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Fraudes Contabeis

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Por:   •  25/10/2013  •  2.635 Palavras (11 Páginas)  •  380 Visualizações

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PARMALAT AFOGADA NO ESCÂNDALO

O crédito acabou, não há mais matéria-prima e as oito fábricas estão parando. A empresa agoniza no Brasil

Por Dárcio Oliveira e Hugo Studart

O mundo dos negócios está perplexo. Ainda está fresca na memória a lembrança de uma Parmalat poderosa, sinônimo de leite longa vida, dona de uma marca reconhecida em cada esquina do Brasil, vitoriosa nos patrocínios esportivos e por vezes imbatível na publicidade – quem não se recorda dos mamíferos e do bordão “tomou?”. Aquela Parmalat não existe mais. “A sobrevivência da empresa é questão de dias. Estamos falando de dias, não de semanas”, afirmou um irritado Ricardo Gonçalves, presidente da Parmalat do Brasil, na quinta-feira 5, após sair de uma audiência na Câmara dos Deputados em Brasília. A empresa está em concordata e enfrenta cinco pedidos de falência na Justiça. Não consegue honrar compromissos financeiros com fornecedores, bancos e produtores de leite. Acumula dívidas estimadas em US$ 1,8 bilhão. Na semana passada, sem matéria-prima e crédito, as oito unidades da Parmalat no Brasil começaram a paralisar suas atividades. A ociosidade chegava a 80%. Seus dirigentes e suas contas estão sendo investigados pela Polícia Federal, ávida por descobrir conexões entre a fraude contábil na Itália (de mais de 10 bilhões de euros) e as operações da filial. Até o superministro José Dirceu entrou na arena prometendo cadeia para os responsáveis. A Parmalat agoniza. Sem o respaldo financeiro da matriz e com as portas fechadas nos bancos, a única saída é fazer tentar passar uma medida provisória, em discussão no Planalto, que altera a Lei de Falências, dando aos credores garantias firmes no caso de novos empréstimos à Parmalat. Mas em Brasília, poucos acreditam no sucesso da MP. Na última semana de janeiro o próprio Gonçalves já havia prenunciado o caos: “Sem crédito a empresa não entra em fevereiro”. E fevereiro chegou.

“Há um forte estrangulamento da Parmalat”, disse à DINHEIRO na quinta-feira 5 o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Está em pleno andamento uma grande operação para sangrar e esquartejar o que resta da Parmalat no Brasil. Os bancos estão jogando duro com a empresa. A direção da Parmalat já conversou pelo menos sete vezes com o comitê dos bancos credores para tentar uma solução. Em vão. Formou-se o consenso entre os banqueiros de que não será emprestado um centavo sequer à Parmalat. Os fornecedores também estão irredutíveis. A Tetrapak, parceira de longa data da Parmalat, só fornece embalagem mediante pagamento à vista. A mesma medida foi tomada pela Italplast, também fornecedora de embalagem. E o Moinho Pacífico, do empresário Lawrence Pih, cancelou a entrega de farinha de trigo, além de pedir falência da Parmalat. “Eles me devem e não querem pagar. Então fui aos tribunais”, declara Pih. O governo, que acompanha de perto a ação do mercado, afia o cutelo para começar a fatiar a empresa tão logo a Justiça aceite o pedido de concordata. Na próxima segunda-feira 16 de fevereiro, será o Dia D da Parmalat. É quando terá que acertar as contas de janeiro com os fornecedores de leite. As autoridades do governo preparam-se para um possível estrangulamento da empresa perto do carnaval.

Na semana passada, o ministro Rodrigues armava um plano de emergência para fatiar o que restou da Parmalat e transferir a gestão das indústrias para cooperativas brasileiras. O próprio Gonçalves admitiu na quinta-feira a venda da empresa como “alternativa para garantir a sobrevivência da marca”. Na gaveta do governo, já existe até um mapa pronto dos grupos que poderiam assumir as operações da Parmalat. Com a concordata, fica inviável juridicamente vender qualquer bem da Parmalat. Mas parcerias ou arrendamentos não estão descartados. É isto que o governo pretende fazer. A unidade de Carazinho (RS), por exemplo, deve ir para a cooperativa CCGL. A de Araçatuba (SP) ficaria com a cooperativa Paulista ou a Nestlé. Não

há previsão ainda sobre o que fazer com a unidade de Jundiaí, paralisada desde a semana passada. Em Santa Helena (GO), a

Nestlé dividiria a fábrica com a Itambé e a dupla repetiria a dose

em Garanhuns. Em Itaperuna (RJ), uma das regiões mais afetadas

pela derrocada da Parmalat, a Cooperativa Capil cuidaria da usina.

E na região de Ponta Grossa, as cooperativas Batavo, Castrolân-

dia e Arapoti assumiriam a Batávia.

Risco para o setor. Rodrigues passou os últimos dias marcando encontros com empresários do setor lácteo. Conversou com presidentes de cooperativas e com os presidentes da Nestlé, Ivan Zurita, e da Itambé, José Pereira Campos Filho. O plano é incentivar a organização de grupos de cooperativas para que possam arrendar as fábricas. Evidentemente, esse plano precisa do consentimento da outra parte, a Parmalat. A multinacional Nestlé seria usada como âncora para assumir as unidades nos locais onde as cooperativas

não consigam fechar o negócio. “Faremos o que for bom para o governo”, disse Zurita a Rodrigues.

Novamente, o mundo dos negócios ficou perplexo. Por que a Parmalat incomoda tanta gente, a ponto de o governo tratar a questão como problema de Estado? O que Rodrigues tenta evitar é, em primeiro lugar, um caos social. A Parmalat é responsável por 8% da captação de leite no Brasil e garante o sustento de milhares de produtores. Há o risco de espertalhões do mercado aproveitarem a situação para pagar preços menores aos produtores órfãos da empresa. Isso já está acontecendo em várias regiões, onde os laticínios estão pagando R$ 0,30 pelo litro de leite – a média do mercado é R$ 0,45. Se o preço cair ainda mais, os produtores não vão agüentar e, segundo o ministro, poderá haver risco de desabastecimento (leia entrevista abaixo). Além disso, a cadeia produtiva do leite movimenta R$ 19 bilhões. O leite in natura é o

sexto produto rural mais importante do País e o ministro não pre-

tende ver uma crise instalada no setor. “O pior de tudo é que os laticínios ou multinacionais pagam pouco pelo produto e não repassam a economia ao consumidor. Teve uma múlti que comprou leite abaixo do preço e aumentou em 18% seu produto na gôndola”, diz o executivo de uma rede de supermercados. Segundo ele, a situação da Parmalat é crítica. “Eles não têm produto para entregar”. Para os supermercados, a Parmalat serve como ponto de equilíbrio nas negociações com seus concorrentes. É o trunfo para que grupos mais fortes do setor de alimentos não monopolizem as gôndolas e ditem preços. “A quebra da empresa é um mau negócio para nós”, diz o executivo. Nos últimos meses, a Parmalat viu sua participação de mercado despencar. Entre dezembro e janeiro perdeu oito pontos percentuais em leite condensado e leite em pó. O leite longa vida registrou participação de 15% em dezembro – a Parmalat já che-

gou a abocanhar 28% desse segmento. E em janeiro, as vendas

totais da empresa bateram nos R$ 30 milhões, queda de 70% em relação ao seu faturamento médio mensal.

Fraude contábil. Na mesma terça-feira 3, enquanto o governo discutia as medidas para evitar um caos no setor, a fábrica da Parmalat em Itaperuna, no Rio, parava por falta de combustível nas caldeiras. A fábrica movimenta a economia de 85 mil famílias do noroeste fluminense, o que fez com que o governo local se apressasse em tomar medidas de emergência para evitar o caos social da região. Dias antes da caldeira parar, a governadora Rosinha Matheus havia patrocinado uma ação judicial para intervir na indústria. A nova direção terá um colegiado, com cinco membros, indicados pelo governo, produtores e empregados. É provável que o grupo assuma a fábrica a partir desta segunda-feira 9. No Paraná, o secretário de Agricultura, Orlando Pessuti, esteve reunido na semana passada com as cooperativas sócias da Parmalat na Batávia. São elas, a Batavo, Castrolândia e Arapoti. As três detêm 46% da empresa. A Parmalat, 51%. As conversas de Pessuti com os cooperados podem resultar na compra de ações da empresa italiana, de forma que as cooperativas se tornem majoritárias. “Nos colocamos à disposição para o que for preciso”, disse Pessuti à DINHEIRO. Em outras palavras, o governo poderá abrir os cofres para viabilizar a operação. As medidas adotadas no Rio e no Paraná seguem em linha com o que pensa o governo federal. São os primeiros movimentos da socialização de fábricas que Rodrigues quer fazer. Na região de Socorro (SP) os produtores estão negociando com outros laticínios como Shefa e Danone. O posto de captação da Parmalat está parado. Os funcionários do posto, encarregados de processar o leite, abandonaram o laboratório e estão fazendo faxina durante o expediente. Detalhe: até a quarta-feira 4 o salário não havia sido depositado. “A gente vai levando”, diz um funcionário. Assim como boa parte dos sete mil empregados da Parmalat no País, ele já perdeu a esperança. “Dá para acreditar em defunto? Eu não acredito”.

O problema da Parmalat, sustentam analistas, está diretamente ligado à fraude na Itália, que minou as finanças do grupo e secou a fonte de recursos da empresa no Brasil. A filial sempre foi muito dependente do dinheiro da matriz. “Mas a fraude na Itália pode ter sido apenas mais um grande erro de um negócio que cometeu sérios equívocos de gestão no Brasil”, diz Raul Correa, sócio da RCS Consultores e presidente para a América Latina da consultoria Moores Rowland. “A Parmalat daqui era um gigante doido, que saiu às compras de forma avassaladora, sem se preocupar com fluxo de caixa e retorno aos acionistas”, afirma o consultor. Na década de 90, a Parmalat chegou a ter 30 companhias sob seu domínio. Entrou na área de biscoitos, de sucos, de atomatados, de chá, queijos. Pagava o que fosse para comprar mercado. “Entre 89 e 99, ela pagou o equivalente a R$ 100 milhões em ágio na aquisição de empresas”, diz Corrêa. Era a época da farra, com a economia mundial em festa. Só que veio a recessão global entre 2000 e 2003, a matriz começou a fechar a torneira – por circunstâncias do mercado e por presepadas dos acionistas – e o caos se instalou no Brasil. Suspeita-se que nessa época a filial tenha começado a mandar dinheiro para a matriz. É isso que o governo está investigando: remessas ilegais para o exterior. A chave é a empresa Wishaw, com sede no Uruguai.

Outro foco de investigação do governo é a companhia Carital, que funciona ao lado da sede da Parmalat em São Paulo. É a empresa responsável pelos negócios de futebol da multinacional italiana. Houve época em que a Parmalat, que tem um histórico de 13 anos de prejuízo no Brasil, ganhou dinheiro e projeção administrando o time do Palmeiras e negociando craques para o exterior. “O negócio futebol tem que ser visto com lupa”, declarou uma autoridade envolvida no caso. Na semana passada, o ministro Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário, desembarcou na Itália em missão especial do governo brasileiro. Foi ao ministro Antonio Marzano, das Ativida-

des Produtivas, e conseguiu arrancar o compromisso de que, se o governo italiano avalizar um plano de reestruturação da matriz, as autoridades brasileiras serão chamadas para conversar. “Que a crise sirva de lição”, desabafou Rossetto à DINHEIRO, por telefone. “É hora de colocar na pauta nacional um sistema de acompanhamento contábil permanente.”

Colaboraram: Christian C. Cruz, Alexandre Teixeira e Patrícia Cançado

"UMA DAS SOLUÇÕES É O

FATIAMENTO DA PARMALAT”

Ministro da Agricultura quer entregar empresa às cooperativas

DINHEIRO – Por que a Parmalat incomoda tanta gente?

ROBERTO RODRIGUES – Porque está colocando em risco todo o setor. Há 15 dias começaram a aparecer espertalhões pagando menos aos produtores da Parmalat. O maior risco é dos pequenos produtores abaterem suas vacas para comer a carne. Se não agirmos, daqui a quatro meses, na entressafra, vamos ter uma crise de abastecimento.

Quanto tempo a Parlamat agüenta?

Está havendo o estrangulamento da Parmalat. A empresa

só tem condições de sobreviver com dinheiro novo, mas os

bancos avisaram que não emprestam um tostão a mais.

Há alguma saída para a empresa?

Se alguém der crédito, a empresa volta à normalidade. Mas

o dinheiro não virá do governo. Há a hipótese de fatiamento

da Parmalat. Caso não consigam tocar a empresa, serão

obrigados a se desfazer de suas indústrias.

O que o governo propõe?

Já estamos propondo às cooperativas que se organizem,

façam fusões e assumam as fábricas da Parmalat. O BNDES

vai financiar a compra de equipamentos ou fornecer capital

de giro para as cooperativas.

Fraude contábil da WorldCom chega a US$ 11 bilhões

A fraude contábil na WorldCom Inc. provavelmente atingirá cerca de US$ 11 bilhões, à medida que os auditores da companhia e investigadores continuam examinando os balanços financeiros que detalham o maior caso de fraude da história dos EUA, de acordo com fontes. A informação foi publicada pelo Wall Street Journal. A quantia exata da fraude não foi determinada ainda porque a companhia não espera que a investigação seja concluída até o verão no hemisfério Norte.

Os prejuízos reais que a WorldCom terá de republicar poderão ser menores caso sejam compensados por créditos fiscais ou outros fatores. A empresa já disse que espera que a fraude exceda US$ 9 bilhões. "Queremos que o processo de republicação seja concluído até este verão", disse o porta-voz do grupo, Brad Burns. "Nesse momento, não é possível saber qual será o número final".

A WorldCom pediu concordata em julho após ter reconhecido uma fraude inicial de US$ 3,7 bilhões. O caso envolve basicamente o registro de bilhões de despesas com custos de linha como gastos com investimentos e não como despesas operacionais, inflando os lucros. Os US$ 2 bilhões em lucros adicionais registrados, divulgados ontem pela Bloomberg News, se relaciona a uma série de diferentes itens contábeis, disse uma fonte.

Até o momento, dezenas de empregados da companhia foram demitidos ou renunciaram aos seus cargos, incluindo o principal executivo financeiro, Scott Sullivan. Ele e quatro outros ex-executivos foram indiciados ou acusados no processo. Todos se declararam culpados, menos Sullivan.

Justiça dos EUA vai investigar fraude contábil na Enron

O Departamento de Justiça norte-americano informou que uma força-tarefa foi criada para prosseguir com a investigação criminal sobre a Enron Corp., a qual deve centrar-se sobre possível fraude contábil.

A investigação será realizada pela divisão criminal do Departamento de Justiça, coordenando promotores em Nova York, São Francisco, Houston, segundo o Wall Street Journal. A SEC (comissão de valores mobiliários nos EUA), que vem investigando a Enron desde outubro último e o Departamento de Justiça podem ambos iniciar processo alegando violações às leis de valores mobiliários, caso seja descoberto que a Enron omitiu intencionalmente as suas condições financeiras aos seus investidores.

Vários comitês do Congresso norte-americano também já iniciaram várias investigações em vários aspectos sobre o colapso da Enron. A confirmação da investigação foi feita mesmo após dezenas de firmas solicitarem ao juiz do tribunal de falências que interrompesse temporariamente a venda das atividades de energia da Enron.

O tribunal aprovou um processo de leilão no dia 19 de dezembro, cujo resultado sobre o comprador vencedor será conhecido amanhã. As operações de energia da Enron, que ainda possuem um quadro de cerca de 1 mil pessoas, receberam ofertas do Citigroup Inc., UBS AG e BP PLC, dizem fontes. Contudo, vários credores solicitaram ao tribunal que adiasse a venda indefinidamente.

A lista inclui instituições financeiras tais como Royal Bank of Scotland PLC e GE Capital Corp, e concorrentes do setor, Mirant Corp., El Paso Merchant Energy LP e Aquila Inc., unidade da Utilicorp United Inc. A Aquila Inc. não se opõe à venda, mas garante que a Enron registrará os recursos obtidos com a venda em uma conta de depósito em garantia até se determinar como esses recursos serão divididos entre os credores.

A Mirant Corp. declarou que os materiais sobre as vendas circulados pela Enron "carecem de uma oferta mínima, levantando a questão sobre a existência de uma oferta simplesmente muito baixa de ser aceita ou se os devedores estão se preparando para vender a qualquer preço". As empresas que contestam a venda questionam quem seria responsável pelo passivo excluído da venda. As informações são da agência Dow Jones.

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