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Fichamento Chiara Pussetti

Por:   •  21/4/2021  •  Resenha  •  748 Palavras (3 Páginas)  •  143 Visualizações

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Lucas Eduardo Prais de Castro Resende - nº de matrícula 12011CCS023

Antropologia das Emoções, professor Márcio Ferreira de Souza

Fichamento do texto “As razões do coração - Entre neurociências culturais e antropologia das emoções”, de Chiara Pussetti

O texto de Chiara Pusseti pretende, se valendo de contribuições da neurociência cultural e afetiva, abordar o campo da antropologia das emoções a partir de uma análise que a escritora define como “biocultural”, ou seja, uma perspectiva que leve em conta os aspectos culturais e neuronais que influem no fenômeno das emoções humanas. Assentado em uma noção que considera o humano como um ser em contínua formação, o artigo tenta escapar das armadilhas de analisar as emoções reduzindo-as a processos puramente biológicos ou estritamente culturais. Se apoiando, portanto, nesse ponto de vista “biocultural”, a autora introduz o debate bioético ligado a crescente e massiva utilização da “psicofarmacologia cosmética”, utilização que tem como intuito induzir emoções específicas sobre os usuários de determinados remédios.

Ao iniciar o texto, a autora apresenta de forma breve as duas principais e antagônicas escolas de pensamento acerca do tema da antropologia das emoções: a biologista e a construtivista social. Os biologistas entendem que as emoções possuem identidades absolutas e universais, percebendo-as, assim, enquanto fenômenos biológicos e geneticamente determinados, sendo então transculturais. Os construtivistas sociais afirmam que as emoções dependem de uma interpretação ou avaliação de um estímulo para, adquirirem então, um significado socialmente referendado, ou seja, são fenômenos sociais. A escritora acredita que ambas as abordagens são simplistas e não dão conta da complexidade do fenômeno das emoções humanas e que, para dar fim à dicotomia natureza e cultura e entender o tema com sua devida sofisticação, devemos nos valer de contribuições das neurociências culturais.

A escritora apresenta então os conceitos de “especificidade” e “plasticidade” para contrapor natureza e cultura como a dialética que orienta a formação do sistema nervoso humano. A “especificidade” é “o conceito que designa ao nível ontogenético o processo de desenvolvimento invariante do cérebro dentro de um ambiente flutuante”, ou seja, o processo que rege o desenvolvimento no momento certo dos circuitos neurais (essa propriedade se aproxima mais do polo da natureza, no debate natureza e cultura). Seguindo, a “plasticidade” são as modificações cerebrais que se dão a partir dos estímulos do meio e suas contingências, de forma que ela é a característica do cérebro humano que permite que o sistema nervoso esteja apto a moldar sua formação em função dos “aspectos mutáveis do mundo”, fazendo do cérebro plástico “um órgão culturalmente específico” (CLARK e CHALMERS, 1998), esta qualidade se aproxima então mais do polo da cultura.

Para desdobrar esses conceitos concretamente Pussetti lembra que mais de três quartos do cérebro humano se desenvolve após o nascimento, em contato direto com o ambiente. O córtex pré-frontal que é responsável por funções como o pensamento abstrato e pelo sistema límbico é também responsável pela regulação e complexidade das emoções, essa parte do cérebro se desenvolve lentamente (até a terceira década da vida ele ainda está em formação). Por ser também através do intermédio do córtex que os valores culturais acessam o sistema límbico, a autora argumenta que as emoções não são respostas imediatas a estímulos externos, dado que sua elaboração passa necessariamente pela mesma parte do sistema nervoso que assimila os modelos sociais, dessa forma o desenvolvimento emocional está estruturalmente relacionado as assimilações individuais e ao sistema de práticas e valores socialmente compartilhados, mediados pela ação de áreas neocorticais. Sendo assim, ao receber um estímulo externo, o indivíduo faz o juízo de tal incitamento através do filtro dos significados particulares da sua cultura.

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