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Questão socio III

Por:   •  7/7/2015  •  Resenha  •  1.564 Palavras (7 Páginas)  •  192 Visualizações

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1 –

No fragmento em questão, Giddens sugere que a teoria da estratificação social de Weber teve considerável influência na formulação marxiana acerca deste problema, no entanto, reconhece anteriormente no mesmo capitulo do livro do qual foi extraído o fragmento, que Marx nunca tratou ou sequer se propôs a desenvolver uma teoria da estratificação social propriamente dita, mas foi possível colher informações suficiente para apresentar um modelo aceitável por meio de referências contidas em suas obras.

        Apesar dessa influência apontada por Giddens, a teoria da estratificação social de Weber se diferencia muito da de Marx, principalmente por considerar que este conceito não indica somente uma divisão social em classes, mas apresenta dois outros importantes aspectos: estamento e partido. Portanto, no que concerne ao plano coletivo, Weber trabalha com esses três conceitos fundamentais que o permitiu analisar de que modo se dá a distribuição de poder, que pode constituir poder político em sentido estrito ou mesmo designar riqueza e distinção. Weber também concorda com Marx que a divisão social em classes tem como determinante uma base econômica, isto é, a racionalidade das ações sociais é condicionada pelo mercado, de maneira que indivíduos lutam para adquirir maior poder econômico. Assim, indivíduos que possuem uma mesma posição no que se refere à propriedade de bens e habitação, constituem uma mesma classe. Aqueles que possuem bens e propriedades que lhe garantem maior poder econômico ou que são trabalhadores qualificados, constituem para Weber, uma classe positivamente privilegiada em função de sua posição no mercado; já trabalhadores não-qualificados formam uma classe negativamente privilegiada, e é entre eles que ocorrem mais ações comunitárias, o que gera um sentimento mútuo de pertencimento. As classes são definidas, portanto, pelo sentido comum das ações de determinado grupo de agentes orientados pelo e para o mercado e pode ou não, em detrimento de algumas condicionantes, realizar ações comunitárias, mas, tipicamente, membros de classes se envolvem em ações societárias, baseadas em interesses racionalmente motivados.

Estamento é outro modo de significação da ação social voltado para a busca da honra e do prestígio; é onde as relações sociais se dão orientadas por regras de pertencimento a grupos de status e é operado por uma racionalidade distinta das classes. A honra dos estamentos é dada pelo estilo de vida, por assim dizer, daqueles que os constituem, isto é, por seus comportamentos, vestimenta típica, pelo modo como se expressam, etc. Os matrimônios endogâmicos são demonstrativos das limitações sociais presentes nos estamentos, na medida em que o círculo formado torna-se cada vez mais isolado. Da mesma maneira ocorre com a estigmatização de algumas atividades como o trabalho manual e industrial. Por sua lógica estar relacionada a regras de pertença, a validez do costume de determinado grupo de status é conferida por convenções, do mesmo modo que posicionamentos discordantes são geralmente rejeitados e desaprovados. Aquele que transgride a ordem convencionada deve ocultar sua violação. Estamentos positivamente privilegiados tendem a atribuir a si qualidades especiais que o levaram a ocupar sua posição socialmente superior, como o sangue, por exemplo. Por outro lado, estamentos negativamente privilegiados podem se afirmar como cumpridores de determinada missão, crença que surge, por exemplo, em povos que afirmam terem sido enviados por deus para cumprir algum proposito específico.

Os estamentos podem ser fechados ou abertos, quer dizer, se a prerrogativa de pertencimento a certo estamento  a herança, diz-se que este estamento é fechado. A casta é um estamento fechado, forma essa de estratificação social que tem perdido seu caráter inflexível em função da predominância da base econômica como determinante de distinção e status. As castas são, para Weber, a expressão mais radical do isolamento de um grupo de status, na medida em que o intermatrimônio, por exemplo, não esteve presente em nenhum dos modelos que ele utiliza para sua formulação. Entre eles destaco: A nobreza europeia, que não admitia casamento entre nobres e plebeus e a relação entre brancos e negros do sul dos Estados Unidos, no sec. XIX. As castas são, portanto, estamentos fechados cujas distinções e privilégios são garantidos por leis, convenções e rituais. Dito isso, cabe acrescentar que as classes são fundamentadas na ordem econômica, enquanto os estamentos são de ordem social, embora se relacionem, ao passo que o poder econômico é condição intrínseca para adquirir status positivamente privilegiado na sociedade capitalista. Entretanto, segundo Weber, membros de um estamento não são, necessariamente, da mesma classe.

Na esfera do poder social surgem os partidos, cujas ações são tipicamente racionais, isto é, buscam orientar a direção que uma comunidade ou associação irá tomar. É, portanto, uma organização que luta pelo domínio. No entanto, um partido só assume caráter de poder político se puder valer-se da coação física. O partido, dessa maneira, busca fins ideais ou materiais, coletivos ou pessoais, pois o partido é necessariamente fonte de socialização, por sempre dirigir-se a um resultado programaticamente estabelecido e por isso partidos apenas podem existir em sociedades socializadas, isto é, comunidades racionalmente organizadas que possuem instrumentos que garantam a ordem racional. Assim, os partidos podem proporcionar poder político e econômico para aqueles que representam sua liderança e elevar o status do coletivo que o constitui.

2 –

        Para Weber, poder e dominação são esferas distintas que atuam em conjunto, uma em função da outra. O conceito de poder não se limita a nenhum momento social singular, pois a imposição da vontade de um agente pode ocorrer em qualquer circunstancia, por isso, diz-se que, sociologicamente, poder é um conceito amorfo. O Poder pode ser alcançado pelo uso da violência, da propaganda, pelo sufrágio; com dinheiro, convencimento, etc. A probabilidade de se encontrar obediência dentro de um determinado grupo a um mandato qualquer é um problema que se relaciona intimamente com a conquista do poder na teoria weberiana. É da obediência habitual que surge a disciplina, no âmbito da família, por exemplo. Para Weber, a dominação é um estado por meio do qual aquele que possui o mandato influi de tal modo na ação social do séquito, que é como se o dominado houvesse, por suas próprias motivações, aderido aos pressupostos do mandatário, ou seja, aquele cuja dominação se da de forma legitima, obtém obediência, portanto, vê aberto diante de si o caminho pelo qual fará valer suas vontades.

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