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A Conceção Ortodoxa (ou sintática) das Teorias

Por:   •  26/12/2022  •  Ensaio  •  4.079 Palavras (17 Páginas)  •  72 Visualizações

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Miguel Cariano Lopes

Aluno de Engenharia Biológica no Instituto Superior Técnico, nº100538

Discente da cadeira de Filosofia do Conhecimento Científico

Novembro de 2022

A Conceção Ortodoxa (ou sintática) das Teorias

INTRODUÇÃO

Na primeira metade do século XX o panorama da filosofia da ciência foi dominado pelo Positivismo Lógico, o qual propugnava uma reconstrução lógica da linguagem científica, com base na suposta possibilidade de subdividir o vocabulário da ciência em uma parte teórica e uma parte observacional. Essa divisão no plano linguístico espelharia uma dicotomia existente no plano empírico, entre entidades observáveis e entidades inobserváveis (Nogueira, 2020).

O Positivismo Lógico ou, como também é conhecido, Empirismo Lógico, foi o movimento responsável pelo apogeu das discussões em torno do conhecimento científico e da institucionalização da Filosofia da Ciência enquanto campo de pesquisa e disciplina autónoma.

Na opinião de Feigl (2004) para compreender o objetivo da abordagem à Filosofia da Ciência, é essencial distingui-la dos estudos históricos, sociológicos ou psicológicos de teorias científicas. Ele defende a legitimidade e a fecundidade desta distinção antes de discutir quais são, na sua opinião, os pontos mais problemáticos na descrição lógico-analítica “ortodoxa”. A distinção e, relacionada com ela, a ideia de uma reconstrução racional vem do tempo de Aristóteles e Euclides. Na descrição de Aristóteles da lógica dedutiva, há uma tentativa pioneira de tornar explícitas as regras de validade da inferência necessária, formulando explicitamente algumas das formas das proposições envolvidas no raciocínio dedutivo. Euclides já tinha uma noção bastante clara da diferença entre verdades lógicas ou “formais” e verdades extralógicas. Isto aparece explicitamente na sua distinção entre os axiomas e os postulados da geometria. Do ponto de vista moderno, é imperativo distinguir entre a correção (validade) de uma derivação – seja na demonstração de um teorema na matemática pura ou numa demonstração correspondente na matemática aplicada (como a física matemática) – e a adequação empírica (confirmação ou corroboração) de uma teoria científica, dedutivas.

Desde a Filosofia Antiga e Clássica, passando pelos grandes pensadores do Racionalismo Clássico e Iluminismo, até à Filosofia do Séc. XX, as Teorias sempre tiveram um papel preponderante nas suas premissas e são a base de qualquer investigação científica respeitada e aceite pela comunidade científica.

DESENVOLVIMENTO

Todo o ser humano vive de acordo com um determinado modo de vida e foca-se sobre questões existências ou sobre a condição humana.

As Teorias desempenham o seu papel nesta procura.

“Uma teoria é usualmente introduzida quando um estudo prévio de uma classe de fenómenos revelou um sistema de uniformidades que podem ser expressas em forma de leis empíricas. A teoria procura então explicar essas regularidades e, em geral, proporcionar uma compreensão mais profunda e mais apurada dos fenômenos em questão” (Hempel, 1974). Ainda segundo este autor, as teorias são úteis e geralmente usadas quando existem estudos antecedentes, sobre de um grupo de eventos, sobre os quais se revelaram algumas analogias e que podem ser expressas de modo empírico. A teoria procura explica-las e, em geral, “proporcionar uma compreensão mais profunda e mais apurada dos fenómenos em questão. Com este fim, interpreta os fenómenos como manifestações de entidades e de processos que estão, por assim dizer, por trás ou por baixo deles e que são governados por leis teóricas características, ou princípios teóricos, que permitem explicar as uniformidades empíricas previamente descobertas e, quase sempre, preveem “novas” regularidades”.

Segundo Hempel (1974), por vezes, surge a tentação de afirmar que as teorias refutam as leis previamente estabelecidas em vez de explicá-las. Contudo, isso seria distorcer a visão proporcionada pelas mesmas que, ao contrário, justificam com rigor a aproximação em que valem as generalizações empíricas. Para o mesmo autor, uma boa teoria pode alargar o nosso conhecimento e a nossa compreensão na sua capacidade de predizer e explicar fenómenos desconhecidos até ao momento da sua formulação.  

Exemplo disso é a Teoria Maxwelliana do eletromagnetismo, que vaticinou a existência e características importantes das ondas eletromagnéticas, que mais tarde foi confirmada pela investigação científica de Hertz, base da tecnologia da radiotransmissão e de tantas outras aplicações.

Para a formulação de uma teoria necessitamos da especificação de dois tipos de princípios, que são os princípios internos e os princípios de transposição. “... internos terão como princípio caracterizar as entidades e os processos básicos invocados numa teoria, assim como as leis a que supostamente obedecem. Os últimos indicarão como estes processos estão relacionados aos processos empíricos com que já estamos familiarizados e que a teoria pode então explicar, predizer ou retrodizer...” (Hempel, 1974). Como exemplo, Hempel, em 1974 apresenta o seguinte: na teoria cinética dos gases, os princípios internos são os que caracterizam os “microfenómenos” ao nível molecular e os princípios de transposição são os que ligam certos aspetos dos “microfenómenos” a correspondentes feições “macroscópicas” de gás.

Para Díez e Moulines (1999) as Teorias Científicas são entidades que se estendem ou perduram no tempo e que permanecem, apesar das mudanças. Isso pressupõe que o estudo puramente sincrónico que os considera como entidades estáticas, constituem apenas uma primeira aproximação que deve ser completada com uma análise diacrónica que dê conta da natureza persistente dessas entidades, ou seja com uma cinemática de teorias.

Ainda, segundo os mesmos autores Díez e Moulines (1999), uma Teoria axiomática é um conjunto de afirmações sobre um determinado âmbito da realidade. Estas são analisadas ou reconstruídas como tendo uma determinada estrutura que expressa as relações que as várias afirmações e os vários termos ou conceitos com os quais tais afirmações são feitas entre si. A nomeada estrutura é a do cálculo axiomático ou, simplesmente, teoria  axiomática, e aplica-se igualmente às teorias empíricas e puramente formais; a diferença é que nessa noção se esgota a análise das segundas, mas não nas primeiras, que se devem complementar com elementos adicionais.

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