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Repertório: Uma proposta pedagógica no ensino superior de jornalismo

Por:   •  2/2/2017  •  Artigo  •  1.978 Palavras (8 Páginas)  •  458 Visualizações

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Repertório: Uma proposta pedagógica no

Ensino Superior de Jornalismo – Relato de experiência[1]

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Resumo: Este artigo traz o relato de uma experiência didática, denominada “Repertório”, realizada com 39 alunos de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa, em 2011, com o objetivo de provocar reflexões sobre a importância do nível intelectual de um jornalista, sua bagagem cultural e de contribuir ao enriquecimento intelecto-cultural de cada um dos participantes. A prática pedagógica mostrou-se dinâmica e sintonizada à educação participativa de  Paulo Freire. Apesar da falta de comprometimento com a qualidade por parte de alguns, a prática mostrou-se inovadora e impactante e respostas ao questionário da pesquisa realizada, anonimamente, com os alunos, apontam para a continuidade da atividade, com outras turmas, em outros semestres.

Palavras-chave: ensino do jornalismo; prática jornalística; repertório; educação participativa; bagagem cultural.

INTRODUÇÃO

        Segundo Lannes (2009), apesar das contínuas críticas enfrentadas pelo ensino do jornalismo no Brasil, há uma “necessidade premente de adaptações das pedagogias adotadas nas salas de aula.” (LANNES, 2009, p. 245). As discussões sobre a prática do ensino jornalístico, como informa o professor e jornalista, giram em torno de carga horária mínima para a boa formação, o tempo de duração do curso, validade do diploma, formas de avaliação e “prioridades de ênfase nos conteúdos teóricos e práticos ministrados durante o curso” (LANNES, 2009, p. 244).

        Sem aprofundar em discussões sobre formas de avaliação e sem tratar da questão dicotômica teoria e prática no ensino superior do jornalismo, este artigo, através do relato de uma experiência didática, pretende provocar reflexões sobre a importância do nível intelectual de um jornalista, sua bagagem cultural. Para Dines (1986), a profissão de jornalista exige técnica, astúcia e cultura. Somente dessa forma, segundo o autor, o retrato de um acontecimento se engrandece e o verdadeiro jornalismo se realiza. “A reportagem também é uma arte porque nela entra toda a bagagem subjetiva de quem a faz”, defende Dines (1986, p. 49). Ao tratar do fundamental gênero jornalístico, a reportagem, Amaral também marca a importância da formação intelectual do profissional do jornalismo. Segundo ele, “reportagem é a representação de um fato ou acontecimento enriquecida pela capacidade intelectual[3], observação atenta, sensibilidade, criatividade[4] e narração fluente do autor. “(AMARAL, 1997, p.3).

        Partindo de reflexões de importantes pensadores, observando nossos futuros jornalistas e buscando uma renovada e dinâmica prática pedagógica que provocasse nos alunos uma reflexão sobre a educação e o mercado de trabalho, a professora da disciplina Jornalismo interpretativo, do curso de jornalismo da Universidade de Viçosa, no segundo semestre de 2011, propôs a atividade “Repertório” como ação de enriquecimento intelectual e cultural, exercício criativo e livre, prática de uma educação participativa onde todo aluno poderia “dizer sua palavra”, assim como ensinava Paulo Freire, em Educação como prática de liberdade. Segundo a pedagogia Freireana, o ensino baseia-se no diálogo, na liberdade e no exercício de busca ao conhecimento participativo (FREIRE, 1999).

Defendendo a importância de se expor à criatividade para ser criativo (MUCCI DANIEL, 2010), concordando que ótimos jornalistas precisam adquirir bagagem intelectual e cultural, foi proposta uma atividade pedagógica para além da teoria e da técnica jornalística. O momento não era o da pesquisa nem o da técnica. O que mais importava eram a troca cultural e o aumento do repertório de cada um dos 39 alunos do quarto período do curso de jornalismo que cursavam a disciplina Jornalismo interpretativo. 

MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

        Inicialmente, alunos e professora discutiram sobre o perfil do jornalista atual que, além de dominar as técnicas jornalísticas e transitar entre os meios impresso, eletrônico e digital, precisa estar plugado aos acontecimentos do mundo. A bagagem cultural de um jornalista reflete e influencia seu trabalho, desde o momento de produção da pauta até entrevistas e edição de textos. Em seguida, o conceito de repertório foi apresentado. Entendido como conhecimento prévio, presente na memória e na inteligência de cada um, o conceito de repertório na Teoria da Informação de Claude Shannon refere-se ao nível de conhecimento do receptor, o seu nível cultural, a sua instrução. No senso comum, quando se comenta que alguém possui reportório, significa que é uma pessoa versada em vários assuntos, possuidora de um bom conhecimento geral. A partir dessa conceituação, chegou-se ao consenso da importância de um bom repertório para um bom profissional do jornalismo. Nesse momento, apresentou-se a atividade pedagógica denominada Repertório que, além de pretender contribuir ao enriquecimento intelectual de cada um, poderia ser uma alternativa à produção do artigo científico, atividade de avaliação, comumente usada no Sistema de Avaliação de instituições de ensino superior, que havia sido inicialmente pensada no Programa Analítico da disciplina. A maioria aceitou a proposta, com exceção de sete alunos que preferiram produzir o artigo. Esses alunos foram atendidos e só participaram no encerramento da atividade, como voluntários, e não foram avaliados por isso.

        Após a adesão da nova atividade, os alunos foram divididos em 3 grupos de 10, 10, e 12 pessoas, respectivamente. E a cada semana, os membros de um grupo apresentavam, individualmente o seu repertório.

        Com os recursos data show, quadro e giz, caixas de som, cada aluno apresentava, a todos, algo que considerava interessante de ser mostrado, do ponto de vista cultural: trailers de filmes e seriados, músicas, sites, trechos de espetáculos, livros, personagens reais, fotos, ilustrações, entre outros.

        No último dia da atividade, três repertórios foram escolhidos por aqueles alunos que optaram produzir o artigo científico, através dos critérios “ineditismo e “interessante”. Os ganhadores receberam um kit “Agrados”, composto de pequenos e lúdicos objetos, tais como iô-iô, CD de nova banda mineira, trena, chocolate, caneta, marca-textos, bombom, bloquinhos, etc.

        Ao final, todos foram convidados a preencher um questionário anônimo de pesquisa, inclusive os que produziram o artigo científico, a fim de que a proposta pedagógica Repertório fosse avaliada.

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