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Problemas de democracia e liberdade do sociólogo francês Alexis de Tocqueville

Resenha: Problemas de democracia e liberdade do sociólogo francês Alexis de Tocqueville. Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  26/7/2014  •  Resenha  •  1.064 Palavras (5 Páginas)  •  359 Visualizações

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Em um ensaio escrito acerca de duas décadas, Norberto Bobbio celebra, com satisfação, o interesse despertado na esquerda pelas obras de John Stuart Mill (cf. Bobbio, 1986, p. 107-113). Nos últimos tempos, um outro pensador liberal, contemporâneo de Mill, tem despertado a atenção da esquerda inclusive de uma parte da esquerda marxista que sempre esteve voltada para as questões relativas à democracia e à liberdade , que procura exumar seus escritos, atribuindo-lhes uma fundamental importância para a compreensão da realidade atual. Trata-se do sociólogo francês Alexis de Tocqueville, que dedicou seus trabalhos a uma intensa preocupação com a possibilidade da democracia transformar-se em seu próprio algoz, tendo em vista o excessivo peso concedido pelas sociedades modernas ao seu poder majoritário. De fato, esse renovado interesse pelo pensamento de Tocqueville não é desprovido de sentido quando se sabe que o mundo contemporâneo passa por condições históricas as quais ele antecipou em mais de um século e meio, e que merece uma investigação mais profunda.

A análise da obra de Tocqueville sugere, portanto, a procura, antes de qualquer outra coisa, de respostas para suas inquietações ainda hoje válidas sobre o perigo que pode representar, para os Estados modernos, o desenvolvimento incontrolável do chamado processo democrático individualista. Adjetivei deliberadamente o conceito de democracia para diferenciá-lo do modelo denominado socialista que durante muito tempo marcou o debate nas teorias sociais. Contudo, a crítica que Tocqueville faz ao nascente regime político na América isto é, à possibilidade de edificação de um pensamento único que impeça o desenvolvimento da liberdade no interior do sistema, opondo obstáculos às ações da minoria provavelmente poderia se aplicar também às estruturas econômico-políticas que até bem pouco vigoraram nos países do Leste Europeu.

Mas existem boas razões para evitar, aqui, a discussão desse problema. Em primeiro lugar, há diferenças essenciais entre o fenômeno descrito por Tocqueville, no século passado, e o protótipo de sociedade instaurado nos ex-Estados de orientação soviética. A formação social desses sistemas sustenta-se sobre pilares basicamente coletivistas, em que o indivíduo perde sua autonomia em função do conjunto da organização social. Não há espaço para o desenvolvimento do individualismo, bem como toda esfera econômica é, praticamente, objeto de controle estatal. Quer dizer, presume-se uma forma de democracia (econômica) diversa daquela observada e estudada por Tocqueville. Em segundo lugar, e como se sabe, as análises de Tocqueville incidem sobre um tipo específico de democracia, aquele que se encontra em construção no jovem Estado americano e que, segundo nosso autor, iguala todos em oportunidade.

É, portanto, a democracia tocquevilleana de igualdade de condições e não a democracia econômica que precisa ser investigada, e para a qual as respostas encaminhadas pela esquerda, inclusive a esquerda marxista, não são totalmente satisfatórias. Ocupada durante um longo período com o problema da igualdade material, a esquerda refugia-se nas rincheiras mais recônditas do terreno social e econômico sem se dar conta de que se transforma, aos poucos, não no coveiro da burguesia, mas do proletariado. Com isso negligencia, consideravelmente, a contribuição do pensamento liberal naquilo que poderia ter sido a fórmula salvadora do regime socialista: a chamada liberdade política. A esquerda paga, desse modo, um preço excessivamente alto por descobrir, tardiamente, que uma parte da crítica liberal à ditadura das massas não se dirige apenas ao socialismo.

A crítica liberal a certos aspectos do conceito de liberdade pelo menos na variante de alguns de seus pensadores, Tocqueville à frente aplicase também (sobretudo no caso deste último), à democracia denominada burguesa e ao individualismo das sociedades modernas. Nesse sentido, a sociologia e a ciência política de Tocqueville possuem fundamental importância para a compreensão da época em que vivemos. Somos herdeiros de um pensamento que, em suas linhas gerais, ainda é o mesmo que serviu de objeto para

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