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Projeto De Intervenção

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Por:   •  9/5/2013  •  3.839 Palavras (16 Páginas)  •  587 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A população idosa tem crescido no Brasil e no mundo. Os estudos revelam que a população mundial tende a ter uma crescente expectativa de vida. A diminuição da mortalidade e da fecundidade juntamente com o desenvolvimento tecnológico na área da saúde têm sido apontados como fundamentais neste processo de envelhecimento mundial. A estimativa é que em 2025 o Brasil seja o sexto país mais envelhecido do mundo, com uma média de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que representará 15% da população nacional (IBGE, 2005). No Ceará os idosos representam 9,7% da população do Estado, estando 8,17% deste percentual concentrados em Fortaleza, onde a expectativa média de vida é de 69,6 anos. Entretanto ainda não estamos preparados para dar o tratamento necessário aos idosos. Contraditoriamente, esta sociedade envelhecida desvaloriza e exclui o idoso. Em muito este processo é gerado pela sociedade de consumo e pelo modelo neoliberal, que cada vez mais valoriza o novo, o ágil, o descartável, as relações e processos imediatos, desta forma o que não se adapta a este molde fica à margem. As práticas, a cultura e o saber construídos ao longo do tempo, transmitidos entre as gerações perdem o valor diante do saber instantâneo, adquirido nos meios de comunicação e na internet. É necessária uma sensibilização da sociedade para que reconheça a velhice como uma etapa da vida que requer a efetivação de direitos sociais específicos a esta fase, bem como a manutenção da autonomia e da cidadania do idoso. O Serviço Social do Comércio – SESC, instituição reconhecida por ser pioneira na promoção de ações socioeducativas e culturais para pessoas idosas, por entender que o respeito e o reconhecimento social no mundo globalizado se baseiam no exercício de papéis representativos para a sociedade, acredita na importância do 2

investimento em ações que proporcionem visibilidade ao idoso. Assim, implementou no

ano de 2008 o Projeto Cidadania Ativa: Uma Nova Realidade para o Idoso, na perspectiva de incentivá-los a conhecerem e reivindicarem seus direitos e maiores espaços de cidadania, enfim, por seu devido reconhecimento pela sociedade. O referido projeto reuniu idosos com alguma expressão cultural, intelectual, artística, política e/ou profissional que demonstraram o desejo de participação e transmissão de conhecimentos a outras pessoas da comunidade. Assim, o SESC mobilizou idosos atendidos pelo Trabalho Social com Idosos (TSI), de outras instituições e de entidades de classe a se integrarem, somando saberes e experiências para a realização de atividades, que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da população idosa das comunidades em situação de vulnerabilidade social. Estes idosos voluntários, denominados de Grupo de Protagonistas do SESC, atuam nas comunidades junto a outros idosos, denominados Grupo de Protagonistas do Controle Social, com a finalidade de identificar problemas da população idosa e, juntos, buscarem formas de solucioná-los. Esta nova metodologia do Trabalho Social com Idosos do Serviço Social do Comércio – SESC Ceará foi reconhecida como inovadora e pioneira, sendo vencedora do Concurso Talentos da Maturidade, promovido pelo Banco Real / Grupo Santander Brasil. Desta forma, o Projeto promove o protagonismo na velhice, possibilitando que estes idosos assumam o papel de agentes de transformação, com significado para a sociedade, exercitando, assim, sua cidadania.

CONSTRUINDO UMA NOVA REALIDADE PARA OS IDOSOS

O Envelhecimento Populacional

como mencionado anteriormente, é um fenômeno mundial que traz várias repercussões no âmbito social e econômico. Este processo é complexo e envolve aspectos biológicos, políticos, econômicos, cultuais, educacionais, psicológicos e sociais. Dados do Censo Demográfico de 2000 registram que um em cada cinco chefes de família no Brasil tem idade igual ou superior a 60 anos (IBGE, 2000). Isto demonstra que os idosos possuem participação essencial no orçamento familiar e na economia brasileira. Além desta participação econômica, observa-se que muitos idosos, embora aposentados, continuam trabalhando devido à busca pela melhoria do orçamento doméstico e/ou visando manter seu papel ativo na sociedade. A velhice brasileira não tem um padrão, podemos assim falar em velhices, uma vez que os perfis e condições de vida dos idosos no Brasil assumem diversas faces. Dentre os diversos perfis, há o perfil de idosos aposentados, que possuem qualidade de vida, têm seu acesso aos serviços básicos garantidos e cujas condições socioeconômicas permitem a satisfação de seus interesses. Um outro perfil é o do idoso em situação de exclusão social, vulnerável socialmente, que tem seus direitos negados, cujos vínculos familiares e comunitários são fragilizados e/ou cujo valor da aposentadoria ou benefício não é suficiente para manter suas necessidades básicas. Ambos os perfis necessitam de políticas públicas, uma vez que a aposentadoria em muitos casos contribui para o isolamento social e perda do papel social exercido pelo idoso. A maioria dos que se aposentam se encontra

em pleno vigor físico, mental e intelectual, tendo, portanto, capacidade para atuar na comunidade e transmitir seus saberes e experiências para outras pessoas. No entanto, o que se observa é o isolamento social deste idoso aposentado. Na verdade há uma ausência de espaços na sociedade para que atuem como cidadãos socialmente produtivos que são, isto se dá em virtude da ideologia neoliberal que cada vez mais valoriza o novo e o imediato, em detrimento dos saberes transmitidos entre as gerações.

Por outro lado, os idosos em situação de vulnerabilidade social carecem de iniciativas que estimulem sua autonomia e a busca pela efetivação de seus direitos, quebrando com as práticas de trabalho social assistencialistas, ultrapassando a esfera do paternalismo ao introduzir a questão do direito.

Sposati (1998) esclarece que o assistencialismo é oposto ao direito, já que se caracteriza pelo acesso a um bem ou serviço através de uma doação, assim é gerada uma relação de gratidão do beneficiário em relação ao doador, minando qualquer tipo de autonomia e cidadania. Dentro deste contexto, o SESC Ceará pensou o que poderia ser feito para a melhoria das condições de vida destes idosos, sendo o Projeto Cidadania Ativa: Uma Nova Realidade para o Idoso uma resposta a este desafio ao propor uma nova forma de trabalho social, estimulando o protagonismo e a autonomia deste público.

O Grupo de Protagonistas do SESC, formado por 50 idosos com reconhecida

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