Enciclica Rerum Novarum

RESUMO: ENCICLICA RERUM NOVARUM

A sede de inovações, que se apoderou da sociedade, passou das regiões políticas para a esfera vizinha da economia social. Os novos caminhos que entraram, as artes, a alteração das relações entre os operários e os patrões e a influência da riqueza nas mãos de um pequeno número ao lado de uma grande multidão, resultou em um grande conflito.

Por toda parte as pessoas estavam apreensivas e ansiosas, o que mostrava que graves interesses estavam em jogo. Tal situação era preocupante, parecendo oportuno refutar as opiniões errôneas e falaciosas. Assim nasce a encíclica, que o faz abordando como centro um assunto delicado: a condição dos operários, a fim de que tal questão seja tratada detalhadamente, visando os princípios de uma solução conforme a justiça e equidade

A classe operária, isolada e sem defesa, encontrava-se a mercê de senhores desumanos. Ademais, o monopólio do trabalho e dos papéis de crédito, que se tornaram o quinhão de um pequeno número de ricos, impunham um domínio quase servil à multidão dos proletários e a destruição dos pontos em que esses tinham por apoio, como as antigas corporações e o desaparecimento do sentimento religioso nas leis e instituições públicas fizeram surgir o conflito entre os patrões e a classe operaria.

Afirmando ser inadmissível que o homem fosse proibido de dispor do seu salário como lhe interessasse, inclusive tornando-se proprietário de bens adquiridos, asseverando que o fruto do trabalho pertence ao trabalhador e contrariando o socialismo – que também opunha-se a realidade gerada neste período - a Igreja Católica defendia o direito à propriedade privada. Considerava que a pretensão do socialismo de fazer com que tudo se tornasse comum, seria tornar a situação dos operários precária, retirando-lhes a livre disposição de seu salário e, consequentemente, toda a esperança e possibilidade de um dia engrandecerem seu patrimônio. Além disso, a Igreja Católica considerava a propriedade privada como um direito da família, não sendo direito do poder civil invadir o santuário da familiar. Através da Encíclica, a Igreja defende a participação do Estado de forma que intervenha somente mediante a necessidade de colaborar na realização do bem comum de toda a sociedade, não ferindo o que então é apontado como direito natural de cada sujeito, ou seja, segundo a Igreja Católica, ao substituir a providencia paterna pela providência do Estado, os socialistas se colocam contra a justiça natural, quebrando os laços da família Cristã.

A Igreja Católica, propõe, então, que os operários, juntamente com os patrões façam parte da busca de soluções para todos os conflitos do século, afirmando ser, para tanto, indispensável sua presença pois é nela que está a doutrina do Evangelho, bem como o esforço por regular com harmonia a vida de cada um. Ademais, a mesma aponta para a existência de diferentes classes como algo que simplesmente compõe a realidade humana, não significando, para tanto, que tais classes devam travar uma disputa, mas aceitar tal fato como algo benéfico para todos levando em consideração que as diferenças suprem as necessidades.

A Encíclica afirmava que segundo a natureza, as duas classes estariam destinadas a unirem-se harmoniosamente, demandando uma à outra uma vez que não há capital sem trabalho e nem trabalho sem capital. Em tal perspectiva, caberia aos pobres fornecer seu trabalho de acordo com o seu patrão, não causando danos nem a ele nem ao seus bens, reivindicar sem fazer uso da violência. Já os ricos não poderiam tratar seus operários como escravo, respeitando atributos como sexo, idade e força,