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Tecnologia, Trabalho e Educação

Resenha: Tecnologia, Trabalho e Educação. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  9/10/2014  •  Resenha  •  1.002 Palavras (5 Páginas)  •  227 Visualizações

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Tecnologia, Trabalho e Educação

Ao longo dos últimos 20 anos, os países latino-americanos vêm sofrendo um conjunto de profundas transformações, associadas ao processo de reestruturação produtiva em nível internacional, que se caracteriza pela difusão de inovações tecnológicas e organizacionais nas mais diversas cadeias produtivas e pela reorganização dos mercados. No centro dessas transformações verifica-se um intenso processo de reorganização do trabalho e de elevação da produtividade, afetando o volume e a estrutura do emprego, o perfil e a hierarquização das qualificações e os padrões de gestão da força de trabalho. Entender a dinâmica e a natureza desse processo de mudança não é tarefa fácil, mas é fundamental para a formulação de estratégias de desenvolvimento econômico e social mais adequadas, ou seja, mais solidárias, equitativas e compatíveis com o meio ambiente. Nesse contexto, o debate sobre a relação entre tecnologia, trabalho e educação assume uma enorme relevância.

Este número especial da revista do Educação e Sociedade reúne um conjunto de artigos, que são resultado do Programa de Pesquisa Ciência e Tecnologia, Qualificação e Produção, realizado e organizado pelo Cedes, e financiado pela Finep e pelo CNPq, entre 1995 e 1997. Este programa vem sendo executado por uma equipe interdisciplinar, distribuída entre várias universidades brasileiras com o objetivo de analisar este conjunto de transformações em nosso país. Entre os trabalhos que nos foram enviados, por razões de espaço, selecionamos oito, que constituem uma pequena amostra dos resultados atingidos por esse Programa. Os demais trabalhos, originalmente selecionados, serão publicados nos próximos números da revista.

O artigo que abre este número, de Eneida Oto Shiroma e Roselane Fátima Campos, faz um balanço do debate sobre reestruturação produtiva e qualificação nas pesquisas educacionais, a partir de uma revisão da bibliografia sobre o tema, produzida no Brasil durante a última década. As questões centrais analisadas são: polivalência ou educação politécnica, inovação tecnológica e demanda por qualificações, centralidade da educação básica e, por fim, competências e suas implicações para a empregabilidade.

Os seis artigos seguintes vão retomar esse debate, a partir de dados de pesquisas realizadas no âmbito de nosso Programa de Pesquisa. Vale destacar aqui que os estudos foram realizados não só em setores industriais (petroquímica, autopeças, linha branca e vestuário) e de serviços (bancos e comércio), como também em diferentes regiões do país (São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia).

Através de sua leitura, é possível compreender a variedade e a diversidade de situações concretas vivenciadas por homens e mulheres participantes destes processos de transformação. Eles nos permitem distinguir diversos ritmos de difusão de inovações, as diferenças entre o "discurso" e as práticas, num processo de ensaio e erro, e permanente tensão entre conservação e inovação. Nesse sentido, rompem com o determinismo tecnológico e a camisa-de-força da polarização do debate entre efeitos "positivos" ou "negativos" das novas tecnologias. Além disso, enriquecem a discussão sobre o significado social da dimensão "qualificação".

Nadya Castro, em seu estudo sobre a indústria petroquímica, vai nos mostrar como, em contextos nos quais se instabilizam as condições da ação gerencial (mercados de produtos, modos de regulação estatal das condições de competição e relações sindicais), a construção de formas de consentimento tem na negociação em torno da qualificação uma importante "moeda-de-troca". Para isso, a autora analisa o nexo entre pressões competitivas, natureza das relações industriais e reestruturação das políticas de pessoal em duas conjunturas, mostrando o impacto das ações gerenciais sobre as regras de recrutamento e de mobilidade, a organização do trabalho e os símbolos de status prevalecentes entre os grupos de trabalhadores na empresa. Desta análise depreende-se a centralidade da qualificação na constituição de um campo de negociação das novas condições de trabalho no cotidiano

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