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O Fichamento Malinowski

Por:   •  3/11/2020  •  Resenha  •  1.622 Palavras (7 Páginas)  •  379 Visualizações

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Fichamento 01

Texto: MALINOWSKI, Bronislaw. Introdução: Tema, método e objetivo desta pesquisa. In: Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: abril Cultural, 1978.

O autor começa a introdução do livro explicando as características que marcaram as populações costeiras das ilhas do sul do Pacífico, ele as classifica como bons navegadores e comerciantes. Entre as populações existem as tribos dos papua-melanésios, motu de Port Moresby, a tribo do golfo Papua, os mailu, as tribos da costa central e os nativos das ilhas e arquipélagos. Malinowski ressalta que existe um tipo de sistema de comércio bastante presente nessa população e em outras, esse sistema é chamado de Kula, que se trata de um fenômeno econômico de considerável importância teórica para o autor - já que é fundamental na vida tribal e várias ações dos nativos está intimamente ligada a esse sistema -, ao qual ela explica no decorrer de seu livro.  

Mas, antes de iniciar o seu relato sobre o Kula o autor apresenta uma descrição de métodos para a coleta de dados etnográficos. Ele diz que o resultado de uma pesquisa cientifica seja em qualquer ramo do conhecimento devem ser apresentados de maneira clara, absoluta e honesta. E na etnografia isso não seria diferente, e é ainda mais necessário, mas nem sempre foi assim, já que muitos autores não utilizam plenamente o recurso da sinceridade metodológica e manipula os fatos a serem apresentados ao leitor. Para Malinowski um trabalho etnográfico só passa a ter valor cientifico irrefutável quando é permitido distinguir claramente de um lado os resultados da observação direta e das declarações e interpretações nativas e de outro as inferências do autor baseadas em seu próprio bom-senso e intuição psicológica. Na etnografia o autor deve ser ao mesmo tempo o seu próprio cronista e historiador, apesar de suas informações serem acessíveis, elas também são enganosas e complexas já que não estão expostas em documentos materiais fixos e sim na memória de seus interlocutores.  O autor relata que teve muita dificuldade nos primeiros momentos que esteve com os nativos do litoral sul da Nova Guiné, teve dificuldade em estabelecer contato e em formular perguntas aos nativos, e quando tentou recorrer aos brancos e missionários que moravam nos arredores da ilha nada adiantou, pois eles apesar de conviverem com os nativos nada sabiam sobre eles. A partir disso Malinoswski formulou os princípios metodológicos que um etnógrafo deve ter para fazer uma boa pesquisa e ter um bom relacionamento com os nativos.

O autor destaca que em primeiro lugar que o pesquisador deve possuir objetivos genuinamente científicos e conhecer os valores e critérios da etnografia moderna, logo em seguida ele deve assegurar boas condições de trabalho, o que significa, que basicamente ele deve viver entre os nativos sem depender de nenhum outro fator externo e por último ele deve aplicar certos métodos especiais de coleta, manipulação e registro da evidência. No que diz respeito as condições necessárias a pesquisa etnográfica, é muito importante que o pesquisador se afaste do homem branco e que precisamente more na aldeia para obter um contato mais íntimo com os nativos. Ao manter um contato mais próximo com os nativos consequentemente o pesquisador terá um relacionamento natural com eles e aprenderá a conhece-los se familiarizando com seus costumes e crenças.  No entanto, não é suficiente que o etnógrafo apenas se instale no local e fique esperando que as coisas aconteçam, é necessário que ele seja um caçador atento, que esteja sempre à procura de novos materiais e evidencias para somar a sua pesquisa.  Mas, para que isso aconteça é necessário que o pesquisador conheça bem a teoria cientifica e não esteja sobrecarregado de ideias preconcebidas. Essas ideias são ruins para qualquer estudo cientifico e a ideia de levantar problemas é uma das maiores virtudes do cientista.

Para Malinowiski o objetivo fundamental da pesquisa etnográfica de campo é estabelecer o contorno firme e claro da constituição tribal e delinear as leis e os padrões de todos os fenómenos culturais, isolando-os de fatos irrelevantes. Esses fenômenos devem ser analisados com seriedade sem privilegiar aqueles que causam admiração ou estranheza em detrimento dos fatos comuns e rotineiros. É necessário ao mesmo tempo, explorar a cultura nativa na totalidade de seus aspectos, pois, a lei a ordem e a coerência que prevalecem em cada um desses aspectos são as mesmas que os unem e fazem deles um todo coerente. O etnógrafo que se submete a estudar apenas uma parte dos fenômenos que acontecem, ou ainda exclusivamente a organização social, estabelece um campo de pesquisa artificial e acaba por prejudicar seriamente o seu trabalho.  Apesar de ter a responsabilidade de estabelecer todas as leis e regularidades que regem a vida tribal, o etnógrafo não vai encontrar isso em lugar nenhum, já que apesar desses elementos cristalizados e permanentes não há códigos de lei, escritos ou expressos explicitamente sobre eles. Pois, toda a tradição tribal e sua estrutura social inteira estão incorporadas ao mais alusivo dos materiais: o próprio ser humano. Mas nem mesmo na mente ou na memória do nativo se podem encontrar estas leis definitivamente formuladas, pois apesar dos nativos obedecerem às ordens e à força do código tribal, eles não as entendem, do mesmo modo como obedecem a seus próprios instintos e impulsos. As regularidades existentes nas instituições nativas são resultado automático da ação recíproca das forças mentais da tradição e das condições materiais do meio ambiente.

Para superar essa dificuldade é necessário que o etnógrafo use o recurso da coleta de dados concretos sobre todos os fatos observados e através disso formular as inferências gerais. Segundo o autor, dispondo de um cabedal científico, o investigador tem a capacidade de conduzir a pesquisa através de linhas de efetiva relevância e a objetivos realmente importantes. Consequentemente, o treinamento científico tem por finalidade fornecer ao pesquisador um ''esquema mental" que Ihe sirva de apoio e permita estabelecer o roteiro a seguir em seus trabalhos. Além do “esquema mental”, Malinowski ressalta ainda que se deve fazer um quadro sinótico de todos os presentes que comumente se fazem numa determinada comunidade nativa, incluindo-se nele a definição sociológica, cerimonial e econômica referente a cada item. Esse quadro sinótico será utilizado como instrumento de estudos e apresentado como documento etnológico. São documentos fundamentais da pesquisa etnográfica: o recenseamento genealógico de cada comunidade, na forma de estudos detalhados: mapas, esquemas e diagramas ilustrando a posse da terra de cultivo, privilégios de caça e pesca, etc. A partir disso tudo é possível apresentar um esboço claro e minucioso da estrutura da cultura nativa. Esse método, é chamado de método de documentação estatística por evidência concreta.

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