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Rota na ciência normal

Tese: Rota na ciência normal. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  30/11/2014  •  Tese  •  5.040 Palavras (21 Páginas)  •  344 Visualizações

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1. A ROTA PARA A CIÊNCIA NORMAL

“Tanto a acumulação de fatos como a articulação da teoria tornam-se atividades altamente orientadas.” (KUHN, 2005, p. 38)

“Desde a Antiguidade um campo de estudos após o outro tem cruzado a divisa entre o que o historiador poderia chamar de sua pré-história como ciência e sua história propriamente dita.” (KUHN, 2005, p. 41)

O texto é inaugurado com a apresentação de uma definição de ciência normal, que seria aquela fundada em experiências científicas anteriores e reconhecida nas comunidades científicas, perpetuada por meio dos manuais científicos. (KUHN, 2005, p. 29)

Para Kuhn, essa ciência normal seria pautada em paradigmas e o estudo de certos paradigmas específicos levaria o estudante a se preparar à atuação científica em uma área ou outra. Em vias de definir o que caracterizaria um problema como paradigma, o autor se atenta a duas características:

a. o problema, as realizações científicas que geram esse problema, são suficientemente inovadoras e pioneiras, atraindo um grupo quase que perene em vias de resolução das questões;

b. essas realizações primeiras são lacunares: geram uma série de livres quebra-cabeças para o grupo novo que aderiu ao paradigma.

(KUHN, 2005, p. 30)

O autor prossegue em descrever a ciência pré-paradigmática, em vias de encontrar o primeiro paradigma, citando o exemplo dos estudos sobre a ótica. Nessa ciência os vários autores pesquisam e buscam respostas ao acaso, gerando Livros Exotéricos, e a partir daí passam atentar convencer outras pessoas de que sua teoria ou forma de explicar é superior a de outros cientistas e grupos. Inicia-se uma competição. Quando um grupo supera os demais e é aceito suficientemente, este torna-se uma Comunidade Científica e seu modelo de fazer ciência, seu estudo e seus escritos passam a se tornar paradigmas, que servirão de base para o estudo daqui pra frente. Desse ponto em diante a ciência não é mais difusa e competitiva, mas acumulativa. É o que ocorre em Newton: uma vez aceitas suas leis, a partir daí são atraídos outros cientistas que passam a resolver outras situações baseados nelas e a gerar novos conhecimentos em completo acordo com os de Newton. Começa assim a ciência normal. (KUHN, 2005, p. 31-38)

É a passagem da pré-história científica para a história. (KUHN, 2005, p.41)

Como conseqüência há o desaparecimento das escolas competidoras. A substituição de um paradigma por outro caracterizaria assim uma revolução científica, alterando o norte do estudo científico.

Assim, nesse primeiro capítulo, Kuhn fornece alguns elementos para clarear, mesmo que levianamente, o conceito de paradigma, além de descrever o caminho histórico correto de superação da ciência pré-paradigmática para uma ciência normal, visando um estudo infinitamente mais preciso e expansivo, um real amadurecimento do campo científico.

2. A NATUREZA DA CIÊNCIA NORMAL

“Em vez disso, a ciência normal está dirigida para a articulação daqueles fenômenos e teorias já fornecidos pelo paradigma.” (KUHN, 2005, p. 45)

“Essas três classes de problemas – determinação do fato significativo, harmonização dos fatos com a teoria e articulação da teoria, esgotam, creio, a literatura da ciência normal, tanto teórica como empírica.” (KUHN, 2005, p. 55)

Nesse capítulo, fica definido que o trabalho do cientista, nesse meio normal, é o da “operação de limpeza” ou “lapidação” do paradigma, isso é o trabalho do cientista nunca é o de criticar o paradigma (parte-se do pressuposto que ele é suficientemente aceito) ou de buscar um novo paradigma (não se atém à busca de novas teorias), mas o de ampliar, melhorar, articular, precisar e tornar útil o paradigma “em condições novas ou mais rigorosas”, ou seja, buscar melhor enquadrar as previsões paradigmáticas nas situações do mundo real. (KUHN, 2005, p. 43-45)

Mais adianta, para Kuhn, a investigação científica dos fatos reais é precisada em três focos normais de pesquisa, ou três espécies de fatos, citados a seguir:

a. Fatos distintamente reveladores dos cernes das coisas. No livro têm-se o exemplo químico dos pontos de ebulição dos materiais, o exemplo físico da gravitação dos corpos e, além de outros, o exemplo astronômico da posição e magnitude das estrelas. (KUHN, 2005, p. 46)

b. Fatos que, embora não muito interessantes em si, passam a ser relevantes por estarem distintamente em acordo com as predições do paradigma. São os fatos computados, a exemplificar, pela máquina de Atwood, que embora não espetaculares validam por certo a segunda lei de Newton. (KUHN, 2005, p. 46-47)

c. Fatos úteis em “articular a teoria do paradigma” (KUHN, 2005, p. 48), como, mas não restrito as, determinações de constantes universais, úteis para as aplicações matemáticas dos paradigmas.

Estariam nesses três esgotados os fatos relevantes à ciência normal. Uma vez feita a coleta de dados, deve-se retornar ao meio teórico, que também gera uma classificação análoga. O estudo desses fatos e, portanto, o trabalho da ciência normal, materializa-se e liquida-se em:

a. determinação do fato significativo;

b. harmonização dos fatos com a teoria;

c. articulação da teoria. (KUHN, 2005, p. 55)

Assim o processo de lapidação é fundado em delimitar o objeto de estudo real da ciência normal (os fatos que a concernem) e nos focos e objetivos desse estudo. Portanto não cabe ao cientista criar novos paradigmas, mas buscar os fatos que concernem o paradigma que tem em mãos, enquadrar fatos reais no paradigma e se esforçar no sentido de tornar o paradigma mais completo e aplicável, articulando-o.

3. A CIÊNCIA NORMAL COMO RESOLUÇÃO DE QUEBRA-CABEÇAS.

“O valor intrínseco não é critério para um quebra-cabeças. Já a certeza de que este possui uma solução pode ser considerado como tal.” (KUHN, 2005, p. 60)

“A existência dessa sólida rede de compromissos ou adesões... é uma das fontes principais da metáfora que relaciona à ciência normal à resolução de quebra-cabeças.” (KUHN, 2005, p. 65)

A ciência normal em muito se assimila com a resolução de quebra-cabeças. Primeiramente, de antemão, toda a pesquisa ou experimento tem um resultado esperado, uma margem precisa de alternativas em que o resultado, dentro do paradigma, é plausível. Um experimento que em muito

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