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Argumentos Morais Na Apologia De Sócrates

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Por:   •  6/12/2014  •  1.547 Palavras (7 Páginas)  •  287 Visualizações

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Apologia de Sócrates se trata da obra em que Platão relata o julgamento e a condenação de seu mestre pelo tribunal de Atenas no ano 399 a.C. As acusações apresentadas contra Sócrates foram: não aceitar os deuses reconhecidos pelo Estado, introduzir novos cultos e corromper a juventude.

Para se defender, o réu escolhe a si mesmo e, logo no início de sua defesa começa por rebater a opinião espalhada pelos acusadores aos juízes de que deveriam se precaver diante de suas palavras, pois ele se tratava de um formidável orador, e a isto Sócrates responde: "eis o que me pareceu a maior de suas insolências, salvo se essa gente chama formidável a quem diz a verdade" (Platão, p.65)

O que já se pode notar logo no início do julgamento é o comprometimento que o acusado tem em dizer e promover a verdade. Este ato, somado a muitos outros encontrados no texto já se configura como a base a que deve se assentar todo o argumento moral. Para que um debate moral tenha validade, o primeiro princípio é o de que a verdade esteja em tudo o que seja dito, porque, se for de outra maneira, conseqüentemente não há como se chegar a conclusões que sejam verdadeiras.

O debate moral se vale de reflexões e abstrações que almejam fornecer respostas verdadeiras ou ideais às mais variadas situações em que o homem se encontra. Já dentro de um tribunal, não necessariamente a busca pela verdade será levada em conta pelos juízes, mas sim a obediência a que estes devem às leis. No caso, Sócrates seguiu os ideais éticos em que acreditava, expondo aos jurados que todas as suas atitudes eram morais e que não havia, em momento algum, agido de acordo com as ações que o acusavam de ter realizado, diferentemente de seus acusadores, que eram motivados por questões pessoais.

As motivações dos que o acusavam eram, em sua maioria, políticas. Sócrates provocava temor às elites. Quando indagava os cidadãos que eram conhecidos como sábios, possuidores de grandes conhecimentos, estes se mostravam ignorantes, por acharem que sabiam mais do que realmente sabiam. Já Sócrates, que não se considerava sábio, descobriu que por este motivo, o Oráculo de Delfos o declarou o homem mais sábio do mundo. Portanto, numa sociedade onde muitos se consideram possuidores da verdade e, se utilizavam disto para manterem suas posições de poder, um homem como Sócrates era tido como uma grande ameaça, que revelava as farsas e também a ignorância dos poderosos.

Como as acusações que foram feitas contra Sócrates eram baseadas em interesses de seus acusadores, ele, valendo-se da verdade, não teve dificuldade em refutá-las, mostrando os pontos onde eram falhas e não condiziam com a realidade. Em seu discurso, Sócrates mostrou que tudo o que fazia era para o bem do povo ateniense, que sua ocupação era a de fazer outras pessoas também serem sábias e que, por este serviço, não cobrava nada, diferentemente do que o acusavam.

Sócrates, quando soube da resposta que o oráculo dera à pergunta de Querefonte, ficou muito intrigado, pois não se considerava sábio, e então passou a ir atrás dos mais sábios dentre os políticos, os poetas e os artesãos, para saber por qual motivo deus, através do oráculo, o considerava o homem mais sábio. Esta questão foi a que levou a cabo durante o restante de sua vida e, mesmo quando descobriu a resposta, percebeu que a melhor coisa a se fazer era continuar sendo como sempre foi, reconhecendo que nunca se sabe o suficiente sobre qualquer coisa, e que, aquele que sabe, é o que conhece os limites de seu conhecimento.

Esta busca de Sócrates por tentar entender o que deus, através do oráculo, estava lhe dizendo, era para ele prova suficiente de que não só aceitava os deuses reconhecidos pelo Estado, como também acreditava em suas formas de manifestação. Em sua defesa ele diz aos cidadãos: "Acredito nos deuses mais do que qualquer um dos meus acusadores, e deixo a vosso critério, e ao do deus, julgar o que será para vós e para mim o melhor" (Platão, p.88).

Quanto à acusação de que Sócrates corrompe os jovens, para se defender, ele parte do ponto de questionar Meleto (um de seus acusadores), sobre o que este sabe sobre o que é corromper e o que é educar. Meleto então fica calado, porque obviamente não tem uma boa resposta para estas questões. Neste caso, mais uma vez Sócrates se utilizou do tipo de questionamento que enfurece seus inimigos, que tira do indivíduo os véus da aparência e mostra sua verdadeira face.

Sócrates mostra que ao contrário, suas ações visam o melhor para o povo, e que sua forma de abordagem faz com que as pessoas pensem sobre suas próprias condições. Já os jovens o procuram porque vêem nele realmente um sábio, e se alguns desses jovens venham posteriormente a se tornarem déspotas, não foi por sua culpa, visto que não prometeu a ninguém que lhes ia ensinar coisa alguma, seu ato foi apenas o de questionar os conhecimentos e atitudes e, cabe ao jovem tomar suas decisões.

"Por conseguinte, se entre os homens que me freqüentam, um se torne de boa formação moral ou não, não será justo que eu receba elogios ou impropérios, já que não prometi ensinamento algum a ninguém, nem nunca ensinei coisa alguma" (Platão, p.86).

A preocupação dos acusadores para com os jovens, se deve ao fato de que eles, aprendendo com Sócrates a questionar os políticos e poderosos, também estavam causando problemas com os mesmos. Desta forma, Sócrates admite que se lhe concedessem a liberdade, continuaria a agir da maneira que acreditava ser a correta, a mesma que aborrecia a tantos outros na cidade:

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