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A Naturalização Do Empreendedor

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Por:   •  6/10/2014  •  Trabalho acadêmico  •  828 Palavras (4 Páginas)  •  160 Visualizações

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. INTRODUÇÃO

"Empreendedorismo" é um termo que tem estado presente no vocabulário da Economia e da Administração e também no senso comum, mas que, contudo, pouco tem feito parte das pesquisas das Ciências Sociais. Atualmente, tem-se com grande freqüência anúncios, publicações de livros e revistas, programas de televisão, cursos no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e nas universidades, todos os quais divulgam o empreendedorismo. Isso faz com que o termo e as idéias que ele carrega enraízem-se no pensamento social de modo a parecerem "óbvias", naturais, como se sempre tivessem existido da forma como dá-se hoje. Procuraremos, então, desvelar essa percepção ao investigar quais são os atores que produzem e difundem tais idéias.

A comunicação aqui apresentada faz parte de uma pesquisa em desenvolvimento que tem como objetivo discutir as formas de adesão ao mundo econômico, levando em conta que a empresa enquanto instituição é também uma produtora de significados para seus membros. Para contextualizar, sabe-se que, a partir dos anos 1980, iniciou-se uma substituição do paradigma do modelo de organização fabril. Ao contrário do modelo fordista, a produtividade passou a ser alcançada com a mobilização dos recursos internos da fábrica (materiais e humanos) para adequar a produção à demanda. Todos os setores da fábrica, agora, voltam-se a agradar o cliente por meio da diferenciação e qualidade dos produtos. O toyotismo introduziu a exigência de polivalência e flexibilidade aos trabalhadores, adaptados agora a máquinas multifuncionais. Por outro lado, passa a responsabilizar esses mesmos trabalhadores individualmente e a vincular seu sucesso ou fracasso à colaboração com a empresa, ao enfatizar que eles tenham autonomia nela (CASTRO & LEITE, 1994; HIRATA, 1998).

Por outro lado, a empresa também tem sofrido influências da esfera financeira em razões dos imperativos da globalização. Por exemplo, difunde-se a necessidade de mudança das organizações, no sentido de diminuir o seu tamanho e o seu custo (USEEM, 1996, p. 185). Além disso, as teorias econômicas e da administração lançaram nas últimas décadas um enorme conjunto de ferramentas e justificativas para realçar a primazia dos interesses do acionista da empresa. O acionista é comparado a um observador exterior à empresa, o qual irá decidir se aplica ou mantém os seus recursos nela. Portanto, os resultados da empresa passam a visar a ação desse investidor.

A teoria da agência interpreta a empresa como um feixe de contratos. Aplicada às relações industriais, tal teoria muda a idéia do Direito e a idéia de que os trabalhadores são indivíduos colocados em condição de subordinação pelo contrato de trabalho. Agora, os trabalhadores devem assemelhar-se aos prestadores eventuais de serviços, como os consultores (FAMA, 1980). Tanto contabilmente quanto em termos de organização, a empresa pode ser entendida como um conjunto de unidades independentes, apenas provisoriamente trabalhando em conjunto.

Outra técnica pela qual a empresa conecta-se à lógica do mercado financeiro é por meio da governança corporativa. Esta baseia-se na idéia do "reinado dos acionistas", mas também leva em consideração os interesses das diversas partes envolvidas (stakeholders). A idéia de democratização, que perpassa as boas práticas de governança corporativa,

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