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O Gênero e Raça

Por:   •  27/6/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.800 Palavras (8 Páginas)  •  198 Visualizações

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Universidade de Brasília - UnB

Departamento de Sociologia/Disciplina: Tópicos Especiais em Sociologia – 1

Profa.Tânia Mara C. Almeida

Trabalho Individual/Data de entrega: 25-11-2015 / Valor: 5 pontos

Em cada um dos 3 blocos de questões, responda apenas a uma delas. Procure elaborar seus argumentos com base nos registros feitos nos diários particulares sobre sensações, mobilizações, sentimentos, etc que os textos e as aulas lhe evocaram.

Bloco 1 (valor: 2,0) - Unidade I

Questão 1.1: Com base em dois/duas autores/as, estudados/as na unidade I, problematize a categoria corpo como lócus de poder por estar nele inscritos marcadores sociais de gênero e raça.

Em sua obra, Polidoro e Senkevics apontam diversas concepções a respeito do gênero, do corpo e do sexo, que podem ser fundamentais pra compreender os marcadores sociais presentes na nossa sociedade. Eles explicam, inicialmente, sobre o modo como se dava a percepção do corpo da mulher nos estudos cientificos antigamente, no qual as mulheres eram compreendidas como “homens invertidos”, afirmando o corpo da mulher como algo imperfeito ou incompleto, algo que já justificaria a inferioridade feminina. Expõe-se ainda que, ainda hoje, espaços como escola e mídia mantém-se fortalecendo formas tradicionais de conceber o masculino e o feminino de tal forma que naturaliza essa essência, tornando-a inquestionável (Polidoro e Senkevics, p.17).

Sendo assim, são os corpos que tornam a determinação essencial, se não única, para a construção de um sistema simbólico binário sobre mulheres e homens dentro do senso comum, repercurtindo na grande maioria dos aspectos da sociedade, como no trabalho, na educação, na violência sexual, etc. (Polidoro e Senkevics, p. 18).

Apesar disso, esta concepção deve ser problematizada uma vez que a biologia não seria capaz de explicar caracterísitcas tão diversificadas presentes, por exemplo, em culturas diferentes, ou mesmo dentro da nossa cultura. É preciso entender que a compreensão que gira em torno do que é ser homem e o que é ser mulher na sociedade ocorre por meio da socialização.

Sendo assim, vê se a necessidade de assumir as multiplas masculinidades e feminilidades, que seriam construidas por meio do processo da negação destes padrões tão presentes na sociedade, ou seja, trazer à tona as variedades de gênero e compreedê-las como algo pertencente ao indivíduo, de tal modo que não seja percebido como alguma “aberração”, um ponto fora da linha do binarismo entre ser homem e ser uma mulher, mas sim, desconstruir este binarismo tão marcado e denso em nossa cultura. (Polidoro e Senkevics , p. 18).

A partir de etnografias de diferentes culturas (povos não ocidentais), Ondina Pereira busca encontrar suas singularidades através das relações que se estabelecem com o corpo e com o tempo fundadas a partir de suas relaçõesa fim de quebrar com a universalidade do ser humano pregado pela globalização e modernidade.

É por meio deste estudo comparativo entre a cultura moderna/ocidental e as ditas culturas não modernas que a autora explica que é a partir desse encontro etnográfico a forma mais rica e convincente de praticar a crítica das categorias com as quais pensamos o mundo (Ondina, p. 93).

Um ponto essencial em sua obra pra compreender essa questão diz respeito a comparação da compreensão do corpo dada pelos “modernos” e por outras culturas trabalhadas pela autora. Enquanto o moderno compreende o corpo de uma maneira fetichizada, e, por tanto, algo que deve ser velado, outras culturas conseguem tratar o corpo como algo mais simples, sem envolvimentos com metáforas ou “verdades” escondidas (Ondina, p. 93).

Sendo assim, podemos perceber por tanto, que o corpo não é determinador natural do indivíduo uma vez que a compreensão do corpo pode ser tido de infinitas maneiras em diversas culturas. Além disso, a necessidade da desconstrução desta ideia na nossa sociedade se faz mais do que necessária, uma vez que esta noção traz tanta desigualdade, sofrimento e dor dentro da sociedade, principalmente para as mulheres e para aqueles que não se encaixam nas estruturas binarias impostas em nossa cultura.

Bloco 2 (valor: 2,0) Unidade II

Questão 2.1: Escolha dois/duas autores/as e comente a relação entre a violência na intimidade privada e a construção da subjetividade masculina e/ou feminina na sociedade patriarcal. Afinal, pode-se conceber o corpo por sua relação com a violência, a qual participa dos processos de identidade do sujeito.

No texto Masculinidade, sexualidade e estupro – as construções da virilidade, a autora Lia Machado coloca que a sexualidade masculina funda a virilidade, sendo vivida como restauração continua pela imposição da força, do seu lugar hierarquicamente esperado como superior e como realização de uma sexualidade naturalizada onde o objeto é a mulher. (MACHADO, pg.253) A mulher, portanto, tem um valor menor, sendo posicionada sempre em relação aos homens. O imaginário da sexualidade feminina se baseia no apagamento das falas e vontades das mulheres; o “não” não é visto como categórico; “aquela que se esquiva para se oferecer” em contraparte o imaginário da sexualidade masculina como aquela que tem a iniciativa e que se apodera unilateralmente do corpo do outro. (MACHADO, pg.234) Tais imaginários geram estruturas de poder e dominação onde o corpo da mulher pertence aos homens e os casos de violência são justificados através da culpabilização da vitima e de costumes cotidianos.

Observa-se que ao pensar a posição das mulheres em referencia aos homens, categorias se criam. Existe uma distinção entre as mulheres pertencentes ao seu grupo familiar/próximo e as não parentes e afins. Essas categorias surgem através de uma perspectiva da aliança onde o que importa é a relação entre os homens do grupo e sua lealdade e colaboração entre si. Existe uma troca/fluxo de mulheres que concretizam as relações entre esses homens, e, assim, a mulher localizada dentro dessa rede adquire seu valor, já as mulheres que não fazem parte dessa rede são alvos fáceis de violência, visto que ela não “pertence” a nenhum homem de sua aliança, e portanto, a virilidade masculina pode atuar, recusando os “nãos” e justificando os abusos pelos contextos do ocorrido, seja pelo tamanho da roupa que a mulher estava usando até

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