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Existencialismo

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Por:   •  9/11/2013  •  9.932 Palavras (40 Páginas)  •  637 Visualizações

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Tema: Existencialismo

1. Introdução

A existência é a forma singular que dá a essência à oportunidade de ser.

J.P.Sartre.

O existencialismo se constitui numa das mais expressivas vertentes do pensamento filosófico do século XX, ainda que criticada por conta de sua pouca consistência teórica. Trata-se do movimento que maior penetração popular teve na contemporaneidade. Movidos por ideais de liberdade, seus adeptos engajaram-se em lutas de diversos tipos, como a revolução dos costumes, a revolução sexual, o movimento feminista, o movimento estudantil, e o combate a diversas formas de opressão, particularmente nas décadas de 50 a 70, como revisão crítica do pensamento moderno.

O movimento foi tão difundido que ‘ser existencialista’ chegou a ser moda: vestir-se displicentemente, não tomar banho, desprezar a tecnologia, burlar convenções e ir ao encontro da natureza, foram alguns atitudes existencialistas, que fizeram com que alguns de seus principais pensadores desprezassem o rótulo de existencialista, preferindo classificar suas idéias como ‘filosofia existencial’.

O existencialismo é uma orientação que abrange diversas doutrinas. Seus adeptos assumem posições diferentes, e até mesmo divergentes, mas partem todos de denominadores comuns, como por exemplo, o de que a existência não é algo entregue já pronta e acabada ao homem, mas que vai fazendo a si mesma através das escolhas e decisões relacionadas com o ‘sentido da vida’.

O propósito deste trabalho foi o de apresentar um histórico conciso, os principais autores e temas do existencialismo ou filosofia existencial, como um dos modos específicos de compreender a formação e constante reconstrução da personalidade, e sua terapêutica psicológica. Utilizamos também entrevistas com dois psicólogos existenciais, que serviu para ampliar a compreensão prática da filosófica e da psicológica existencial.

Nas conclusões são descritas algumas considerações sobre a teoria e a prática do existencialismo como vertente de pensamento psicológico, além de serem expressas as reflexões do grupo sobre todo o material levantado.

2. O EXISTENCIALISMO

Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, numa Europa mergulhada nas seqüelas do conflito, sufocada numa crise geral (política, social, econômica, moral, financeira, etc.) irradia-se do continente europeu, espalhando-se por todo o mundo, o movimento filosófico existencialista. A experiência traumática da guerra gerou um ambiente de desânimo e desespero, sentimentos que atingiram particularmente a juventude, descrente dos valores burgueses e da capacidade de o homem solucionar racionalmente as contradições da sociedade.

O existencialismo surge e se desenvolve justamente em meio a essa crise, repercutindo a medida que suas teses correspondiam e esclareciam o momento histórico sobrevindo à guerra. Daí, certamente, o motivo por que o movimento se propagou tão rapidamente. Sua repercussão não se limitou às discussões acadêmicas nem aos debates nas publicações especializadas. Tanto quanto uma doutrina filosófica, o existencialismo passou também a ser identificado como um estilo de vida, uma forma de comportamento, a designar toda atitude excêntrica, que os meios de comunicação divulgavam com estardalhaço, criando uma autêntica mitologia em torno do movimento e seus adeptos. A imaginação popular caricaturava a figura do existencialista; aparência descuidada, cabelos abundantes e desgrenhados; brusco nas maneiras; mal asseado; avesso às normas estabelecidas; amoral, sobretudo, pois o existencialista típico, inimigo da hipocrisia, recusava a moral tradicional; depravado e promíscuo, promovia orgias, entregando-se aos prazeres mais degradantes.

Os existencialistas eram acusados de pregar idéias dissolventes. Sua reflexão filosófica, dizia-se, era mórbida, sombria, amarga, preocupada em explorar o lado sórdido da existência humana, fixando-se nas exceções da vida. Corruptos, amorais, degradadores, perniciosos, pregoeiros do desespero a se comprazerem no tédio e na melancolia. Enfim, uma torrente de injúrias cobria os existencialistas. Estes, em réplica, afirmavam que seu comportamento não podia ser julgado mediante os padrões vigentes, pois tinham como projeto justamente lançar as bases de uma nova moral.

O interesse de que o existencialismo se tornou alvo espalhou-se até mesmo em manifestações genuinamente populares, como o carnaval brasileiro. Em início dos anos cinqüenta, seguindo a tradição típica do repertório carnavalesco de satirizar acontecimentos da atualidade, uma marchinha fez enorme sucesso abordando o assunto. A letra da música exaltava a figura de uma mulher que só aceitava cobrir-se com uma casca de banana nanica, pois se tratava de uma “existencialista, com toda razão, só faz o que manda o seu coração”.

A idéia popularmente divulgada do existencialismo, se distorcida, tinha uma nota de ironia e humor que possivelmente irritasse menos os líderes do movimento. No Brasil, o pensador Tristão de Athayde escrevia: “Sartre, sem dúvida, é detestável”. E o papa Pio XII, na encíclica que dedicou às correntes filosóficas modernas, destacou o existencialismo como uma das doutrinas que mais ameaçavam os fundamentos da fé cristã.

Mas, afinal, o que é existencialismo?

Segundo o crítico francês Jean Beaufret, num ensaio dedicado ao tema, salienta que, ao pronunciarmos a palavra existencialismo, o que primeiro se escuta é existência. O sufixo indicaria tratar-se de uma doutrina. Existência, por sua vez, logo evoca sua contraparte: essência.

Historicamente a palavra essência é anterior. Essentia forma latina, deriva do verbo esse, ser. Quando os latinos se entregavam à meditação filosófica, a pensar aquilo que é, diziam estar pensando na essência da coisa. Só muito mais tarde surgiria em latim a palavra existentia, existência, derivada de existere, que significa sair de uma casa, um domínio, um esconderijo. Mais precisamente: existência é sinônimo de mostrar-se, exibir-se, movimento para fora. Daí denominar-se existencialista toda filosofia que trata diretamente da existência humana. O existencialismo, conseqüentemente, é a doutrina filosófica que centra sua reflexão sobre a existência humana considerada em seu aspecto particular, individual e concreto.

3. TEÓRICOS DO EXISTENCIALISMO

Muitos

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