vida. Os moradores mais antigos não “aceitavam” a invasão de estrangeiros que ocorria naquele período’, portanto qualquer proximidade com um estrangeiro era vista como uma diminuição de seu próprio status. Os moradores mais antigos acreditavam que possuíam um valor humano bem maior que os recém-chegados e assim se deu à figuração estabelecidos-outsiders.

Um fato que podemos observar é que em Winston Parva não existiam nenhum dos fatores clássicos de distinção que levam ao preconceito como tipo de ocupação, renda ou nível educacional. E também com relação à etnicidade e nacionalidade não existiam diferenciais significativos.

Com o avanço dos estudos Elias classifica as relações de interdependência entre os Estabelecidos e os Outsiders. A anomia presente leva Elias a refletir mais detalhadamente sobre as relações que ocorrem e ele classifica da seguinte forma:

Minoria nômica – são a “minoria dos melhores” entre os estabelecidos.

Minoria anômica – são a “minoria dos piores” entre os outsiders. ¬¬

Essa classificação representa o status de superioridade e de inferioridade de ambos os grupos.

Entre o grupo dos estabelecidos existem tradições familiares, hierarquia interna de status, e entre as famílias podem existir sólidos vínculos, o que não significa dizer que elas se estimam. A união pode acontecer para se fortificar contra os outsiders.

Mais a frente Norbert Elias vai falar sobre o poder. O poder no sentido figuracional e não o que constantemente ligamos a coisas, pessoas ou lugares, este é o poder estático. O poder ao qual Elias se refere é o diferencial no grau de organização dos seres humanos. Aqui o poder se trata de uma relação entre duas ou mais pessoas e objetos naturais. O poder, nesse caso, ocorre no interior das relações entre os estabelecidos, o que os fazem acreditar que seu valor humano é mais elevado e assim os outsiders se vêem inferiorizados e apenas aceitam essa situação também como inferioridade humana, sem direito a revidar as “agressões”.

Contudo, os outsiders não entendiam o real motivo de serem grupos excluídos pelos estabelecidos o que desestimulou qualquer tentativa de aproximação. Segundo Elias estes tipos de relações acorrem em todo o mundo com recém-chegados, imigrantes, estrangeiros e grupos de residentes antigos. O grande desafio dos outsiders é de ter que se adaptarem a tradições já estabelecidas, crenças, costumes e idioma diferente do seu. Em todo

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