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POLÍTICA ANTES DA POLÍTICA

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Por:   •  7/11/2014  •  Tese  •  3.807 Palavras (16 Páginas)  •  146 Visualizações

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A POLÍTICA ANTES DA PÓLIS

A origem de Maringá está inscrita em um processo de colonização da região

Norte do Paraná, iniciado na década de 1920. Na primeira fase, havia o comando do capital inglês, por intermédio da Paraná Plantations e de sua subsidiária nacional, a Companhia de Terras do Norte do Paraná. A fundação oficial de Maringá data de 10 de maio de 1947, quando foi lançada a pedra fundamental da cidade. No período imediatamente anterior, quando era considerado um patrimônio, o embrionário núcleo populacional que vinha se constituindo já era conhecido pelo nome da popular canção de Joubert de Carvalho.

Cinco meses após sua fundação oficial, Maringá se tornou distrito do recém-criado município de Mandaguari. A Lei da emancipação veio em 1951; um ano depois, foram eleitos os primeiros vereadores e o primeiro prefeito de Maringá. Milhares de anos antes da atual colonização, segundo levantamentos arqueológicos, já havia a presença humana no espaço que hoje chamamos de região noroeste. As denominações e demarcações, evidentemente, obedeciam a outros registros. Quando houve o processo de colonização do norte do Paraná, a empresa responsável patrocinou ampla publicidade, associando as oportunidades oferecidas pela região ao imaginário, herdado da memória religiosa, da terra prometida, da nova Canaã. Por conta da economia cafeeira, também mesclou-se a imagem do Eldorado, lenda da colonização espanhola. No caso, tratava-se do café, o ouro verde. Dizia um panfleto de propaganda que não havia, no norte do Paraná, minas de ouro, mas se faz ouro de tudo. Muitas situações se entrelaçavam, como se vê no romance Isto é Você, Maria, em que o escritor Jorge Ferreira Duque Estrada conta a estória de um jovem médico que veio para a Maringá das origens. Retratando o imaginário das amplas possibilidades existentes, seu protagonista, em pouco tempo, conseguiu construir um hospital e constituir uma fazenda de café. Em uma economia em expansão, as oportunidades de emprego também pareciam atraentes, associadas à busca da dignidade para si e para a família. Se o sucesso não estava reservado para todo mundo, era assim que era divulgado ou visto o universo das possibilidades.

A colonização da qual resultou Maringá atraiu, em uma velocidade

impressionante, frentes migratórias de várias regiões do Brasil, as principais

com origem em São Paulo, Minas Gerais, no próprio Paraná e no Nordeste.

Registram-se, também, com menor incidência, migrantes oriundos da região

Sul do país (LUZ, 1988). Foram esses migrantes que se tornaram os primeiros maringaenses, os maringaenses por opção, aos quais se somaram seus descendentes, os maringaenses por nascimento. Pela pouca idade do município, dificilmente os maringaenses natos deixam de ter, numa escala de uma ou duas gerações, ancestrais que nasceram em outros quadrantes do país.

A Constituição de 1946 garantira históricos avanços da cidadania. O voto, secreto e direto, era obrigatório a homens e mulheres com mais de 18 anos. O senão estava na exclusão dos analfabetos, condição vivida, em 1950, por 57% da população. Como a incidência de analfabetismo era maior na zona rural, os principais prejudicados eram os trabalhadores do campo. A nova Constituição também conformou a justiça eleitoral, composta por um Tribunal Superior Eleitoral e pelos tribunais regionais.

Diferentemente do que acontecia na chamada República Velha (1889 a 1930), a legislação exigia que os partidos tivessem organização nacional, embora sobrevivessem fortes influências regionais. Havia 12 partidos. Os principais foram criados por Getúlio Vargas e seus aliados.

Apesar de ter sido deposto em 1945, Vargas mantinha elevada popularidade,

em razão do apelo social de suas políticas trabalhistas e da eficiência da

publicidade que o projetara como o pai dos pobres. Para canalizar essa herança, de resto sedimentada em ampla estrutura sindical corporativa, ele fundou o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

O outro partido criado por Vargas era o Partido Social Democrático (PSD), no qual congregou as forças dominantes locais e os antigos interventores que patrocinara nos estados. Em torno desses três principais partidos, orbitavam forças menores. Um exemplo era o Partido Social Progressista (PSP), liderado por Ademar de Barros. Outra sigla que exercia alguma influência era o Partido Republicano (PR), herança do partido homônimo da República Velha. Nacionalmente, essa força era comandada pelo ex-presidente Artur Bernardes e, no Paraná, por Bento Munhoz da Rocha Neto, eleito governador em 19506. Não se pode deixar de fazer menção ao Partido Comunista do Brasil (PCB), legalizado em 1945 e posto na clandestinidade em 1947. Todas essas forças políticas nacionais organizaram-se em Maringá.

Sabe-se que a troca de favores é expressão de uma cultura política anterior à colonização e sobrevive até os nossos dias, modernizada com novas técnicas, a despeito do aperfeiçoamento da legislação, mas o autor salienta a ausência da tradição como elemento a ser avaliado. Poder-se-ia dizer, em complemento, que eram forjadas as tradições da política local, mescladas com valores e hábitos que os migrantes traziam de suas regiões de origem.

Duque Estrada cita uma série de agentes sociais - empresários de armazéns

de secos e molhados, médicos, prestadores de serviços e empreiteiros - como potenciais beneficiários dessa relação de reciprocidade. Um deles era João Tenório Cavalcanti, empreiteiro especializado em derrubada de matas, que contratava um exército de machadeiros. Interessado em seus próprios negócios, não abraçou a política, mas sua amizade seria preciosa aos que ambicionassem vôos eleitorais. Ambos tiveram atuação na organização dos partidos políticos e na constituição da representação do distrito de Maringá na sede do município de Mandaguari: Quando Maringá não era sequer distrito, fazendo parte de Mandaguari, como simples patrimônio, aqui já existiam dois partidos, com seus respectivos diretórios. O primeiro, da União Democrática Nacional, fundado e presidido por Ângelo Planas e que elegeu para vereador

seu irmão Arlindo Planas; o segundo, do Partido Social Democrático, presidido por Mário Jardim, e que elegeu Napoleão Moreira da Silva, também para vereador. O distrito de Maringá participou das eleições ocorridas em de novembro de 1947, que conduziram Décio Pullin à prefeitura de Mandaguari. Os números

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