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O PROBLEMA DO MAL

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Por:   •  10/7/2014  •  3.717 Palavras (15 Páginas)  •  422 Visualizações

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O LIVRE-ARBÍTRIO COMO UM BEM E PROVENIENTE DE DEUS DE ACORDO COM O LIVRO II DA OBRA O LIVRE-ARBÍTRIO

DE SANTO AGOSTINHO

Wellington Carvalho de Macêdo

O presente texto estuda o tema da vontade livre do homem segundo o Livro II da obra O livre-arbítrio de Santo Agostinho. A temática desse texto está voltada para a argumentação de Agostinho na tentativa de provar que o livre-arbítrio é um bem e proveniente de Deus. O texto aqui desenvolvido, começa apresentando uma breve contextualização da obra em questão, o porquê seu autor a escreveu e o seu método. Posteriormente, será tematizada a prova agostiniana da existência de Deus. Com isso, será discutida a argumentação a favor do livre-arbítrio como um bem, culminando na afirmação de que ele provém de Deus. A questão do mal também será estudada, tendo em vista que, segundo Agostinho, o mal está ligado ao fato do homem possuir a vontade livre. Por fim considerar-se-á que o mal está ligado à moral.

PALAVRAS-CHAVES: Agostinho, livre-arbítrio, Deus, bem, mal, moral.

1 INTRODUÇÃO

Depois de convertido ao cristianismo católico e batizado, Agostinho tenta voltar a Tagaste, na África do Norte. No entanto, sua mãe falece, enquanto eles esperavam a partida da embarcação que os levaria à Tagaste. Motivado pela morte de sua mãe, Agostinho decide ir e ficar em Roma no inverno do ano de 387 e todo o ano de 388.

Desejando prevenir seus amigos e, se possível um bom número de pessoas, da doutrina errônea e equívoca dos maniqueus , Agostinho escreve vários tratados entre os quais O livre-arbítrio. Agostinho começa a escrevê-lo em 388. Ao voltar para Tagaste continua a escrevê-lo, mas, só o termina em Hipona, África do Norte, por volta de 394/95, quando já é sacerdote da Igreja Católica .

Agostinho defende que o livre-arbítrio é sempre um bem concedido ao homem por Deus, mesmo que o homem utilize-o de forma errônea, o que provoca o mal. Para sustentar tal afirmação, Agostinho desenvolve uma das teorias mais interessantes do período Medieval, acerca da liberdade da vontade e do mal.

2 PRIMEIRAS ASSERÇÕES

A obra O livre-arbítrio é escrito em forma de diálogo, entre Agostinho e seu amigo Evódio, e trata sobre a vontade livre do homem e a origem do mal . A principal afirmação de Agostinho é que o livre-arbítrio é um bem concedido por Deus.

No Livro I do O livre-arbítrio, Agostinho e Evódio chegam à conclusão que o homem possui o livre-arbítrio (a vontade livre). Porém, diante da afirmação de Agostinho de que o livre-arbítrio é um bem dado por Deus, Evódio levanta um problema ao afirmar que é por tal liberdade que o homem peca: “O quanto me parece ter compreendido no livro anterior, é que nós só possuímos o livre-arbítrio da vontade, mas acontece ainda que é unicamente por ele que pecamos” (Agostinho, 1995, p. 73).

Essa afirmação de Evódio envolve várias implicações. Agostinho acredita que o livre-arbítrio é um bem e, sendo assim, só pode provir de Deus, pois este é a fonte de todo o bem. Porém, se é por esta liberdade de juízo que o homem peca e, sendo o pecado um mal, ter-se-ia dois problemas fundamentais: o primeiro, se realmente o livre arbítrio é um bem; o segundo, se é por ter a capacidade de livre arbitrariedade que o homem peca, como pode essa capacidade ter sido dada por Deus, que é fonte exclusiva de todo o bem?

É importante ter em mente que mesmo Agostinho sendo cristão e fervoroso na fé, na sua investigação, junta dois meios: fé e razão. Segundo o pensamento agostiniano, não basta apenas ter fé, é necessário saber sobre o que se acredita. E também não basta apenas mover-se pela razão, pois, para que essa seja eficiente, é necessário acreditar no que se investiga. Primeiramente, Agostinho crê e, a partir da crença, investiga sua verdade. Assim, Agostinho se manifesta sobre o crer para entender:

[...] Com efeito se crer não fosse uma coisa e compreender outra, e se não devêssemos, primeiramente, crer nas sublimes e divinas verdades que desejamos compreender, seria em vão que o profeta teria dito: ‘Se não o credes não entendereis’ ( 1995, p. 73).

Portanto, em sua ivestigação sobre o livre-arbitrio, Agostinho primeiramente prova a existência de Deus . Depois, prova que o livre-arbítrio é um bem e, por conseguinte, provém de Deus.

3 A PROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS

Para chegar à existência de Deus, Agostinho parte do único ser que pode fazer tal investigação: o homem. Agostinho começa afirmando que há três realidades: existir, viver e entender. Dessas três, a mais excelente é a última. Isso porque, aquele que só existe não vive e nem entende (ex.: objetos inanimados); aquele que só vive, existe, porém não entende (ex.: os animais irracionais); e aquele que entende necessariamente existe e vive (ex.: o homem). Assim, Agostinho expressa: “E admitimos, igualmente, que a melhor das três é a que só o homem possui, juntamente com as duas outras, isto é, a inteligência, que supõem nela o existir e o viver” ( 1995, p. 81).

Agostinho parte do homem porque, partindo da criatura mais completa, chega-se ao criador perfeito. Não que se consigua entender o criador, o que seria impossível, mas ao menos consegue-se comprovar sua existência.

O homem, criado por Deus, possui os sentidos exteriores - visão, audição, tato, paladar, olfato -, que lhe possibilita os primeiros contatos com a realidade. Cada sentido exterior tem sua finalidade e uma categoria de objetos exteriores que lhe é possível identificar, muito embora alguns objetos são identificados por mais de um sentido, mesmo sendo por vias e características diferentes.

A respeito desse raciocínio, Agostinho indaga a Evódio: “Compreendes, pois, igualmente, que cada sentido tem certos objetos próprios sobre os quais nos informam, e que alguns dentre eles percebem objetos de modo comum?”( Ibidem, p. 83). Evódio responde: “Comprendo também isso” (Ibidem, p. 83).

Portanto, de acordo com Agostinho, o homem é dotado de sentidos exteriores que lhe permite identificar os objetos exteriores e cada um tem características e objetos próprios. Mas, há objetos que são identificados por mais de um sentido, mesmo que por vias diferentes. O som, por exemplo, só pode ser identificado pelo sentido da audição. Porém, algo sólido pode ser identificado tanto pela visão como pelo tato.

No entanto, o que faz o homem distinguir

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