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Educação Em Saúde

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Por:   •  11/5/2014  •  3.706 Palavras (15 Páginas)  •  190 Visualizações

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Introdução

Até a década de 1970, a educação em saúde oficial restringia-se a questões higiênicas e sanitárias, de caráter individualista, autoritário e assisten-cialista, e estava ligada diretamente aos interesses de uma elite política e econômica que estabelecia normas e condutas (Vasconcelos, 2006). Essa situação gerou insatisfação e descontentamento na população, levando à formação, no final da década de 1950 e início da década de 1960, de alguns movimentos sociais de populares e intelectuais.

A concepção de saúde e da educação em saúde entrou em pauta nos debates nacionais e internacionais, como nas conferências de Alma-Ata (1978) e de Ottawa (1986), que enfatizavam a assistência primária e a promoção da saúde. A partir do movimento da Reforma Sanitária nos anos 1980, as práticas educativas passaram a priorizar o processo dialógico com a população para resolverem seus problemas. A educação em saúde adquire, então, novas feições, e a população e os profissionais da área da saúde podem compartilhar saberes, buscando, conjuntamente, a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Com isso, a educação em saúde passa a ser um instrumento para promover a saúde de um modo participativo, dialógico e emancipatório, valorizando-se a autonomia da população e sua corresponsabilidade no processo saúde-doença (Wendhausen e Saupe, 2003). No entanto, mesmo havendo adesão por parte de alguns profissionais da saúde a esse enfoque, observa-se, na prática, que a educação em saúde se manteve tão prescritiva e autoritária quanto antes da Reforma Sanitária.

O Sistema Único de Saúde (SUS), ancorado em seus princípios e diretrizes, vem sofrendo diversas alterações relativas à operacionalização de suas ações. Dentre elas, foi implantada a Estratégia Saúde da Família (ESF), que permite aos trabalhadores desenvolverem uma prática assistencial humanizada, dinâmica, renovadora e integral, prática que passou a reorientar a assistência, que teve sua atenção voltada para a família inserida em uma comunidade.

O Programa Saúde da Família (PSF), instituído em 1994, posteriormente denominado Estratégia Saúde da Família, propôs-se a ampliar a cobertura dos serviços de saúde, rediscutindo as ações educativas numa perspectiva dialógica, emancipadora e participativa. Como ressaltam Chiesa e Veríssimo (2001), foi preciso estruturá-la mediante o fortalecimento da atenção à saúde e a ênfase na integralidade da assistência, no tratamento do indivíduo (como sujeito integrado à família, ao domicílio e à comunidade), no aumento da capacidade resolutiva da rede básica de atenção, na vinculação dos profissionais e serviços à comunidade e na perspectiva de promover uma ação intersetorial. Nessa proposta, a educação em saúde destaca-se como ferramenta de trabalho, auxiliando o trabalhador da saúde e a comunidade a refletirem sobre si mesmos, sobre a realidade e sobre as ações para uma vida mais saudável (Brasil, 2004).

Nesse novo contexto, destacam-se experiências positivas, com profissionais comprometidos em atuações que emergem da realidade na qual estão inseridos atores sociais que interagem na busca dos enfrentamen-tos dos problemas de saúde e da integração dos saberes técnico e popular (Vasconcelos, 2006). Todos os trabalhadores da área da saúde são responsáveis por atuar nessa prática. A tarefa é de toda a equipe na unidade de saúde, embora a equipe nem sempre esteja preparada para exercê-la. Essa é uma problemática com a qual nos deparamos. O desenvolvimento das atividades educativas, sofrendo resquícios da transmissibilidade, reflete-se ainda em nós, que nos consideramos 'donos do saber' que repassamos a pessoas leigas e ignorantes.

A escolha do tema justificou-se por acreditarmos que a educação em saúde é muito importante no sentido de validar uma prática que comprovadamente modifica a assistência, e que, quando devidamente aplicada, impacta e transforma. O estudo se justifica também pela sua importância para os trabalhadores da ESF, uma vez que a educação em saúde é considerada ferramenta essencial na construção de uma assistência integral, contribuindo para a efetiva consolidação do modelo de assistência vigente. Enfim, por acreditarmos que possa tornar-se um instrumento de empoderamento para o indivíduo/a comunidade, quando pensado numa abordagem dialógica, emancipadora e participativa, visando à promoção da cidadania e da qualidade de vida.

Este estudo objetivou conhecer a concepção dos trabalhadores da ESF em relação ao modelo de educação em saúde e suas práticas, levando a um processo de reflexão e discussão, por meio da utilização do método Paulo Freire, porquanto ele se propõe a tornar o educando sujeito de seu trabalho. Em 2007, o Ministério da Saúde adotou metodologias ativas de aprendizagem, dentre elas a de Freire, como escolha para uma educação em saúde emancipatória. Finalmente, as pesquisadoras, ao experimentarem o método em sua própria vivência, por intermédio de um processo de pesquisa, poderão aplicá-lo mais facilmente ao usuário em seu cotidiano.

Metodologia

O estudo original (Oliveira, 2011), do tipo qualitativo, favoreceu a interação com atores sociais (Ludke e André, 1986) e buscava a sua participação na análise da própria realidade (Brandão, 2005). A pesquisa foi realizada no período de março a junho de 2010, com três equipes de ESF de um município do litoral paranaense - totalizando 27 trabalhadores de saúde -, cada uma delas composta de um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde (ACSs). As ideias de Paulo Freire (Brandão, 2005) foram utilizadas na coleta de dados e dialogicamente, no grupo pesquisado, proporcionando discussões e reflexões sobre suas práticas educativas. Para Miranda e Barroso (2004), o diálogo em Freire é um encontro entre os homens mediatizados pelo mundo.

Neste estudo foram realizados quatro encontros, quando aconteceram as atividades educativas desenvolvidas mediante técnicas de oficina. Para a análise de dados, também se utilizou o referencial proposto por Freire, ou seja, baseando-se no tema educação em saúde, quais os temas geradores, como o grupo o codificava e decodificava o tema, e como, a partir daí, o desvelava e propunha ações de transformação em sua realidade.

No primeiro encontro com os trabalhadores da ESF, explicamos o que era a investigação sobre o tema educação em saúde e como se pretendia fazê-la; essa etapa foi pensada para começar a descobrir a realidade do grupo,

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