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História Das Relações Internacionais No Final Do Século XX

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Por:   •  24/6/2014  •  2.856 Palavras (12 Páginas)  •  395 Visualizações

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Após o fim do século XX e a avalanche de transformações políticas, econômicas e das próprias relações internacionais, muitos questionamentos são levantados a respeito da nova ordem mundial após a Guerra Fria. A queda do muro de Berlim em 1989 e a derrocada final da União Soviética em 1991 foram os grandes epicentros desse período de rápidas mudanças de perspectiva global, tendo até hoje reflexo nas relações internacionais. O desmembramento do Império Soviético realmente teria trazido consigo a ascensão dos Estados Unidos como única superpotência? Quais seriam os limites da influência norte-americana na globalização que se avizinhava?

O início dos anos 80 traz características muito particulares que o diferencia do decorrer da década. O mundo capitalista atravessou os anos 70 marcado por diversas crises, causadas especialmente pelos países produtores de petróleo ao subir abruptamente o preço do produto para reivindicar maior poder decisório em âmbito global. Poucos países obtiveram grande crescimento econômico, com exceção de regiões como a América Latina (como o “milagre econômico brasileiro”) e algumas áreas da Ásia. A URSS e seu lado comunista, por outro lado, pareciam expandir seu império e poder de influência; a Era Brejnev foi marcada por uma significativa melhora nas condições de vida e de acesso a bens de consumo para a população soviética, ao passo que o Estado disputava regiões na África e invadia o Afeganistão. Entretanto, já no fim da década era perceptível a estagnação econômica do país, que se seguiria até seu colapso.

A década de oitenta começou com a ascensão de políticos neoliberais no Reino Unido e nos Estados Unidos, com planos de austeridade que voltaram a colocar os dois países no eixo. Margaret Thatcher e Ronald Reagan fizeram seus países voltarem a empregar uma política de enfrentamento ao comunismo e à URSS, que não conseguiu suportar uma nova competição militar com os EUA. A ascensão de Mikhail Gorbachev parecia ser a aposta certa a se fazer para enfrentar a crise econômica, o que os sucessores de Brejnev (Chernenko e Andropov) não tiveram tempo de fazer, por terem morrido rapidamente após assumirem o posto de líder do Império Soviético. Gorbachev conquistou a mídia internacional com a tentativa de acordos de desarmamento com os Estados Unidos, que lhe renderam o Prêmio Nobel da Paz. Além disso, implementou planos de abertura política e econômica, a Glasnost e a Perestroika, que na tentativa de salvar a URSS acabaram por acelerar seu fim.

A Ásia apresentou durante toda a década um vigoroso crescimento, impulsionado pelo dinamismo econômico dos Tigres Asiáticos (Taiwan, Coréia do Sul, Hong Kong e Cingapura) e pela China pós-Mao, com a abertura para uma economia de mercado promovida por Deng Xiao-Ping. O Japão, que era apontado como grande líder da região com capacidade para disputar espaços com os EUA, passou a enfrentar um período de decadência e estagnação econômica, o que aos poucos diluiu sua posição de potência mundial. Sua influência a nível regional e global aos poucos foi transferida para a China, que após dois séculos de opressão e desordem política finalmente retomava seu lugar de protagonismo na Terra, apesar das constantes pressões por sua abertura política.

A África e a América Latina sofreram um período de crise econômica e hiperinflação. A segunda em especial sofreu com a insistência em uma forte política protecionista de apoio às indústrias nacionais, sem incentivos para uma dinamização industrial verdadeira. A dívida externa dos países em questão cresceu consideravelmente em um período de democratização política e sua ainda presente política nacionalista também limitou seu poder de barganha na diplomacia internacional.

O cenário internacional pós-89 era bastante enigmático, e ainda o é. Se normalmente denota-se a Guerra Fria como um período bipolar de antagonismo entre leste e oeste, comunismo e capitalismo, União Soviética e Estados Unidos, uma ordem mundial que foi de 1947 até 1989, a ordem que a sucedeu não é clara e não há consenso entre os historiadores sobre ela. A própria Guerra Fria é ainda motivo de discussão entre eles, com diferentes fases; a diminuição do protagonismo das duas superpotências e a ascensão no jogo político da Europa Ocidental e do Japão já seria perceptível entre os anos 60 e 70.

De toda forma, o fenômeno da globalização econômica se viu por vezes como desafio, como realidade e até mesmo como mal a ser evitado por alguns estadistas. A queda do comunismo na URSS e em todas as suas repúblicas satélites, com exceção das pequenas Cuba e Coréia do Norte, culminou em um período de forte expansão do capitalismo e das relações comerciais no mundo. As transformações de uma economia planificada e centralizada para uma de mercado não foi algumas vezes bem sucedida, como na Rússia independente de Boris Iéltsin marcada por privatizações que favoreceram grandes oligarquias, por uma grande desvalorização do rublo frente ao dólar e por uma queda de 50% de seu PIB, levando parte considerável da população à miséria.

Os EUA no início da década de 90 apresentavam-se como única superpotência do mundo e pareciam querer fazer prevalecer sua posição e suas vontades em todas as dimensões. Muitos analistas apressaram-se em observar o completo domínio norte-americano, com uma nova ordem mundial com os ianques como único polo de poder. Estudiosos estadunidenses confirmaram essa posição da América quanto nação líder de todo o globo e paladina da democracia, devendo agir como “polícia do mundo” quando seus interesses fossem ameaçados. Tal teoria é calcada em uma visão realista das relações internacionais, que aos poucos foram duramente refutadas ao redor do mundo e pela própria política de governo dos EUA, que mostrou ora não ter interesse em interferir em assuntos externos de impacto global, ora não ter condições para assumir esse papel, preferindo sua tradicional política de isolamento e atendo-se aos seus próprios problemas.

O Japão e a Alemanha, que como grandes potências globais capitalistas eram fortes aliados dos EUA na derrocada do comunismo antes da queda da URSS, na década de 90 buscaram sua própria inserção internacional autônoma, diminuindo exponencialmente suas cooperações mútuas e com o próprio Estados Unidos. Entretanto, Japão e Alemanha aos poucos mostraram não ter real capacidade de competir ou superar a economia norte-americana, com exceção de poucas áreas (como a indústria tecnológica japonesa).

Aos poucos a globalização, que parecia em seu horizonte trazer melhores perspectivas de cooperação internacional e um maior o protagonismo de atores não-governamentais como a ONU e seu Conselho de Segurança,

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