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Análise Imagética: "O Eclipse" (Michelangelo Antonioni, 1962)

Por:   •  19/10/2016  •  Trabalho acadêmico  •  869 Palavras (4 Páginas)  •  249 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Maria Eduarda Martins Gambogi Alvarenga

Análise Imagética: "O Eclipse" (Michelangelo Antonioni, 1962)

Niterói

2014

Análise Imagética: "O Eclipse" (Michelangelo Antonioni, 1962)

A imagem acima, um still de "O Eclipse" (Michelangelo Antonioni, 1962) funciona como uma representação visual das intenções narrativas do filme. Eclipse se desenvolve sobre a história de Vittoria (Monica Vitti) que, após romper com seu namorado de longa data, Riccardo (Francisco Rabal), começa a se envolver com Piero (Alain Delon). Esse conflito central, entretanto, é apresentado de uma maneira completamente descentralizadas - sintática e semanticamente.

Antonioni recorta o corpo de seus personagens em de maneiras muito particulares, colocando-os frequentemente à serviço da plasticidade do quadro, arranjado como um dos muitos elementos dos apartamentos bem decorados do filme ou como borrões de tinta que se tensionam com as linhas estéreis da arquitetura da cidade. O interesse de Antonioni não se concentra, portanto, na história principal - o valor dos protagonistas não se sobressai ao valor de todos os outros elementos do apartamento, da rua, da cidade, de qualquer coisa que componha seu universo. O verdadeiro milagre (orquestrado pelo diretor) parece ser o encontro de varios desses elementos em uma harmonia instantânea, que só tem valor enquanto momento, durante a duração do plano e logo se desfaz.

Ao passo que a composição dos quadros do diretor é geometricamente meticulosa, cheia de linhas e sobreenquadramentos, o filme se trata justamente da volatilidade das relações humanas, que se consomem e se transformam o tempo todo, e da impossibilidade de sua adequação à qualquer estrutura. Essa natureza das relações, que foge à própria compreensão de seus agentes, é contraposta à todo momento com os grandes espaços e construções da cidade, obras humanas, como se construir fosse a nossa ambição eterna. Na impossibilidade de estruturar e delimitar suas ações, os personagens parecem delegar essa tarefa ao próprio espaço que ocupam. Enquanto o apartamento contém o casal, sua relação é embebida em uma intimidade tão intensa e juvenil que é quase perturbadora. Quando as portas se abrem, as personagens se distanciam na imensidão estéril da cidade, como duas moléculas de ar que se misturam à todas outras. A sua dilatação não tem um fim, a sua proximidade não tem um propósito. O seu breve encontro já ocorreu, e apesar de miraculoso, (em meio à todos os encontros que estamos sujeitos) não tem relevância nenhuma para o todo.

A linha que delimita o muro do terraço do prédio segue persistente até o centro da imagem e termina no nada, ilustra a abordagem quase niilista de Antonioni para com as relações. É preciso tensão para que elas se desenvolvam, as intenções de cada parte têm de ser confrontadas para que uma direção seja lapidada e seguida, e ainda assim, elas se esvaem sem nenhuma explicação no meio de todas as outras, macro e microscópicas, coexistindo na cidade. Os dez minutos finais do

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