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FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE CINCO PREFÁCIOS Para Cinco Livros não Escritos

Trabalho Escolar: FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE CINCO PREFÁCIOS Para Cinco Livros não Escritos. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  1/4/2014  •  10.411 Palavras (42 Páginas)  •  540 Visualizações

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FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE

CINCO PREFÁCIOS

para cinco livros não escritos

Tradução e prefácio: Pedro Süssekind

2º Edição

Editora 7 Letras

Formatação: SusanaCap

WWW.PORTALDETONANDO.COM.BR/FORUMNOVO/

Sumário:

1 - SOBRE O PHATOS DA VERDADE

2 - PENSAMENTOS SOBRE O FUTURO DE NOSSOS INSTITUTOS DE FORMAÇÃO

3 - O ESTADO GREGO

4 - A RELAÇÃO DA FILOSOFIA DE SCHOPENHAUER COM UMA CULTURA ALEMÃ

5 - A DISPUTA DE HOMERO

NOTAS:

Prefácio para prefácios

Este livro é um livro no futuro do pretérito. – Por definição, o prefácio é algo que antecede um escrito: um esclarecimento prévio, uma apresentação, o início de um questionamento. Mas, neste caso, os livros que se seguiriam não foram escritos, e ficaram como reticências para os textos aqui reunidos. Trata-se, portanto,de um conjunto diversificado, onde abrem-se possibilidades de questionamento e os temas são lançados adiante, em diferentes direções. Assim, os prefácios projetam cinco livros que seriam escritos, entre 1870 e 1872, por Friedrich Nietzsche, então um jovem professor de filologia clássica na universidade da Basiléia. É deste mesmo período sua primeira obra publicada: O Nascimento da Tragédia no espírito da música – que seria chamado mais tarde de Helenismo e Pessimismo –. Os outros livros, que o autor não chegou a escrever, permaneceram somente como possibilidades, indicadas em seus textos. Temos aqui a reunião de cinco desses projetos apenas começados, intitulada Cinco prefácios para cinco livros não escritos.

A incompletude evidenciada pelo título não significa, contudo, que os prefácios devam ser lidos como simples apontamentos, a que falta um desenvolvimento posterior e necessário. Na verdade, a leitura dos textos mostra que eles possuem uma certa autonomia, apresentando as questões concisamente, indicando um caminho a ser seguido. Constituem assim, ao mesmo tempo, indicações e como que esboços concentrados das obras que os sucederiam. E se, por outro lado, falta-lhes o desdobramento em uma argumentação mais longa e a elaboração demorada de suas questões, eles apontam com esta falta um esforço do pensamento.

Este livro reúne, portanto, diversas obras que começam, ou melhor, obras que começariam – porque só há de fato os prefácios, que precedem o começo dos livros –. O título Cinco prefácios para cinco livros não escritos (Fünf Vorreden zu fünf ungeschriebenen Bücher) foi dado pelo próprio Nietzsche, que reuniu os seus escritos no natal de 1872 e os enviou à senhora Cosima Wagner, mulher do famoso compositor alemão Richard Wagner. Entretanto, estes cinco textos só seriam publicados muito mais tarde, junto com outros deixados pelo filósofo, após sua morte, seja nos volumes das obras completas ou em coletâneas.

Convém observar que O Nascimento da tragédia, publicado no mesmo ano em que estes prefácios foram reunidos, havia sido dedicado justamente a Wagner, por quem Nietzsche tinha uma grande admiração naquele tempo. Passados dezesseis anos, já tendo terminado livros como Humano, demasiado humano, Assim falou Zaratustra e A gaia ciência, o autor escreveria um prólogo tardio a seu primeiro livro, onde critica duramente as suas esperanças no “espírito alemão” e na “música alemã”, assim como a influência da filosofia de Kant e de Schopenhauer , tanto sobre suas idéias quanto sobre sua linguagem. Com relação à música, esta crítica dirige-se especialmente a Wagner, o artista em que ele concentrara, quando jovem, suas expectativas de um ressurgimento da arte trágica:

De fato, aprendi a pensar de uma forma bastante desesperançada e desapiedada acerca desse ‘ser alemão’, assim como da atual música alemã, que é romantismo de ponta a ponta e a menos grega de todas as formas possíveis de arte: além do mais, uma destroçadora de nervos de primeira classe, duplamente perigosa em um povo que gosta de bebida e honra a obscuridade como uma virtude...

Esta Tentativa de Autocrítica se estende em muitos pontos a outros escritos da mesma época, como é o caso dos cinco prefácios. E algumas passagens destes poderiam ilustrar aquelas esperanças “lá onde nada havia a esperar”, de que fala o prólogo do Nascimento da Tragédia, apesar de certamente não ser este o ponto central dos textos.

Muitos dos temas e das questões que aparecem nos prefácios fazem parte de obras escritas posteriormente, embora não se trate de simples repetições. O primeiro, “Sobre o PHATOS da verdade”, por exemplo, tem trechos que foram usados de novo, literalmente, em dois textos mais conhecidos, ambos do ano de 1983: A filosofia na idade trágica dos gregos e Sobre a verdade e a mentira em sentido extra-moral. Entretanto, numa comparação, os textos se complementam, muito mais do que se repetem. O mesmo pode ser dito do quarto prefácio, onde Nietzsche critica o erudito alemão, cuja formação é caracterizada pelo conhecimento “historiográfico”: essa crítica é justamente o tema de uma das Considerações Intempestivas (segundo livro publicado pelo autor), escrita em 1874: Das vantagens e desvantagens da história para a vida. Tendo em vista as comparações e o aprofundamento das questões presentes nos prefácios, tais pontos em comum foram indicados nas notas desta tradução.

Nas relações, retomadas e autocríticas, expostas aqui brevemente, o que se evidencia são as diversas direções indicadas pelos prefácios, cuja reunião não obedece a nenhum critério específico ou determinado. Trata-se de elementos compondo um livro que aponta cinco caminhos, ou muitas possibilidades distintas. Mas esta composição não é, de modo algum, arbitrária: os caminhos se cruzam e se tangenciam. E para a obra que resulta da seqüência de textos reunidos por Nietzsche, valem as palavras do segundo prefácio:

O livro se destina aos leitores calmos, a homens que ainda não estarão comprometidos pela pressa vertiginosa de nossa época rolante, e que ainda não sentem um prazer idólatra quando se atiram sob suas rodas, portanto a homens que ainda não se acostumaram a estimar o valor de cada coisa segundo o ganho ou a perda de tempo...

Apesar das diferenças quanto aos temas e aos propósitos

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