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Sobre Desigualdade Racial No Brasil

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Por:   •  30/12/2014  •  1.128 Palavras (5 Páginas)  •  639 Visualizações

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O presente ensaio é fruto da leitura aos artigos “Raça e Desigualdade: as diversas interpretações sobre o papel da raça na construção da desigualdade social no Brasil” de autoria de Márcio Mucedula Aguiar e “Depois da democracia racial” de Antonio Sérgio Alfredo Guimarães. Pretendo realizar, através deste exercício intelectual, um entrelace entre os dois artigos, analisando fundamentalmente as diversas correntes de pensamento acerca das desigualdades raciais no Brasil e por fim, me posicionar nesse debate tão rico.

O autor de “Raça e Desigualdade: as diversas interpretações sobre o papel da raça na construção da desigualdade social no Brasil”, pretende mostrar a diversidade de visões dos intelectuais sobre a questão racial brasileira e para isso fala sobre os posicionamentos de autores a partir de Gilberto Freyre até os autores que marcam o debate final dos anos noventa. Além disso, o autor pretende demonstrar que as soluções defendidas para o combate à discriminação e ao racismo no Brasil relacionam-se a diferentes interpretações sobre o papel da raça na construção de nossas desigualdades sociais e nossa identidade nacional. Já o autor de “Depois da democracia racial” pretende marcar historicamente o surgimento da idéia da “democracia racial” no Brasil.

No que tange ao artigo “Raça e Desigualdade: as diversas interpretações sobre o papel da raça na construção da desigualdade social no Brasil”, o autor aponta que a obra de Gilberto Freyre sistematizou um projeto de identidade nacional de um povo miscigenado e que, por isso mesmo, não desenvolve formas de discriminação e racismo como as existentes nos Estados Unidos, em que a cultura brasileira não é apenas mestiça mas recusa qualquer tipo de pureza étnica.

Entretanto, esse tipo de perspectiva acabou reforçando uma concepção de que os problemas que a população negra enfrenta não são muito diferentes dos da maioria dos pobres que existem no Brasil. Não são vistos como um problema de racismo e discriminação, como existente nos Estados Unidos, mas da falta de inserção dessa população em condições de trabalho e vida melhores.

Contrapondo-se a Gilberto Freyre, Florestan Fernandes argumenta que a sociedade pós abolição não criou as condições necessárias para a absorção do elemento negro. Assim, para esse autor, as relações escravistas marcaria profundamente a população negra, dificultando sua inserção no mercado de trabalho e perpetuando condições de anomia em seu meio social.

Na visão de Florestan Fernandes a “raça” iria perdendo a importância numa sociedade capitalista norteada por critérios “racionais” e econômicos no preenchimento das posições de classe. Vê-se assim, um certo otimismo por parte de Florestan no que se refere ao desenvolvimento do capitalismo e de uma sociedade de classes, já que essa relação de classe para ele sobreporia a questão “racial”. Assim ele crê que medidas universalizantes de ampliação de educação e inserção no mercado de trabalho dariam conta dessa diferença.

Já para Andrews, o capitalismo, ao invés de abolir as categorias raciais ou de etnicidade, as reforçaria. Para esse autor, a imigração estrangeira acabou dificultando a inserção do negro no mercado de trabalho e isso provocou com que os ex-escravos sofressem as consequências da escravidão prolongada.

Para Carlos Hasenbalg, a persistência do racismo não deveria ser explicada como mero legado do passado, mas como servindo aos complexos e diversificados interesses do grupo racialmente supra ordenado no presente. De forma que a maioria dos brancos aproveita-se do legado do escravismo e da opressão racial para obter vantagem no preenchimento das posições na estrutura de classes.

Ainda na perspectiva desse autor, a sociedade brasileira conseguiu evitar que a “raça” operasse enquanto principio de identidade coletiva e ação politica, de forma que a ideologia racial dominante acaba se manifestando na ausência de conflito racial aberto e na desmobilização politica dos negros.

Essa perspectiva acaba levando a um certo tipo de anti-racismo, ou seja, a crença numa certa estratégia de combate a discriminação e ao racismo a ser adotada pela ação estatal enquanto que, a solução dos problemas das populações negras passa necessariamente pela politização da questão racial.

Assim como Carlos Hasenbalg, outros autores contemporâneos acreditam que o movimento negro deve buscar a criação de uma identidade negra que leve à mobilização politica.

Já em “Depois da democracia racial”, Antonio Sérgio Alfredo Guimarães aponta que a democracia racial brasileira

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