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O Cinema Nacional

Por:   •  28/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.086 Palavras (13 Páginas)  •  193 Visualizações

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CINEMA NACIONAL: Um Longa-Metragem Brasileiro_______________________

Na Cinelândia, a luz se apaga, acende a vida e projetando sonhos na avenida os primeiros anos do cinema nacional foram marcados pela simultaneidade do mudo com o sonoro. Lá em 15 de março de 1930 é criado o primeiro grande estúdio do cinema brasileiro, a Cinédia. A Cinédia é fruto de discussões sobre uma consolidação da área e em seus os primeiros instantes, associasse ao modelo hollywoodiano de produção. Adhemar Gonzaga, sim ele, é quem constrói no Rio de Janeiro o primeiro grande estúdio. LÁBIOS SEM BEIJOS, MULHER e GANGA BRUTA são clássicos da época e foram gravados em disco e são grandes marcos do mudo ao sonoro. A companhia produziu cerca de 700 filmes até 1951 e atingindo seu ápice com O ÉBRIO (1946) que permaneceu em cartaz por 35 anos. A época de ouro da Cinédia coroa e consagra grandes ícones como Carmem Miranda, Adoniran Barbosa, Grande Otelo, Dercy Gonçalves, Dulcina de Morais, Oscarito e tantos outros, lançados pela companhia. Da cidade maravilhosa a terra da garoa, encontra uma melhor estrutura, mas as possibilidades de produção ficaram em baixa e a Cinédia retorna ao Rio depois de passar por dificuldades em São Paulo. Com uma estrutura melhor na zona oeste do Rio, a Cinédia vira referência internacional e até abre espaço para programas televisivos. Hoje produtora e co-produtora fílmica brasileira e memória viva das grandes produções históricas deste país.

Como é bom entrar em uma sala escura, esquecer do mundo e dar boas risadas. Doses de sagacidade, pontuando marchinhas com histórias engraçadas e divertidas, ares românticos e muita confusão, marcaram nossa história fílmica, as chamadas chanchadas. Chanchadas irreverentes e cômicas produzidas pela Atlântida Cinematográfica. Musicais, misturadas com elementos de filmes policiais e de ficção científica caracterizaram o gênero cômico de produzir filmes engraçados por aqui, importados de fora do país. A “porcaria” foi vulgarizada pela crítica nacional, que rotulou como chanchada, o significado de porcaria em espanhol. Grande responsável pela “porcaria” a Atlântida descobriu nos filmes de musicais carnavalescos um grande negócio que fez muito sucesso com público brasileiro.  O auge foi adotar argumentos, enredos e situações mais complexas, quando a formula musical já não era mais o mesmo o que garantiu ainda mais consolidação a Atlântida e as chanchadas voltam a atrair o público as salas de cinema parodiando o cinema Americano.

Em cena a lembrança do humor irreverente de Oscarito e Grande Otelo, Farney, Anselmo Duarte, Eliana, Fada Santoro, Adelaide Chiozzo, José Lewgoy, Renato Restier, e a direção inquestionável dos grandes Moacir Fenelon, José Carlos Burle, Watson Macedo, e Carlos Manga, que entre outros, encantaram o público durante os anos de sucesso da Atlântida e das chanchadas.

Com ambições comerciais, moldes americanos e toda uma estrutura de ponta para a época, a elite paulistana funda em 1949 a Cinematográfica Vera Cruz Ltda. Com novas tecnologias, técnicas e visão de mercado, nascendo e conquistando prêmios, como a do Festival Internacional de Cannes. O CAIÇARA, de Alberto Cavalcanti, TICO-TICO NO FUBÁ, de Adolfo Celi e o CANGACEIRO, de Lima Barreto são destaques da Vera Cruz, além de outros 40 longas e documentários, a produtora ganhou prestígio no cenário nacional. Como em uma grande produção a companhia teve problemas financeiros e com a falta de planejamento começa a ficar em segundo plano pra um caipira de Taubaté/SP que de modo caseiro começa a ganhar notoriedade pelo país com produções baseadas nas chanchadas, na vida cotidiana e simples do povo.

Seu nome? Amácio Mazzaropi!

Que fez do cinema um espelho da vida. Soube conduzir com maestria o que as pessoas gostariam de ver. Mazzaropi foi genial em provar que a vida é uma arte.

Antes disso, Mazzaropi teve passagem pela Vera Cruz. Foi contratado para estrelar a comédia SAI DA FRENTE, do diretor Abílio Pereira de Almeida. Com os problemas da Vera Cruz, Mazzaropi abre sua própria produtora a Pam Filmes – Produções Amácio Mazzaropi em 1958 e partir desse momento, passa a dirigir e produzir seus próprios filmes. Aluga os estúdios da Vera Cruz, para rodar em São Paulo sua primeira obra como produtor e ator. Afinal quem não conhece a história divertida de Zacarias, um pai de família humilde e que começa a trabalhar de CHOFER DE PRAÇA para bancar os estudos do filho em São Paulo?!

Mazzaropi vendeu sua casa pra rodar CHOFER DE PRAÇA (1958). E com o fim da Vera Cruz, Mazzaropi comprou todo o maquinário da Vera Cruz em um leilão e passou a rodar suas próprias produções.

Falando das histórias da vida, que Mazzaropi soube recriar, o Jeca Tatu foi o auge da dramaturgia da Pam Filmes. O Jeca era o retrato fiel do caipira vale paraibano da época. Inspirado nas obras de Monteiro Lobato, Jeca Tatu, era o caipira de fala arrastada, tímido, mas cheio de malícia, o que agradou e arrastou multidões para as telonas.

Mazzaropi soube transformar a arte em costume lotando as salas de cinema e ele dizia que não fazia filmes feitos pelo Brasil e sim para o Brasil.

Depois de um cinema engraçado e divertido com as chanchadas, em meio à realidade do cinema novo e as experiências do cinema marginal, José Mojica Marins, traz para o cinema, o medo, o suspense e os mistérios do terror. Mojica começa sua história cinematográfica ainda criança, quando com a família mudasse para os fundos de um cinema, o que possibilitou a Mojica crescer em meio ao fantasioso mundo cinematográfico. Gravou tudo aquilo que achava fora do comum, como acidentes e em 1970 cria o personagem mais assustador do cinema nacional pra época, o Zé do Caixão.

Ao contrário das gargalhadas divertidas de Mazzaropi, me diga quem nunca saio tremendo de medo ao ver À MEIA NOITE LEVAREI SUA ALMA (1963) onde Mojica traz pela primeira vez Zé do Caixão? O famoso coveiro que procura a “mulher superior” para gerar seu filho perfeito. Era cruel, sádico e principalmente temido por todos.

O Brasil não chega a criar uma tradição de terror e suspense como os hollywoodianos, mas tem um ciclo fértil e importante pra história aterrorizante fílmica nacional. Mojica emplaca filmes como diretor, produtor e não se resumiu apenas ao medo, produziu e dirigiu gêneros como o drama, faroestes a aventuras. E também trabalhou com as pornochanchadas, filmes com o teor comédia-sexo, populares pra época.

Um novo tipo de forma de fazer cinema surge a partir do golpe militar de 1964. Censurado, o cinema Boca de Lixo surge como uma produtora independente em São Paulo, desvinculado aos incentivos do governo militar. Época em que se levavam as latas dos filmes em carroças pelas ruas paulistanas. Sem capacidade financeira e nem ajuda governamental na época do Boxa de Lixo, as pessoas que produziam os filmes só trabalhavam quanto surgia um projeto fílmico, fora isso, quando não havia projeto, os trabalhadores não faziam nada. Na “boca”, na “butuca”, os profissionais ficavam aguardando o próximo projeto em que poderiam participar. Ganhavam uma miséria, pois o nível financeiro dos produtores da Boca era baixo e eles tinham pouquíssimo dinheiro e não pagavam bem. Na falta de um grande orçamento, os Bocas de Lixo utilizam o forte apelo erótico, conhecidos como Pornochanchadas. As Pornochanchadas não tinham ideia política ou anarquista, em geral tentavam e muitas vezes conseguiam acabar com a imagem conservadora da sociedade, sendo um sucesso nas telonas por causa das histórias sem sentido, de linguagem fácil, excesso de comédia e claro, com apelo erótico, o que garantiu um grande sucesso. O termo pornochanchadas surgiu em decorrência do local onde os Bocas de Lixo ficavam instalados, uma região no centro de São Paulo onde existiam muitas boates e bordéis. Foram criados filmes independentes, sem financiamento público, mas com um mercado de venda e distribuição que faturou muito.

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