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Uma nova repetição e valores na cadeia Perelman Gláucia Aparecida da Silva Chiaradia

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Por:   •  20/10/2014  •  Tese  •  3.925 Palavras (16 Páginas)  •  354 Visualizações

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A nova retória e os valores em Chain Perelman

Gláucia Aparecida da Silva Chiaradia

A Teoria da Argumentação ou Nova Retórica surgiu com a rejeição do Positivismo Lógico, o qual buscava tornar a linguagem natural mais pura e ajustá-la sobre uma linguagem científica.

Segundo os Positivistas, existe sempre a possibilidade de se demonstrar a veracidade de alguns fatos e de proposições lógicas e matemáticas, o que jamais seria possível quando falamos de juízo de valor[1].

As idéias defendidas pelo retóricos são muito persuasivas por si mesmas e encontraram ninho na crise do positivismo. As teorias argumentativas tornaram-se, enfim, as principais linhas de pesquisa do que veio a ser conhecido genericamente por correntes pós-positivistas.[2]

Chaïm Perelman abandona sua formação lógica neopositivista e passa a defender a idéia de ser possível a inserção dejuízos de valor na esfera racional. Assim, afirma que a lógica da argumentação é uma lógica dos valores, uma lógica do razoável, do preferível, e não uma lógica matemática.

Para os retóricos não existe nada em absoluto. As coisas estão mais ou menos corretas, mais ou menos entendidas, mais ou menos aceitas. O embate retórico contra a certeza e contra a objetividade fez-se projetar como teoria do aproximado, do inconcluso, do relativo. [...] Não se espera convencer através de um argumento específico em qualquer debate gerado pela vida quotidiana ou jurídica, a práxis dos falantes revela que o argumentador não sabe ao certo qual dos seus argumentos –perante o auditório ou o juiz- pesará mais. Então ele busca a quantidade, a diversidade e espera, desta forma, ser mais persuasivo.[3]

Entende PERELMAN que para a solução de problemas cotidianos que tenham envolvimento com valores a melhor forma de se buscar uma solução é através da chamada arte da discussão.

O objeto da retórica, segundo PERELMAN, “é o estudo das técnicas discursivas que visam provocar ou a aumentar a adesão das mentes às teses apresentadas a seu assentimento” [4].

Destarte, podemos dizer que a Retórica é a adesão intelectual de um ou mais espíritos apenas com o uso da argumentação; é o preocupar-se mais com a adesão dos interlocutores do que com a verdade[5]; é não transmitir noções neutras, mas procurar modificar não só as convicções daqueles espíritos, como as suas atitudes.

Neste quadrante, destacando que a argumentação preocupa-se mais com a adesão do que com a verdade, Bernard Meyer assevera que:

Em primeiro lugar, ela age sobre os indivíduos (e não sobre os conceitos, como o de verdade), mais precisamente sobre a opinião deles, ou seja, por definição sobre um elemento pessoal e subjetivo. Assim, ainda que seu objetivo final seja a procura da adesão do destinatário, logo a semelhança de concepções entre os interlocutores, ela sempre deverá levar em conta as diferenças de apreciação e até as divergências de ponto de vista, inevitáveis entre indivíduos.

Em segundo lugar, ela não procura determinar se uma tese é verdadeira ou falsa, mas influenciar outra pessoa, logo, ela nunca será automática ou obrigatoriamente aceitável, como o é a demonstração matemática. Diz-se que ela é bem sucedida não quando atinge a verdade (que não é seu objeto – a menos que isso seja simplesmente impossível), mas quando convence o destinatário.[6]

Para o autor, na nova retórica não há falar em argumentação sem adesão. Cumpre, então fazer o seguinte questionamento: Se não há argumentação sem adesão, isso significa que sempre que o orador argumenta ele tem que garantir uma adesão? Não. A adesão de que fala Perelman é aquela visada pelo próprio orador quando formula seus argumentos com o desígnio de convencer o seu auditório. Nesse sentido, Robert Alexy destaca que “O objetivo de cada argumentação é conquistar ou fortalecer a adesão (adhésion) da audiência. Para realizar esse objetivo, o orador tem de adaptar seu discurso à audiência”[7]

O conjunto de espíritos aludido por PERELMAN é o que chamamos de auditório[8]. É que, todo discurso possui um contexto e, consequentemente, um auditório para o qual ele é elaborado e o se amoldar àquele auditório é a condição para que exista a persuasão.

O autor individualiza, então, os vários tipos de auditório[9]“diferenciados pela idade ou pela fortuna” [10], podendo sua extensão ser universal; de um único ouvinte; ou uma deliberação consigo mesmo, e tudo isso com o intento de convencer/persuadir um auditório na sua especificidade.

É que, reconhecer as características específicas de cada um desses auditórios contribui significativamente para o sucesso do empreendimento argumentativo.

Cabe ressaltar, no entanto, que no âmbito da nova retórica a denominada deliberação consigo mesmo perde importância e isso porque, muito embora o orador discorde de sua própria tese, possui um auditório maleável, isto é, consegue adaptá-lo e convencê-lo no momento que isso depende tão somente dele próprio, o orador.

Quanto à mencionada individualização prévia, em que pese a sua realização, podem haver auditórios com composição heterogênea de ouvintes – auditório multifacetado -, nestes casos a tarefa do orador fica mais intrincada, sendo necessário fazer uso de argumentos diversos para convencer o seu auditório.

Mas pode ocorrer que o auditório seja o mesmo apenas na aparência. De fato, na teoria da argumentação, o auditório não é definido como o conjunto daqueles que escutam um discurso, mas antes como o conjunto daqueles aos quais visa o esforço da persuasão.[11]

Ainda sobre a possibilidade de se ter um auditório heterogêneo, assevera Bernard Meyer que:

A dificuldade é maior ainda quando os receptores são muito variados (por exemplo, um encontro com engenheiros e operários que devem ser convencidos de algo) ou desconhecidos. [...] Assim, a presença de um público heterogêneo em termos de idade, sexo e, sobretudo, origem étnica deve ensejar atenção maior, pois é indubitável que as reações do corpo, também chamadas de reações não verbais, são um fator defeedback não desprezível e estão estreitamente ligadas à nossa cultura.[12]

A Nova Retórica, diferente da Retórica clássica, sabe da possibilidade da argumentação se dirigir a auditórios distintos, razão porque se diz que “toda argumentação é relativa ao auditório” [13].

Logo, se se deseja argumentar, é imprescindível que o orador reflita sobre os argumentos que poderão influenciar um determinado auditório, pois se assim não for, incidirá no que PERELMAN designa depetição

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