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RELAÇÕES ENTRE CIÊNCIAS SOCIAS E HISTÓRIA: Diferentes Dimensões De Tempo

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Por:   •  5/10/2014  •  1.675 Palavras (7 Páginas)  •  383 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

RELAÇÕES ENTRE CIÊNCIAS SOCIAS E HISTÓRIA: diferentes dimensões de tempo

OTÁVIO MOREIRA DA SILVA

RA:89989

Maringá

2014

Introdução

O objetivo do deste trabalho é de uma forma geral, trabalhar algumas das possíveis relações entre ciências sociais e história, mais concretamente no que diz respeito às temporalidades históricas utilizadas pelas duas áreas do conhecimento nas suas abordagens teóricas.

As diferentes abordagens dos tempos históricos também serão tratadas aqui, juntamente com a transição da chamada história tradicional para uma história quantitativa de cunho mais flexivo. As dicotomias do entendimento do tempo entre historiadores e sociólogos, de uma forma ampla também são comentadas.

A exposição das diferenças entre as visões históricas dos próprios historiadores e dos sociólogos serve ao entendimento mais geral e amplo da história, os múltiplos diálogos, diferenças, trazem uma visão ampla e mais esclarecida da generalidade que forma as relações, vezes tênues, entre ciências sociais e história.

Breve passagem sobre História e duração

É base do trabalho histórico a decomposição do tempo passado e a escolha das suas realidades cronológicas. A história tradicional, atenta ao tempo breve, ao indivíduo e ao acontecimento, habituou-se desde cedo à sua narrativa precipitada, de pouco fôlego.

A Nova história econômica e social evidencia em sua investigação a oscilação cíclica e aposta na sua duração. Desta forma, existe hoje, a par da narração tradicional, um recitativo da conjuntura que para estudar o passado o divide em amplas seções: períodos de dez, vinte ou cinquenta anos.

Muito acima deste segundo recitativo, encontra-se uma história de fôlego ainda mais contido, trata-se da história de longa, e mesmo de muito longa duração. A receita efetiva ou não, serve para designar o contrário do que Paul Lacombe batizou de história dos acontecimentos. Expressemo-lo mais claramente do que com a expressão acontecimentos: o tempo breve, à medida dos indivíduos, da vida cotidiana.

O passado é, pois, constituído, numa primeira apreensão, por esta massa de pequenos fatos, uns resplandecentes, outros obscuros e indefinidamente repetidos. Precisamente aqueles fatos, com os quais a microssociologia e sociometria constroem na atualidade seu bolo cotidiano. Mas essa massa não constitui toda a realidade, toda a espessura da história. A ciência social tem quase o horror ao acontecimento, não sem razão: o tempo breve é a mais caprichosa, a mais enganadora das durações.

As rupturas com as formas tradicionais do século XIX não implicou uma ruptura total com o tempo breve. Operou, como se sabe, em proveito da história econômica e social em detrimento da história política. Como consequência produziu-se um abalo e uma renovação inegáveis; deram inevitavelmente, transformações metodológicas, deslocamentos de centros de interesse com a entrada em cena de uma história quantitativa.

Mas, sobretudo, se fez uma alteração do tempo histórico tradicional. Dias, anos, constituíam formas de tempo corretas para os antigos historiadores políticos. O tempo não passava de uma soma de dias.

Surge uma nova espécie de narração histórica, que oferece à nossa escolha uma dezena de anos, um quarto de século e, em última instância, um meio século. As percepções se voltam aos movimentos mais gerais que acontecem dentro do cenário da análise histórica.

Diferenças entre o tempo do sociólogo e do historiador

O historiador nunca se evade do tempo da história, o tempo adere ao seu pensamento. Sonha, evidentemente em escapar-lhe. Neste sentido, temos de compreender igualmente uma velha reflexão de Paul Lacombe: "objetivamente, o tempo nada é, em si, mas apenas uma idéia nossa"... . Rejeitar os acontecimentos e o tempo dos acontecimentos equivalia a se por à margem, ao abrigo, para observá-los com certa perspectiva, para melhor os julgar e não acreditar exageradamente neles. A atividade que consiste em passar do tempo breve para o tempo menos breve e para o tempo muito longo para depois, uma vez alcançado esse ponto, se deter, reconsiderar e reconstruir tudo de novo, ver girar tudo à sua volta, não deixa de ser tentadora para um historiador.

Mas, decididamente, estas fugas sucessivas não o lançam para fora do tempo do mundo, do tempo da história, impericioso, porque irreversível e porque decorre ao mesmo ritmo a que gira a Terra. De fato, as durações que diferenciamos são solidárias umas com as outras. Não é somente a duração que é cria do nosso espírito, mas o parcelamento dessa duração. Longa duração, conjuntura , acontecimento ajustam-se sem dificuldade, posto que todos tem a mesma escala de medida. Por isso, participar espiritualmente num destes tempos, equivale a participar de todos eles.

Para o historiador, tudo se inicia e tudo termina pelo tempo; um tempo matemático, sobre o qual seria demasiado fácil ironizar; um tempo que parece exterior aos homens.

Os sociólogos, não aceitam esta noção demasiadamente simples. Encontram-se muito mais próximos da "Dialética da duração" apresentada por Bachelard. O tempo social é uma dimensão particular correspondente a uma determinada realidade que contemplo. Este tempo, interno a essa realidade como poderia sê-lo a um determinado indivíduo, constitui um dos aspectos que aquela reveste, uma das propriedades que a caracterizam como ser particular. O sociólogo não tem qualquer dificuldade com esse tempo complacente, que pode dividir como quiser e cujas comportas podem fechar ou abrir à vontade. O tempo da história prestar-se-ia menos, ao duplo e ágil jogo da sincronia e da diacronia: impede totalmente que se imagine a vida como um mecanismo, cujo movimento pode ser detido para apresentar, quando se quiser, uma imagem imóvel.

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