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A Influencia Da Industria Cultural No Meioescolar

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Por:   •  23/9/2013  •  1.724 Palavras (7 Páginas)  •  643 Visualizações

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RESUMO: Este artigo trata de uma das variáveis presentes no meio escolar que a cada dia ganha mais espaço nas áreas sociais ¾ a Indústria Cultural. Este termo conhecido desde 1947, através de Adorno & Horkheimer, com o lançamento da obra Dialética do Esclarecimento, denuncia que, nas relações de troca de mercadorias a que são reduzidas todas as relações sociais, o produto cultural perde seu brilho, sua unicidade, sua especificidade de valor de uso. Quando se transforma em um valor de troca, dissolve a verdadeira arte ou cultura.

Palavras-chave: Indústria Cultural, Escola.

 

 

A Educação no Brasil tem sido alvo de muitos estudos e pesquisas no sentido de não só descobrir seus problemas, mas, também, contribuir para a solução dos mesmos. Este trabalho procura revelar uma pequena parte da escola na sua imanência e levantar alguns pontos para reflexão dos educadores e interessados na educação brasileira.

Segundo Otaíza de O. Romanelli (1986, p. 23), a educação no Brasil é profundamente marcada por desníveis e, por isso, a ação educativa se processa de acordo com a compreensão que se tem da realidade social em que se está submerso. Nesse processo, dois aspectos se distinguem: o gesto criador ¾ que resulta do fato de o homem "estar-no-mundo e com ele relacionar-se" transformando-o e transformando-se; e o gesto comunicador ¾ que o homem executa e, assim, transmite a outros os resultados de sua experiência. Desta forma, na medida em que se transforma, pelo desafio que aceita e que lhe vem do meio para o qual volta sua ação, o homem se educa.

É, portanto, no campo das relações e transformações sociais, apontado pela autora, que caminharemos no desafio de descobrir o que acontece na escola, que permite ao nosso aluno este exercício de se educar.

Um primeiro aspecto a considerar, embora não seja novidade para quem já está inserido no meio educacional, é a existência das camadas dominantes que, com o objetivo de servir e alimentar seus próprios interesses e valores, organizam o ensino de forma fragmentada. A história da nossa Educação está marcada por momentos em que, por puro interesse da burguesia, sofremos transformações no nosso sistema escolar, com o único objetivo de atender a tais interesses capitalistas. No aforismo O ensino na esteira de Ford, Ramos-de-Oliveira (1998, p. 21-22) revela-nos uma fotografia deste fato, mostrando que se faz "moderno" automatizar vários campos e atividades:

Eis aí o ensino modernizado: grandes unidades para produção do conhecimento. Tudo segundo a ciência norte-americana pragmática e sistêmica: a escola é a grande caixa preta industrial, seu input são os alunos ignorantes, seus output são os alunos diplomados, ou melhor, alguns como produtos com o selo do controle de qualidade, outros destinados ao submercado ou simplesmente refugados. Estamos entrando no industrialismo moderno, na mecânica do fordismo.

Outra realidade que cerca a estrutura escolar é a política. Quem se aventura a entender a educação não poderá jamais ignorar as questões políticas envolvidas no processo educativo. Ela se apresenta como um jogo que procura mostrar uma realidade deformada, mais uma vez, pelos interesses dos poderosos, menosprezando o contexto social em que o homem está inserido.

Um outro fato que a cada dia se faz mais real no meio escolar e que talvez não seja tão conhecido ainda é a Indústria Cultural, que a cada dia ganha mais espaço dentro das mais variadas áreas sociais. Chega e invade também a Escola, sem que nos apercebamos de seus perigos e influências.

Indústria Cultural é um termo conhecido desde 1947 com o lançamento da obra Dialética do Esclarecimento, de Adorno e Horkheimer. A intenção destes autores era denunciar que, nas relações de troca de mercadorias a que são reduzidas todas as relações sociais, o produto cultural perde seu brilho, sua unicidade, sua especificidade de valor de uso. Quando se transforma em um valor de troca, dissolve a verdadeira arte ou cultura.

Bárbara Freitag (1989, p. 57-60), numa leitura desses autores, afirma que o produto (original ou reproduzido) da Indústria Cultural visa entorpecer e cegar os homens da moderna sociedade de massa, ocupar e preencher o espaço vazio deixado para o lazer, para que não percebam a irracionalidade e a injustiça do sistema capitalista. Assim sendo, preenche sua função de seduzir as massas para o consumo, com "promessa de felicidade", transformando o consumidor em um indivíduo acrítico e inconsciente.

Um dos instrumentos usados pela Indústria Cultural, de fácil acesso à população, é a televisão. Ela chega à escola, quer através de programas governamentais, quer através de informações veiculadas por professores, alunos, diretores e funcionários. Com isso, cria necessidades que muitas vezes não se tem, por meio dos mais diversos recursos visuais, com efeitos especiais e publicidade, com uma linguagem de sedução e convencimento, despertando o desejo de consumo. Reforça estereótipos muitas vezes criticados por todos nós quanto a preconceitos, raças, classes sociais etc. Desta maneira, contribui para deformar a percepção da realidade, por meio da reprodução de situações que passam a fazer parte do cotidiano.

O pedagogo espanhol Joan Ferrés, autor de livros como Televisão e educação, Televisão subliminar e Vídeo e educação, em entrevista à Revista Nova Escola (dez. 1998), afirma que "uma escola que não ensina como assistir à televisão é uma escola que não educa". Observa ainda que o meio escolar tende a adotar atitudes unilaterais diante do fenômeno da televisão. Citando Umberto Eco, Ferrés ainda lembra que atitudes extremistas acabam confluindo para resultados semelhantes:

A atitude mais adequada é a aceitação crítica, o equilíbrio entre o otimismo ingênuo e o catastrofismo estéril, um equilíbrio que assuma a ambivalência do meio, as suas possibilidades e limitações, as suas contradições internas. (Nova Escola, dez. 1998)

Pierre Bourdieu, em Sobre a televisão (p. 65), referindo-se a sua estrutura invisível e seus efeitos, tomando como referência o mundo do jornalismo que tem suas leis próprias e que é definido por sua posição no mundo global, afirma: "Nossos apresentadores de jornais televisivos, nossos animadores de debates, nossos comentaristas esportivos tornaram-se pequenos diretores de consciência que se fazem, sem ter que forçar muito, os porta-vozes de uma moral tipicamente pequeno-burguesa, que dizem `o que se deve pensar' sobre o que chamam de `os problemas de sociedade', as agressões nos

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