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O Movimento de Reconceituação, Projeto Ético Político e seus desdobramentos

Por:   •  8/4/2018  •  Relatório de pesquisa  •  1.377 Palavras (6 Páginas)  •  184 Visualizações

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O Movimento de Reconceituação, Projeto Ético Político e seus desdobramentos.

A origem do Serviço Social tem forte ligação com o Catolicismo, suas doutrinas, ações de ajuda humanitária.

As primeiras escolas de Serviço Social eram cristãs e atendiam uma demanda de alunos de boas condições financeiras, suas ideias centrais eram os princípios da “caridade” e “filantropia”, próprios do domínio neotomista.

No entanto tratava-se de uma prática conservadora, que não acompanhava as transformações econômicas e sociais, a atuação era marcada também por forte influência da metodologia norte-americana, o que resultava na inadequação dos profissionais brasileiros na época, pois a metodologia criada nos Estados Unidos atendia propriamente as demandas da sociedade americana.

Sendo assim ao longo dos anos pode-se perceber o quão frágil era o então método de trabalho e como não interagiam de forma positiva com o desenvolvimento dos grupos e comunidades.

Durante a década de 60, o mundo passava por grandes mudanças, principalmente na América Latina, com a Revolução Cubana que, criticando as sustentações capitalistas, apresentava ao continente uma chance de desenvolvimento e se desvencilhar dos Eua, o Brasil era governado pelos militares, um período evidenciado pela ausência de democracia, omissão de direitos constitucionais, cerceamento, perseguição política e repressão.

O Serviço Social sob influência do momento político, começou a questionar-se sobre o papel dos profissionais mediante tais manifestações sociais e os novos cenários políticos que vinham do pós-guerra.

As restrições da Ditadura Militar dispuseram fatores importantes nos caminhos tomados pelo Serviço Social em seu processo de renovação.

Com a intenção se obter mudanças na forma com que era exercido o Serviço Social, iniciou-se um movimento chamado de "Reconceituação do Serviço Social".
O processo emergiu em 1965, este foi um divisor fundamental para o Serviço Social, o mesmo veio propor a inovação das práticas de trabalho, abandonando o contexto tradicional, proporcionar maior visão política de intervenção e interação, sendo a aliança política movida da classe exploradora a classe explorada, o que resultou em mudanças entre as relações das classes.
Foi através desse movimento que começou a se pensar em uma nova maneira de atuação, pois até então o Serviço Social era visto como assistencialista.

Karl Marx elaborou uma concepção filosófica, o chamado materialismo Histórico Dialético, que passou a fundamentar os métodos do Serviço Social, originando uma prática transformadora, não assistencialista, vinculada com as classes populares.

Essa visão modernizadora tornou-se possível através de três vertentes e importantes documentos, durante a renovação do Serviço Social no Brasil, foram esses: a tendência modernizadora, a reatualização do conservadorismo e a intenção de ruptura.

A vertente modernizadora iniciou-se nos seminários de Araxá (19-26/03/1967) e Teresópolis (10-17/01/1970), ambos realizados pelo CBCISS (Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviço Social). Seguindo nessa mesma perspectiva, houveram os seminários de Sumaré, ocorridos nos dias 20/24 de 1978 e Alto da Boa Vista em novembro de 1984. O encontro de Araxá em Minas Gerais, em 1967, reuniu 38 Assistentes sociais docentes e não-docentes, teve como objetivo reavaliar profundamente e modificar a teoria básica do Serviço Social e o método como era aplicado.
Buscou-se neste documento identificar a estrutura, Finalidades,
Funções, Metodologia, relação entre a teoria e a prática.
O Documento de Teresópolis é uma continuação de Araxá e busca aplicar uma concepção modernizadora e operacionalizar o profissional do Serviço Social para lidar com as contingências em meio a Ditadura e suas necessidades.

Ao fim da década de 70, a perspectiva modernizadora perdeu forças, devido a crise econômica realizada pelos militares, destruindo sua sustentabilidade, com isso a a vertente da reatualização ou fenomenológica se fortaleceu, Araxá, Teresópolis perdem sua preeminência.

O Documento de Sumaré teve suas discussões com base na Cientificidade, Fenomenologia, e a Dialética do Serviço Social. A finalidade de discutir tais estudos era a progressão das discussões que tiveram início em Araxá, tendo em vista questionar a cientificidade da ação do Serviço Social e gerando considerações sobre a instrumentalização das propostas frente às necessidades brasileiras.
A terceira vertente do movimento de reconceituação nos anos 80 foi a marxista, denominada de intenção de ruptura com o Serviço Social tradicional.

Houve o Seminário do Alto da Boa Vista, que teve o intuito de acrescentar á outros seminários já realizados, analisando os documentos de Araxá, Teresópolis e Sumaré, abordando mais questões sobre a construção de uma nova metodologia profissional, tendo como resultado, tais discussões geraram documentos importantíssimos, para significativas mudanças e novas ideias para futuras alterações.
Durante esse processo, buscava-se uma melhoria nas antigas práticas, de modo com que pudesse atender as necessidades exigidas em um novo perfil mais crítico do Assistente Social, para o melhor exercício da profissão.

Portanto, verifica-se que o Movimento de Reconceituação foi um importante momento para a prática profissional do Serviço Social, visto que foi a partir disso que a profissão ganhou um novo caráter. A suspensão com o exercício profissional tradicional garantiu ao assistente social, adotar o compromisso com projeto social democrático, e o disposição política comprometida com a causa dos trabalhadores.

Nesse contexto, no início da década de 90, é que o posicionamento ético apresentava-se como assunto significativo para a profissão, houveram desafios e indagações teórico , práticos e ético-políticos para o defrontamento das implicações do conjunto de metas neoliberal que aumentavam os problemas sociais.

O aumento das discussões no meio da categoria resultou no Código de Ética Profissional de 1993, embora, este projeto vinha sendo discutido desde a década de 1960, em que componentes da categoria compreendiam a necessidade da ruptura com o conservadorismo presente na profissão. Esse projeto concedeu aos profissionais a oportunidade de construir novas propostas capazes de responder as demandas da nossa sociedade.

Atualmente existe um projeto profissional ético-político que consolida o compromisso da categoria com os projetos que propõe a implementação de uma nova ordem social, sem soberania, exploração das classes, construído coletivamente em décadas anteriores, ele firmou também o compromisso da categoria com a globalização dos princípios igualitários e democráticos. Os conceitos direcionadores deste projeto desdobraram-se no Código de Ética do Assistente Social, de 1993,

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