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Por:   •  9/10/2013  •  1.915 Palavras (8 Páginas)  •  342 Visualizações

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Theodor Wiesengrund Adorno

Influente filósofo do século 20, o alemão Theodor Adorno lutava contra o que chamava de “indústria cultural”, termo tão usado atualmente.

A Filosofia de Theodor Adorno, considerada uma das mais complexas do século XX, fundamenta-se na perspectiva da dialética. Uma das suas importantes obras, a Dialética do Esclarecimento, escrita em colaboração com Max Horkheimer durante a guerra, é uma crítica da razão instrumental, conceito fundamental deste último filósofo, ou, o que seria o mesmo, uma crítica, fundada em uma interpretação negativa do Iluminismo, de uma civilização técnica e da lógica cultural do sistema capitalista (que Adorno chama de “indústria cultural“). Também uma crítica à sociedade de mercado que não persegue outro fim que não o do progresso técnico.

A atual civilização técnica, surgida do espírito do Iluminismo e do seu conceito de razão, não representa mais que um domínio racional sobre a natureza, que implica paralelamente um domínio (irracional) sobre o homem; os diferentes fenômenos de barbárie moderna (fascismo e nazismo) não seriam outra coisa que não mostras, e talvez as piores manifestações, desta atitude autoritária de domínio sobre o outro.

Na Dialética Negativa, Theodor Adorno intenta mostrar o caminho de uma reforma da razão mesma, com o fim de libertá-la deste lastro de domínio autoritário sobre as coisas e os homens, lastro que ela carrega desde a razão iluminista, e o que opõe-se à filosofia dialética inspirada em Hegel, que reduz ao princípio da identidade ou a sistema todas as coisas através do pensamento, superando suas contradições (crítica também do Positivismo Lógico, que deseja assenhorar-se da natureza por intermédio do conhecimento científico), o método dialético da “não-identidade“, de respeitar a negação, as contradições, o diferente, o dissonante, o que chama também de inexpressável: o respeito ao objeto, enfim, e o rechaço ao pensamento sistemático. A razão só deixa de ser dominadora se aceita a dualidade de sujeito e objeto, interrogando e interrogando-se sempre o sujeito diante do objeto, sem saber sequer se pode chegar a compreendê-lo por inteiro.

Essa admissão do irracional (segundo ele, pensar no irracional é pensar nas categorias tradicionais que supõem uma reafirmação das estruturas sociais injustas e irracionais da sociedade) leva Adorno a valorizar a arte, sobretudo a arte de vanguarda.

Theodor Adorno faleceu em 6 de agosto de 1969.

Não é fácil a tarefa de expor o trabalho, vasto e complexo, de um autor como Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno. Não apenas por se tratar de uma obra não-passível de "resumir" em algumas páginas. Na verdade, a utopia que estava por trás do projeto da Encyclopédie, no século 18 --e que até hoje sustenta nossas tentativas enciclopédicas--, previa a possibilidade de arquivar todo o conhecimento da humanidade em grossos e pesados volumes, organizados em ordem temática ou alfabética.1 Adorno e muitos de seus companheiros de caminhada intelectual, como Max Horkheimer e Walter Benjamin, descartavam justamente esse modelo de saber enciclopédico.

Em primeiro lugar, porque para Adorno não existiria a possibilidade de separar, sem mais, o conteúdo da forma de uma obra. Toda tentativa de redução representaria uma traição do original - e isso não significa de modo algum que ele reduzisse a obra a uma intencionalidade primária, pura, que seu autor teria passado sem mediação para o texto.2 Nesse ponto, como veremos, Adorno seguia certa tradição de pensamento alemã, que via na forma, na apresentação (Darstellung), um momento indissociável do trabalho do conceito e da reflexão. Portanto, estaríamos correndo o risco de puxar o tapete sob nossos próprios pés ao fazer deste livro um pretenso "resumo" da obra de Adorno.

Mas a questão da "impossibilidade", sob o signo da qual nos situamos aqui, não se limita ao âmbito da crítica do conhecimento (e dos modos de sua apresentação). Adorno também foi um dos mais vigorosos críticos daquilo que ele batizou de "indústria cultural". Nesta (como ele e Max Horkheimer escreveram na Dialética do Esclarecimento, em meados dos anos 40), o saber é reduzido à mercadoria; o público, ao público-alvo consumidor; e a cultura se transforma em "pseudocultura": verniz brilhante de algo oco.

A bem da verdade, as duas questões estão intimamente ligadas. Do ponto de vista do positivismo, ou seja, de uma concepção que acredita na possibilidade de dominar e representar o mundo por meio de métodos científicos, sem deixar "restos", a apresentação é epifenomênica (desprezível) enquanto momento do processo de conhecimento. O positivismo toma a linguagem como meio neutro capaz de representar seu objeto de modo integral. Existe justamente uma cumplicidade entre essa concepção da linguagem e aquela que predomina na indústria cultural. Aqui também a linguagem é tratada como instrumento: a saber, como meio de glorificar o presente. Tanto na indústria cultural como no positivismo, não há lugar para a crítica.3

A concepção de conhecimento que está na base da enciclopédia tende também a esse acordo incondicional com a realidade. Ela aceita o plano de submeter integralmente seu objeto ao discurso do sujeito de investigação e, por outro lado, nega-se a assumir o elemento discursivo desse saber. A conseqüência de tal visão é que o conhecimento se torna comemoração repetitiva do que existe: publicidade do sempre igual. Mais: a suposta neutralidade científica estende-se por sua propalada indiferença com relação à esfera política.

A crítica do positivismo revela esse modelo do saber científico como propaganda do status quo. Para Adorno, tal concepção de conhecimento (amplamente dominante no Ocidente) apenas na aparência se opõe ao que acontece no totalitarismo. Nos anos 60, ele formulou a questão com as seguintes palavras:

Se um dia o espírito for levado a passeio, como muitos certamente desejariam, se for adaptado ao gosto do freguês que domina o negócio, elegendo a inferioridade deste como pretexto para sua própria ideologia, então se terá acabado com o espírito tão radicalmente como sob o porrete fascista.4

Assim como no universo totalitário e unidimensional do fascismo todos, tendencialmente, constituem o Estado-Leviatã, assim também não existe, para o positivismo, tensão entre o sujeito de conhecimento e o objeto estudado. Já para Adorno, ocorre o contrário. Contrariando o ideal positivista que prega aquela relação mecânica e abstrata entre sujeito e objeto, ele afirma que "nada pode ser extraído pela

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