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O QUE FAZ A SOCIEDADE BRASILEIRA SER A SOCIEDADE BRASILEIRA?

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Por:   •  5/10/2013  •  Tese  •  1.720 Palavras (7 Páginas)  •  573 Visualizações

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O QUE FAZ A SOCIEDADE BRASILEIRA SER A SOCIEDADE BRASILEIRA?

Formação da cultura brasileira

A sociologia no Brasil nasce com a herança cultural da Europa, berço de nascimento da ciência da sociedade. Devido a isto, é necessário entender o surgimento da sociologia na Europa para compreender o seu processo de constituição em nosso país. A sociologia tem seu surgimento na Europa através de um longo processo histórico. O período de formação ocorreu no século 18, quando surgem as primeiras tentativas e pensadores buscando pensar a sociedade de forma científica, mas sem superar ainda a visão filosófica então predominante. Este é o período no qual surgem as obras de Herbert Spencer, Pierre-Joseph Proudhon e Augusto Comte. Este último cria a palavra sociologia, o que para muitos justifica apresentá-lo como “pai da sociologia”.

No entanto, tanto Comte como Spencer, Proudhon e diversos outros pensadores da época, ainda não haviam conseguido sistematizar a sociologia como ciência e nem se livrar da influência da filosofia.

O período de consolidação ocorre no século 20, que é quando as bases lançadas pelos clássicos são aplicadas, desenvolvidas, mescladas e ocorre a institucionalização e reconhecimento da sociologia como ciência na comunidade científica e nas universidades.

No entanto, a história do surgimento e desenvolvimento da sociologia no Brasil ocorreu de forma diferente.

As pré-condições para o surgimento da sociologia são a formação do capitalismo e seu desenvolvimento, proporcionando novas lutas de classes (burguesia e proletariado), novos problemas sociais, e uma ampliação da racionalização e da divisão social do trabalho, o que faz emergir o que Bourdieu denomina “campo científico” e outros autores chamam “comunidade científica”, o desenvolvimento das ciências naturais e o progresso tecnológico e científico que traz legitimidade e status superior ao novo ramo do saber, a ciência. Assim se desenvolvem as ciências particulares, entre elas a sociologia, isto é, uma subdivisão no interior de um campo mais amplo. Inúmeros autores que trabalharam a história da sociologia colocam que ela é “filha da revolução”, ou seja, é produto das revoluções burguesas e da revolução industrial, que constituem os fenômenos sociais acima aludidos, consolidando o modo de produção capitalista.

O processo de modernização é marcado pela expansão da sociedade capitalista. Este processo de modernização proporciona várias mudanças em uma determinada sociedade, tal como o processo de industrialização, elemento fundamental por instaurar novas relações de produção, urbanização, racionalização, entre outros.

Aqui temos os dois elementos que nos ajudam a compreender o processo de constituição da sociologia no Brasil: um desenvolvimento econômico incipiente ao lado do intercâmbio cultural com países mais desenvolvidos. Isto permite um desenvolvimento tardio da sociologia no Brasil, pois seu período pré-sociológico (até década de 30) se caracteriza pela importação cultural derivada de um intercâmbio com outras culturas que produziam uma sociologia mais sistematizada e institucionalizada. O seu caráter pré-sociológico é possível graças a este intercâmbio cultural que ocorria sem as bases materiais, o desenvolvimento capitalista, já que a sociologia como ciência surge a partir do aparecimento do capitalismo.

Assim, sua formação e institucionalização datam da consolidação do capitalismo tardio no Brasil, no qual a urbanização e industrialização se tornam predominantes em nosso país. A determinação fundamental da formação tardia da sociologia brasileira é a formação de um capitalismo retardatário em nosso país. Este capitalismo retardatário pressupõe um desenvolvimento capitalista avançado em outros países e de relações entre estas duas formas de capitalismo. Esta relação ocorre sob o signo da subordinação econômica que se reproduz sob a forma cultural e científica. Sendo assim, a formação tardia da sociologia brasileira é derivada desta situação do capitalismo em nosso país.

Assim, o estágio pré-científico da sociologia no Brasil (ou sua fase “pré-sociológica”, como colocam alguns autores) se realiza não através das primeiras tentativas de criação desta ciência e sim através da importação da produção sociológica européia e uso de termos (tal como o próprio termo sociologia) sem uma autêntica produção sociológica. Esta fase é possível devido ao intercâmbio cultural e subordinação científica, o que produz “idéias fora do lugar” e manifestações rudimentares, convivendo com formas mais desenvolvidas em outros países. A formação da sociologia brasileira, sua fase científica, ocorre com o desenvolvimento capitalista no Brasil, o processo de industrialização, proporcionando a base material para o seu desenvolvimento e sistematização.

Democracia racial

O Brasil, a história de seus conflitos e problemas envolveu bem mais do que a formação de classes sociais distintas por sua condição material. Nas origens da sociedade colonial, o nosso país ficou marcado pela questão do racismo e, especificamente, pela exclusão dos negros. Mais que uma simples herança de nosso passado, essa problemática racial toca o nosso dia a dia de diferentes formas.

Em nossa cultura poderíamos enumerar o vasto número de piadas e termos que mostram como a distinção racial é algo corrente em nosso cotidiano. Quando alguém autodefine que sua pele é negra, muitos se sentem deslocados. Parece ter sido dito algum tipo de termo extremista. Talvez chegamos a pensar que alguém só é negro quando tem pele “muito escura”. Com certeza, esse tipo de estranhamento e pensamento não é misteriosamente inexplicável. O desconforto, na verdade, denuncia nossa indefinição mediante a ideia da diversidade racial

É bem verdade que o conceito de raça em si é inconsistente, já que do ponto de vista científico nenhum indivíduo da mesma espécie possui características biológicas (ou psicológicas) singulares. Porém, o saber racional nem sempre controla nossos valores e práticas culturais. A fenotipia do indivíduo acaba formando uma série de distinções que surgem no movimento de experiências históricas que se configuraram ao longo dos anos. Seja no Brasil ou em qualquer sociedade, os valores da nossa cultura não reproduzem integralmente as ideias da nossa ciência.

Dessa maneira, é no passado onde podemos levantar as questões sobre como o brasileiro lida com a questão racial. A escravidão africana instituída em solo brasileiro,

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