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Formação profissional no trabalho social

Tese: Formação profissional no trabalho social. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  2/5/2014  •  Tese  •  5.550 Palavras (23 Páginas)  •  345 Visualizações

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Formação profissional em Serviço Social: “velhos” e novos tempos, ... constantes desafios

Cirlene Aparecida Hilário da Silva Oliveira

A análise do processo de formação profissional do assistente social, requer uma abordagem histórica, ainda que breve, situando a profissão no contexto da realidade brasileira. Uma reflexão sobre o surgimento e a institucionalização do Serviço Social, identificando os principais marcos da profissão na sua trajetória, articulado com a formação profissional é fundamental para melhor situarmos e entendermos o Serviço Social, nos tempos atuais.

Tal exercício teórico exige, necessariamente, uma revisão crítica da trajetória do debate acumulado da profissão, analisando as conquistas e os dilemas do Serviço Social na consolidação de seu projeto profissional.

Também, pensar o Serviço Social na contemporaneidade, diante das novas exigências profissionais, decorrentes das profundas alterações no mundo do trabalho, das repercussões da reforma do Estado e, conseqüentemente, das novas configurações assumidas pela sociedade civil, implica analisar os avanços e os novos desafios da profissão, que culminaram na reformulação do processo de formação profissional.

Assim, pretendemos aqui traçar alguns elementos que subsidiem esta análise.

Algumas considerações sobre a trajetória histórica do Serviço Social

Ao analisarmos a formação profissional em Serviço Social, partimos do pressuposto que é necessária a compreensão da trajetória histórica da profissão, inserida no contexto social que marcou sua emergência e institucionalização na sociedade brasileira.

Concordamos com Silva e Silva ao afirmar que:

[...] a formação profissional é entendida como processo dialético, portanto aberto, dinâmico e permanente, incorporando as contradições decorrentes da inserção da profissão e dos profissionais na própria sociedade. Com esse entendimento, falar em formação profissional implica acompanhar a dinâmica da sociedade e a trajetória histórica do próprio Serviço Social, procurando entender os condicionamentos que a sociedade impõe sobre a prática profissional. (Silva, 1995, p. 73)

Como a formação profissional está diretamente atrelada à história do Serviço Social, teceremos algumas considerações significativas da trajetória histórica da profissão , destacando os diferentes momentos conjunturais.

A economia brasileira, a partir dos anos 30, progressivamente vai substituindo o sistema agrário-comercial pelo sistema industrial, e com isso provocando profundas alterações sociais como o estabelecimento da urbanização, fenômeno que engendrou problemas e conflitos sociais.

A tensão social oriunda da consolidação de um pólo industrial, associada às novas relações entre o capital e o trabalho, agravaram a chamada questão social , sendo-lhe atribuídas soluções políticas, pois para a construção de um novo modelo econômico era necessário um cenário de “tranqüilidade social” que permitisse o desenvolvimento industrial.

O governo ditatorial da época, sob o comando de Getúlio Vargas, buscava consolidar-se através de uma política centrada no populismo, adotada como forma de controle da classe trabalhadora. A ação do Estado estava direcionada para o desenvolvimento de condições sociais e políticas que garantissem o processo de acumulação capitalista. É neste contexto, que surgiu o Serviço Social, diretamente vinculado à Igreja, como um prolongamento da ação social católica, adotando como pressuposto teórico o neotomismo , com fundamentação na Doutrina Social da Igreja.

A formação profissional do assistente social, neste período, era baseada na influência do pensamento europeu, através do modelo franco-belga, limitado a uma formação essencialmente pessoal e moral, numa base doutrinária, centrado numa perspectiva conservadora.

Em 1932, foi fundado em São Paulo o Centro de Estudos e Ação Social – CEAS com o objetivo de estabelecer uma formação técnica especializada para o desempenho da ação social e da difusão da Doutrina Social da Igreja; e, em 1936, foi criada em São Paulo a primeira escola de Serviço Social no Brasil, instituindo-se a emergência da profissão no cenário brasileiro.

As décadas de 40 e 50 serão significativas para a institucionalização do Serviço Social – no sentido de crescimento de mercado de trabalho – pelo surgimento das grandes instituições de Assistência Social que evoluem no Brasil, a partir da ação estatal que tenta responder à pressão das novas forças sociais urbanas. (Andrade, 1996, p. 17)

Com a consolidação da economia dos Estados Unidos no Pós-Guerra e sua significativa expansão pela América Latina, a partir de 1945, a hegemonia do pensamento europeu no Serviço Social brasileiro foi gradativamente substituída pela influência norte-americana. Neste período, a formação profissional do assistente social, no Brasil, centrou-se na valorização do método, destacando-se a instrumentalização técnica.

O pensamento conservador é incorporado pelo Serviço Social em sua trajetória intelectual: passa da influência do conservadorismo europeu, franco-belga, em seus primórdios, para a sociologia conservadora norte-americana nos anos 40. (Iamamoto, 1992, p. 169)

Ainda sob a influência católica, o Serviço Social brasileiro importou os métodos de Serviço Social de Caso, de Grupo e de Comunidade, almejando uma ação eficaz no trabalho social e, conseqüentemente, a superação dos trabalhos voluntários.

As décadas de 1950 e 1960 sinalizaram um impulso das bases científicas da formação profissional no Brasil, marcada por uma perspectiva metodologista: mediante a tecnificação da profissão, os assistentes sociais eram capacitados para executarem programas sociais que viabilizassem respostas modernizantes, inerentes à efetivação do modelo desenvolvimentista adotado no país.

Absorvendo a ideologia desenvolvimentista, o Serviço Social se impunha duas tarefas fundamentais: viabilizar a participação do povo no projeto desenvolvimentista do governo e neutralizar as tensões resultantes das contradições da política desenvolvimentista. (Silva, 1995, p. 42)

Porém, a partir dos anos 1960, iniciou-se no cenário brasileiro e em toda América Latina o desenvolvimento de uma perspectiva crítica ao Serviço Social “tradicional”, através da mobilização de grupos de assistentes sociais que intentavam novas

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