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O Risco de imagens manipuladas no jornalismo

Por:   •  29/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  698 Palavras (3 Páginas)  •  185 Visualizações

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O risco de imagens manipuladas no jornalismo

Samia Cristina Souza

Historicamente sabe-se que o jornalismo nasce em meados do século XVI na Europa com o intuito de relatar acontecimentos da corte. “A imprensa noticiosa não é uma invenção norte-americana do século XIX, mas sim uma invenção europeia dos séculos XVI e XVII” (SOUZA apud PEUCER, 2004, p. 34). Mesmo sendo uma das profissões mais antigas, o profissional jornalista precisa modernizar-se para acompanhar os avanços de cada época, mas sem perder sua essência.

O jornalismo é a síntese do espírito moderno: a razão (a “verdade”, a transparência) impondo-se diante da tradição obscurantista, o questionamento de todas as autoridades, a crítica da política e a confiança irrestrita no progresso, no aperfeiçoamento contínuo da espécie. (MARCONDES, p. 9, 2000)[1]

  

Com redações cada vez mais enxutas, o jornalista precisa se adaptar para produzir conteúdos além do texto. Desde a sua criação, a fotografia ganha destaque pela sua característica visual, possibilitando mostrar o que se é dito. Mas nem sempre é assim. A tecnologia pode ser usada tanto para o bem quanto para o sensacionalismo. É o caso de excesso de edição em imagens que, em alguns casos, podem dar outra interpretação do fato e até mesmo expor uma mentira.

Quando o atentado em Paris ocorreu, em 2015, o jornal espanhol La Razon publicou uma foto manipulada onde acusava um homem de ser um dos responsáveis pelo atentado.[2]

[pic 1]

Fonte: CBC, 2015.

        No entanto, foi descoberto que o homem na foto se chama Veerender Jubbal, canadense, e sem nenhuma ligação com o Islamismo.

[pic 2]

Fonte: CBC, 2015.

        Uma manipulação de imagem poderia ter custado a vida do canadense. Não se sabe se foi o jornal que modificou ou se a foto foi enviada para o veículo; de qualquer forma, não houve uma apuração do fato antes da publicação, resultando em um pedido público de desculpas após a imagem ser desmentida. Esse é apenas um exemplo de muitos que acontecem pelo mundo pela falta de checagem ou até mesmo pelo sensacionalismo.  

Com equipamentos melhorados, é cada vez mais difícil identificar uma manipulação. “o que é novo é o facto de a manipulação digital de fotografias ser fácil e de difícil ou virtualmente impossível detecção por um observador que não tenha visto o acontecimento fotograficamente representado” (SOUZA, 1999, p.76)[3]

Engana-se quem pensa que o problema no meio jornalístico com a manipulação de imagem acontece apenas nos dias atuais. O autor cita, em seu texto “A tolerância das fotojornalistas portugueses à Alteração Digital de Fotografias jornalísticas”, de 1999, outros dois casos que aconteceram no final de 1997.

A Newsweek publicou na capa uma fotografia da senhora de Iowa que teve sete gémeos. Os dentes da senhora estavam estragados, mas na imagem reluziam de brancura. No mês seguinte, na Suiça, um jornal decidiu avermelhar a àgua que descia do templo de Hatschepust, em Luxor, no Egipto, dizendo que se tratava do sangue dos turistas assassinados pelos fundamentalistas islâmicos. (SOUZA, 1999, p.76)[4]

Ao escrever uma reportagem com base em fotografias - uma fotorreportagem - é necessário ter cuidado redobrado. A câmera por si só já dá a possibilidade de manipulação do que se é mostrado: o ângulo em que a foto é tirada, as regulagens do equipamento, o foco. O jornalista deve preservar a sua essência, o seu compromisso com o real e com a verdade.

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