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Imprensa Baiana em Anos de Chumbo

Por:   •  14/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.664 Palavras (11 Páginas)  •  226 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA – UFRB

     CENTRO DE ARTES, HUMANIDADES E LETRAS – CAHL

                             

                          CAMILLA SOUZA SAMPAIO

A IMPRENSA BAIANA EM ANOS DE CHUMBO

  UMA BREVE ANÁLISE

 CACHOEIRA – BA

            2015

CAMILLA SOUZA SAMPAIO

        

         A IMPRENSA BAIANA EM ANOS DE CHUMBO

                                       UMA BREVE ANÁLISE

   Artigo desenvolvido durante o componente curricular Comunicação e História, ministrado pela professora Dra. Hérica Lene, como parte da avaliação referente ao semestre 2014.2

CACHOEIRA – BA

           2015

A IMPRENSA BAIANA EM ANOS DE CHUMBO

                    UMA BREVE ANÁLISE

                                 Camilla Souza Sampaio¹

RESUMO:

 

Este artigo parte de uma análise sobre a Imprensa Baiana durante os 21 anos de Ditadura Militar vividos no Brasil (1964 – 1985). Para isso, realiza uma abordagem de interpretação dos quatro principais jornais baianos em circulação na época, ( A Tarde, Jornal da Bahia, Tribuna da Bahia e Diário de Notícias) e o posicionamento editorial de cada um deles, situando-os também no contexto histórico e social do estado. Além dos principais jornais em circulação, as publicações de orientação anarquista, ou de esquerda, são também abordadas; tendo como exemplo principal o jornal O inimigo do Rei.

Palavras-chave: Imprensa; Bahia; Ditadura militar;

INTRODUÇÃO:

   

  A história da imprensa durante o regime militar no Brasil é sempre tema de estudos e abordagens teóricas. Porém, estas abordagens quase sempre centralizam os fatos e registros sobre os jornais e veículos informativos da época na região sudeste, mais especificamente no eixo São Paulo – Rio de Janeiro, deixando de considerar as características e peculiaridades de outras regiões e estados brasileiros. Isto impossibilita uma compreensão específica sobre os variados produtos jornalísticos, e seus posicionamentos editoriais quanto ao modelo governamental da época.

   O golpe militar, ou revolução para alguns veículos, foi instaurado como uma justificativa às ameaças comunistas pelas quais passava o país, com os posicionamentos dos últimos presidentes anteriores ao regime: Jânio Quadros e João Goulart. De acordo com os militares, a proximidade diplomática dos governantes com a ilha socialista de Cuba e com a China ameaçava gravemente a democracia do país. Além disso, as Reformas de Base, medidas idealizadas por Jango e que priorizavam as reformas agrárias, tributárias e educacionais, por [pic 1]

exemplo, fizeram com que a imagem de João Goulart fosse associada ao comunismo.

  Por conta disso,no dia 31 de março de 1964, após manifestações contrárias e a favor de Jango, os militares instauraram o golpe militar, denominado por eles de Revolução, com o apoio dos Estados Unidos.

   Durante esse processo, vários jornais no Brasil apoiaram o regime militar, já que, segundo Joviniano Soares de Carvalho Neto², “a imprensa escrita sempre tomou posição majoritariamente liberal conservadora, a favor do capitalismo, a favor da abertura ao capital estrangeiro, voltada para o centro do mundo – Europa e EUA.”. Este posicionamento é compreensível a partir de levantamentos a respeito dos fundadores dos principais jornais do país, que em geral eram famílias tradicionais, ricas e influentes na política e vida social do Brasil.

   Não esperavam porém, que o governo dos militares, visto como uma medida para conter avanços e “ataques” comunistas e preservar a democracia que não iria durar muito tempo, se instaurasse com tamanha força e repressão. Com o decreto do Ato Institucional nº 5 (AI-5), a imprensa brasileira passa a sofrer censura prévia, e os jornalistas de alguns veículos passam a conviver diariamente com censores enviados pelos militares para revisar as matérias que sairiam na próxima edição. Sabe-se que desde o seu surgimento, a imprensa no Brasil esteve acompanhada das proibições de conteúdos, mas, a partir de 13 de dezembro de 1968, jornalistas brasileiros viviam a rotina de páginas em branco, vetos a matérias, prisões e torturas. Além disso, Carvalho Neto aponta que:

“Os militares acreditavam muito na infiltração comunista, no papel desagregador da imprensa e no paradigma da manipulação. Para evitar isso, criaram assessorias de Imprensa e enfatizaram o envio de notas oficiais. Na cabeça deles, a comunicação mais adequada era a transcrição na íntegra de documentos e notas oficiais”

   

   

   Diante deste contexto histórico, surgem questionamentos referentes aos periódicos baianos: Que linhas editoriais estes veículos adotaram no período? Qual o impacto da ditadura militar na Bahia? Houve jornais que, de algum modo, burlaram o regime? As respostas a essas questões foram buscadas através de depoimentos de jornalistas que trabalharam nos quatro principais jornais baianos, que conviveram diretamente com a adequação das redações às novas normas ditadas pelo militarismo.[pic 2]

  1. PRINCIPAIS JORNAIS BAIANOS EM FACE À CENSURA:

    No período de 1964 a 1985, a Bahia contava com quatro jornais em maior circulação: A Tarde, Tribuna da Bahia, Diário de Notícias e o Jornal da Bahia.. Na época, o diploma de jornalista não era obrigatório, (passou a ser após decreto dos militares) e, por isso, os jornais eram como escolas, e cada um, a seu modo, formava os jornalistas de acordo com a linha editorial.  Durante o regime militar, assim como os principais jornais brasileiros, os periódicos baianos tiveram limitado o seu principal papel: o de tornar público.

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