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Ideias Opostas

Por:   •  2/12/2015  •  Resenha  •  735 Palavras (3 Páginas)  •  251 Visualizações

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Augusto Basso de Moura

Ideias opostas

A diversidade cultural permite notar diferenças entre as mais variadas sociedades do globo, o que geralmente leva a divergências e até mesmo a discriminação. Lévi-Strauss reafirma isso no texto “Raça e História”, correlacionando a existência inegável de inúmeras diferenças entre as culturas humanas, com o etnocentrismo sempre presente quando elas dividem espaço. O filme “Mokoi Tekoá Petei Jeguetá – Duas aldeias, uma caminhada” ilustra os efeitos do etnocentrismo imposto a tribos indígenas no Rio Grande do Sul.

        Os Mbya-guarani, a exemplo do que Lévi-Strauss defende, foram submetidos a opressão do etnocentrismo europeu durante os séculos XVII e XVIII, quando foram dizimados durante as Guerras Guaraníticas. A postura etnocêntrica dos colonizadores portugueses e espanhóis levou a imposição da cultura, da religião, da língua e dos costumes europeus sob os povos nativos, que foram forçados à conversão, ao trabalho escravo e por fim, devido ao Tratado de Madri, mais uma imposição etnocêntrica, mortos em combate. Hoje, como ilustrado no filme, sua cultura está resumida a pequenos pedaços de terra pouco fértil para plantação, escassez de mata – dificultando a caça – e trabalho artesanal para que possam comer. As tribos indígenas do Rio Grande do Sul foram e ainda são vítimas de uma opressão cultural branca, uma vez que no passado foram forçados a abandonar suas crenças e costumes em prol das ambições coloniais e hoje, continuam sendo privados de sua cultura por não possuírem a liberdade geográfica que permitia a seus antepassados não fixarem propriedade. Assim, não resta espaço para a existência de diversidade cultural entre as tribos Mbya e o resto da sociedade pois a demarcação das aldeias impede os índios de viverem de acordo com a sua cultura.

        Lévi-Strauss cita em seu texto:

“[...] um sem número de reações grosseiras que traduzem este mesmo calafrio, esta mesma repulsa, em presença de maneiras de viver, de crer ou de pensar que nos são estranhas.” (LÉVI-STRAUSS,1974:04)

        Esse é outro aspecto muito bem retratado pelo filme, quando os índios da Aldeia alvorecer, sendo obrigados a vender peças de artesanato nas ruínas de São Miguel das Missões, uma vez que a agricultura e a caça são insuficientes para a alimentação da tribo, passam por inúmeras situações etnocêntricas. Os turistas ali presentes abusam das fotografias, como se estivessem em um zoológico, um deles, inclusive, em entrevista ao filme, afirma que os índios estão sujos e cobrando pelas fotografias, como se direitos de imagem existissem apenas para os brancos. Ou seja, ao deparar-se com uma situação e com pessoas diferentes das que está acostumado a encontrar no seu dia a dia, esse cidadão subjuga toda uma cultura. Se fizessem um resgate histórico, os turistas ali presentes poderiam compreender que a presença incomum seria a do homem branco e não a do índio. Dessa forma, evidencia-se recusa perante a diversidade cultural, preservando e preferindo o que é comum a si e opondo-se ao resto de forma etnocêntrica.

        Ademais, o inevitável abandono de inúmeros de seus costumes e tradições faz das tribos indígenas cada vez mais reféns da exploração branca. É como se o período colonial ainda não tivesse chegado ao fim, visto que as terras, os recursos e os direitos dos índios continuam a ser determinados por instituições governamentais dirigidas majoritariamente por brancos, tendo a representação indígena um espaço ínfimo ou inexistente na administração pública do Brasil. Assim sendo, mais uma vez há uma imposição das tradições e das determinações das culturas provenientes da Europa em detrimento da cultura Mbya. Isso é, também, perceptível no filme, por meio das roupas usadas pelos integrantes de ambas as aldeias, o comércio forçado dos artesanatos e até mesmo a presença de cercas para delimitação de terras, dificultando o nomadismo.

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