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O 11 DE SETEMBRO DEZ ANOS DEPOIS - ANÁLISE VEJA E ISTOÉ

Por:   •  22/6/2016  •  Monografia  •  13.734 Palavras (55 Páginas)  •  319 Visualizações

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1. INTRODUÇÃO

Em 11 de Setembro de 2001, a Al-Qaeda atacou os Estados Unidos e vitimou 2.753 pessoas inocentes de 70 nacionalidades. Embora os americanos fossem o alvo, o objetivo do grupo terrorista era atingir a mídia. Somente com o alcance da imprensa seria possível que os extremistas divulgassem ao mundo seu poder e sua força ideológico-religiosa, dissipassem medo e irradiassem terror.

Dez anos depois, nada é novidade na história do 11 de Setembro, mas o episódio ainda é notícia para a mídia. No Brasil, as revistas Veja e IstoÉ, as duas semanais de maior circulação no país, produziram reportagens especiais no mês de que marcou a primeira década do ataque. Esse Trabalho de Conclusão de Curso se presta a comparar as coberturas das duas publicações em relação aos seus caráteres interpretativos, sensacionais e tendências ideológicas.

A coleta de dados é feita a partir de fotos, textos e títulos das revistas, a fim de verificar a maneira como a mídia aborda o tema dez anos depois do atentado. Faz parte da pesquisa, realizar um briefing da história da imprensa, definir gêneros jornalísticos, reportagem, critérios de noticiabilidade, sensacionalismo e estudar a relação morte e imprensa. Ainda, abordar a história do terrorismo, conceituar suas diferentes classificações, sua relação com a mídia e descrever o 11 de Setembro.

Estudar esse tema é relevante para a área da comunicação, pois é de interesse público e de interesse do público. Uma oportunidade de pesquisar sobre algo marcante para a história mundial e a de milhares de pessoas. Ainda, essa monografia se presta em razão de a autora ter parentes que vivenciaram o atentado ao World Trade Center na cidade de Nova Iorque.

Para que o trabalho se concretize, selecionamos a pesquisa exploratória como processo metodológico, pois compara a maneira com que duas publicações noticiaram um mesmo fato. Para o desenvolvimento do estudo, utiliza-se a pesquisa bibliográfica associada à técnica de categorização de análise de conteúdos, uma vez que analisaremos fontes, livros e revistas cientificamente autênticas. A seleção das referências bibliográficas foi definida através de levantamento de obras que abordam temáticas de jornalismo, inclusive sua história e técnicas, e a mídia como mecanismo de expansão do terror.

No próximo capítulo apresentamos brevemente a história do jornalismo, seus conceitos e suas categorias, destacando o gênero interpretativo, analisadas sob a ótica de Nilson Lage, Luiz Beltrão, José Marques de Melo e Francisco de Assis. O jornalismo interpretativo está presente nas reportagens das revistas IstoÉ e Veja, objetos de estudo da pesquisa, afinal, caracteriza-se por informar minuciosamente todos os detalhes de um fato. Ainda, definimos reportagem e princípios de noticiabilidade conforme Nelson Traquina e Sergio Vilas Boas, sensacionalismo segundo Danilo Angrimani e a relação morte e imprensa, a fim de compreender seus impactos na sociedade.

Em seguida, no capítulo Terrorismo, veremos os conceitos de terrorismo e suas diferentes categorias, atentando para o novo terrorismo, pois é o 11 de Setembro enquadra-se nessa divisão, sob a ótica de Francisco Paulo de Melo Neto. Conheceremos, ainda, a ideologia-religiosa fundamentalista islâmica, adotada por extremistas como Bin Laden, e a relação da mídia com o terrorismo. Ao final desse capítulo, retomaremos a história do 11 de Setembro.

O episódio terrorista do 11 de Setembro nas páginas da Veja e da IstoÉ é tratado nesse capítulo conforme a teoria de análise de conteúdo de Laurence Bardin. As fotografias, títulos e textos analisados são submetidos à categorização da autora, sob os aspetos sensacional, interpretativo e ideológico. Verifica-se quais foram os destaques das publicações estudadas.

Como biografia complementar, destacam-se as obras de Jacques Waiberg sobre mídia e terrorismo e de Ciro Marcondes Filho sobre ideologia. Ainda, a obra Terror Global, de Demétrio Magnoli, que define os jihadistas da Al-Qaeda.


2. JORNALISMO

O início do relato da história da imprensa costuma se relacionar as grandes invenções, como a criação de recursos técnicos e o Renascimento europeu. Entretanto, a imprensa já existia “como possibilidade material muito antes da exigência social que a fez brotar” (LAGE, 2001, p.22). Assim, a imprensa não surgiu com a prensa de tipos móveis de Johannes Gutenberg em 1440, mas dois séculos antes, quando o papel era consumido regularmente nos países orientais.

O primeiro periódico em papel, denominado Notícias Diversas, foi publicado em 713 d.C em Pequim, na China. Através de rotas islâmicas, os moinhos de farrapos instalados na Espanha (século XII) e na Itália (século XIV) junto aos rios de curso rápido e águas claras obtiveram o know-how da fabricação do papel. Entre 1040 e 1050, Pi Cheng inventou os caracteres topográficos móveis de cerâmica, já os tipos de metal surgem na Coréia em 1390, meio século antes dos de Gutenberg.

As etapas de produção industrial de periódicos que compreendem composição, paginação e impressão eram primitivas, mas com os avanços tecnológicos, ocorreram modernizações. As notícias passaram a ser radiodifundidas, depois televisionadas e, então, com a chegada do World Wide Web, surgiram as cibernotícias ou notícias online. A generalização do uso do computador é a modernização que revolucionou a indústria gráfica. Desse modo, hoje, a composição não se faz mais com tipos móveis ou máquinas de escrever, mas com softwares especializados. Outras mudanças aconteceram na produção da paginação e impressão.

A ascensão da classe burguesa coincide, não acidentalmente, com a evolução da imprensa.  O desenvolvimento do comércio e o mercantilismo tornaram necessária a expansão da escrita para o registro de dados relativos aos seus negócios, por isso os periódicos, suas formas, conteúdos e técnicas moldavam-se para acompanhar as exigências da nova classe intelectual. Os mais famosos manuscritos para comerciantes eram os Avisi e os Zeitungem:

Os Avisi eram folhas manuscritas, copiadas várias vezes e frequentemente redigidas em proveito de ricos comerciantes ou banqueiros por pessoas que disso faziam profissão. Algo semelhante acontecia, por esse tempo, com as Zeitungem, da Alemanha. Tratava-se de natureza intelectual, assalariado ou contratado, no qual se exigia dado grau de alienação do autor em relação ao conteúdo e à finalidade do escrito (...) os Avisi e o Zeitungem dos séculos XIII e XIV dirigem-se a público relativamente aberto e não a alguém ou alguns (...) Quebrava-se o monopólio do Estado e Igreja sobre os meios de comunicação (LAGE, 2001, p.24).

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