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O Turno da Noite – David Riesman | A arte na sociedade unidimensional – Herbert Marcuse

Por:   •  13/12/2017  •  Resenha  •  1.457 Palavras (6 Páginas)  •  492 Visualizações

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Resenha 1: O Turno da Noite – David Riesman

No presente artigo escrito por David Riesman, sociólogo norte-americano, são abordadas as mudanças na significação da alimentação e do sexo entre as pessoas ‘autodirigidas’ e as ‘alter/heterodirigidas’ da classe média, conceitos esses do mesmo autor. Ao longo desse texto podem-se perceber características divergentes entre esses dois grupos, em sua forma de lidar com o mundo e na influência que as relações sociais têm em cada um deles.

O autodirigido é aquele que acredita que necessita poupar para ter segurança, procura acúmulo de bens por meio do trabalho, vive visando o futuro, guardando para sua velhice, portanto desaprova tudo o que não seja lucrativo e vantajoso. Esse tipo está, em suas características, ligado ao Modernismo (período da Renascença até o séc. XIX), a sociedade industrial que estabelece o caráter capitalista, a afirmação do homem por si. É um ávido consumidor. Para a construção desse indivíduo o surgimento e relevância das mídias de massa também é importante, uma vez que não é mais só a tradição familiar que baseia seus princípios. Ele vive se adaptando a uma sociedade em mudança a partir das novas tecnologias, quer fazer uso da mobilidade social e acumular para chegar a um nível econômico melhor, e tendo esse objetivo, se abstém de tudo que possa o atrapalhar, vendo prazeres como uma tentação que tira seu foco do objetivo final, exigindo, assim, severidade quanto à satisfação de desejos que não tem a ver com suas reservas para o amanhã.

Por outro lado, há o alterodirigido, vivendo na chamada sociedade de consumo com o modelo capitalista já consolidado, que na pós-modernidade valoriza as sensações que o produto consumido proporciona, não apenas possuir algo por mero acúmulo; já não há mais a estabilidade antiga e a validez na propriedade. O que evidencia a ligação do surgimento desse sujeito com o pós-modernismo são fatores como: o consumo é um fator essencial para compreensão e existência tanto do alterodirigido e quanto do pós-modernismo; o que importa é o imediato, o aqui e o agora presente. Assim, enquanto o tipo anterior visava ao ajustamento numa sociedade de poupança, o alterodirigido supõe o ajuste a uma sociedade que ultrapassou essa etapa. O acúmulo não é mais incentivado e há a obsolescência programada dos produtos. Portanto, o consumo não é mais quantitativo e sim qualitativo. Outra característica desse indivíduo é que ele espera a aprovação dos outros e seus contemporâneos são sua principal direção, ele sempre quer detectar o que estão pensando à sua volta, prestando atenção aos sinais que vêm dos outros e em busca da aprovação (é interessante observar que no pós-modernismo o consumo também serve para se reafirmar, ser aprovado e aceito em algum grupo).

As mudanças que Riesman aborda em relação às atitudes quanto à alimentação e à prática sexual são, em grande parte, mais fáceis de compreender a partir do entendimento de quem são os autodirigidos e os alterodirigidos. Tendo em vista os pontos do texto no assunto alimentação, o autor coloca que entre os autodirigidos a alimentação não era um tema razoável para discussão, os cardápios eram padronizados, homens praticamente nunca falavam sobre cozinhar, ou seja, era algo mais sólido (como o modernismo) e conservador. Já a alimentação para alterodirigidos apresenta-se muito mais qualitativa, a comida deve ter gosto bom e não apenas nutrir, as pessoas não cozinham apenas o padrão básico, mas fazem o que gostam, suas especialidades gastronômicas, e os homens agora se mostram “pilotos de fogão” igualmente. Comida não só é um assunto para discutir nos círculos sociais, agora é motivação até para reality shows, de modo que a alimentação também é consumida como entretenimento. As pessoas não querem apenas comer, mas degustar, ter sensações. O autor também cita que os hábitos alimentares podem ser indícios de classe econômica e social, de intelectualidade, demonstrando o status das pessoas e definindo classes menos pelas riquezas e mais em termos de quem é sociável com quem, dos modos de consumir, o que faz lembrar o movimento contemporâneo do veganismo, que não é só um modo de alimentação e consumo – de roupas, calçados, produtos – mas um grupo social sociável entre si, que em geral faz parte da classe média.

Quanto à vida sexual, Riesman demonstra diferenciação no modo como se encara o assunto. Na autodireção, o sexo podia ser inibido ou era simplificado, pois haviam os mais diversos tabus e tradições envolvendo o tema. Fazer sexo tinha tempo e local determinado e próprio, servia para consolidação de bens e era quase mais ligado a isso e a reprodução humana do que ao prazer – principalmente no caso das mulheres. O modo alterodirigido, onde o sexo tem mais importância do que apenas satisfação de uma necessidade fisiológica, se propaga por quase toda a sociedade na mesma fase em que o trabalho se transformou em algo rotineiro e cheio de supervisão, e o sexo se torna um modo de fugir da monotonia e da apatia. Ele se torna um bem de consumo: enquanto o tipo anterior perseguia a aquisição material e era isso o que dominava o seu imaginário, o alterodirigido vê muito menos excitação em acumular bens, porém o sexo, esse sim, pode dominar a mente desse indivíduo na busca por prazer e sentimento de estar vivo. Para a pessoa alterodirigida o sexo é como um teste qualitativo de habilidade de atração e de desempenho. Hoje em dia o sexo carrega o dever de ser realmente estimulante, o que remete a característica

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