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Hedley Bull A Evoução Da Sociedade Internacional - Resenha

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Por:   •  7/12/2014  •  942 Palavras (4 Páginas)  •  540 Visualizações

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WATSON, Adam. A evolução da sociedade internacional: Uma análise histórica comparativa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2004, 476 p. ISBN: 85-230-0634-6.

As relações internacionais no mundo contemporâneo têm gerado profundos desafios de compreensão tanto para os tomadores de decisão como para a comunidade acadêmica. Esses, por sua vez, têm adquirido uma fecunda preocupação com teorizações adequadas para a compreensão desse mundo complexo que se delineia no limiar do século XXI.

A tradução do clássico livro de Adam Watson, nesse sentido, tem um valor especialmente significante para a comunidade brasileira de relações internacionais. Isso porque ao possibilitar uma reflexão alternativa sobre o conceito-chave de sistema internacional, o livro também propõe profundas questões metodológicas.

Essas questões são derivadas do fato de Watson ter sido um dos membros do Comitê Britânico para a Teoria da Política Internacional. Foram nos trabalhos do comitê que foram desenvolvidas diversas idéias e discussões que acabaram caracterizando essa comunidade epistêmica pela denominação "Escola Inglesa das Relações Internacionais". Pautado pela diversidade de seus membros, o comitê, assim como Watson, critica um dos princípios basilares das teorias realistas de relações internacionais que acreditam que o sistema internacional estaria em sua condição pré-social. Conseqüentemente é criticada nessa corrente realista uma visão empobrecida dos sistemas internacionais já que o excessivo "presentismo" e "eurocentrismo" acarreta uma visão muito pouco sofisticada da estrutura e processos característicos do sistema além da adoção de pressupostos de uma permanência estrutural que um exame histórico não justifica de nenhuma forma.

Nessa crítica, portanto, o estudo da história dos sistemas internacionais terá um papel central ao possibilitar a reflexão dos méritos e relevância de outros sistemas internacionais na compreensão da prática contemporânea das relações internacionais. Nessa reflexão uma das deduções mais importantes é, sem sombra de dúvida, a percepção de que toda vez que alguns Estados ou entidades são mantidos unidos por uma rede de relações, desenvolve-se algum conjunto de regras e convenções com vistas a regular suas relações.

Esse arcabouço de regras e convenções possibilita a existência de um conceito caro à escola inglesa: a sociedade internacional. Aqui abre-se um amplo leque de questões centrais como a possibilidade de ordem social entre Estados e sociedades; o papel das regras e instituições, além da compreensão da natureza do poder e da autoridade.

O trabalho de Watson dentro do comitê, contudo, é muito peculiar, o que conseqüentemente confere um caráter diferenciado ao seu trabalho. Isso porque, enquanto membros como Hedley Bull e Herbert Butterfield queriam focalizar as discussões do comitê à sociedade contemporânea européia, Adam Watson, conjuntamente com Martin Wight, queria discutir não só outros sistemas independentes de Estados como outros tipos de sistemas, como os suseranos e os hegemônicos.

Essa inovação em relação aos seus pares traduz o desejo, que a união da teoria com a história não só expande o universo empírico o qual a teoria das relações internacionais deve endereçar, como coloca o seu pluralismo metodológico em uma perspectiva mais sistêmica.

A evolução da sociedade internacional, nesse sentido, vai se inscrever no fim cronológico da estrutura formal do comitê (após a morte de Hedley Bull na década de 1980). Mas o fim formal do movimento não deve se confundir com o declínio dessa comunidade epistêmica, já que esforços de pensadores como Barry Buzan, Richard Little e Andrew Hurrell têm realizado um bem sucedido relançamento da reflexão dessa comunidade desde o final da década de 1990.

Tendo considerado esse amplo arcabouço conceitual e epistêmico no qual a obra de Watson está imersa, observamos que o seu estudo

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