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O Que é Realidade Resumo

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Por:   •  22/2/2015  •  2.516 Palavras (11 Páginas)  •  5.477 Visualizações

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O que é Realidade?

João Francisco Duarte Junior

Editora brasiliense

“CAI NA REAL”

Realidade é um termo que todos usamos nos mais diferentes contextos e áreas de atuações, no entanto nunca analisamos o seu significado. A maioria das pessoas quando questionadas sobre isso, respondem que “realidade é como o mundo é”, afinal, “como o mundo é?”.

Existe a realidade que pode ser captada com a sensibilidade e emoção, e outra captada de maneira mais “física”. Na verdade, não deve-se falar em uma realidade, mas inúmeras, pois as coisas adquirem estatutos distintos segundo as diferentes maneiras da intencionalidade humana, e as diferentes formas de a consciência postar frente aos objetos. Realidade, portanto, é um conceito extremamente complexo, que merece reflexões filosóficas aprofundadas.

Para estudiosos “o homem é o construtor do mundo e edificador da realidade”, essa questão passa pela compreensão das diferentes maneiras do indivíduo se relacionar com o mundo e a forma com que ele enfrenta a verdade. Verdade essa que caminha junto com o conceito de realidade, discutir um, implica na discussão do outro. Não há porque se considerar as verdades cientificas mais verdadeiras do que as verdades filosóficas, cada uma delas apresenta seu grau de valor no seu contexto especifico.

“NO PRINCÍPIO ERA A PALAVRA”

Somente o homem pode dispor de certa “distância” com relação ao mundo, interpretando-o e dando-lhe sentidos diversos. Isso só é possível através da linguagem. Com ela o homem pode pensar em si próprio e tomar-se como objeto de sua reflexão.

Através da palavra o homem pôde “desprender-se” de seu meio ambiente imediato, tomando consciência de espaços e tempos não acessíveis aos seus sentidos. Já o animal está indissoluvelmente ligado ao aqui e o agora. É a linguagem que possibilita o homem a proferir o seu “eu” e existir, interagindo com o mundo.

Mundo é o que pode ser dito, é tão somente um conceito humano, a compreensão de tudo que tem nome, a ordenação de um aglomerado de seres num esquema significativo, só possível ao homem através de sua consciência simbólica. Só o ser humano habita o mundo.

Também é lícito falar-se em mundo, significando o acervo de conceitos e conhecimentos que cada indivíduo possui. Quanto mais palavras são conhecidas, mais conceitos são articulados, maior o alcance e amplitude da consciência. Muitos governos totalitários usam desse fato para seu benefício, pois quanto menos sua população souber, menor sua capacidade de raciocínio e compreensão de mundo.

Nossa percepção de mundo é fundamentalmente, derivada da linguagem que empregamos e está ligada às condições materiais de nossa existência, especialmente em sociedades divididas em classes. O ser humano move-se num mundo essencialmente simbólico, preponderante na construção desse mundo e da realidade. Como afirmou o filósofo Ludwig Wittgentei, “os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo”.

A EDIFICAÇÃO DA REALIDADE

O mundo apresenta realidades múltiplas, exigindo formas específicas de pensamento e ação, e cada uma deve ser vivida de maneira peculiar. Contudo o nosso cotidiano é um mundo estável e ordenado no qual nos movemos desembaraçadamente, devido à sua constância e à segurança que o conhecimento de que dispomos sobre ele nos dá.

A realidade que me é mais palpável, é aquela na qual tenho maior segurança, que diz respeito, ao mundo que está ao alcance das mãos: aquele que atuamos, trabalhando para alterá-lo e conserva-lo. À medida que se afastam da nossa possibilidade de manipulação, tornam-se mais obscuras.

O setor da realidade que é mais claro e conhecido pode ser chamado de “não problemático”, no qual nos habilita a viver de maneira mais ou menos “mecânica”. Quando surge uma situação problemática, ou seja, que não ocorre no cotidiano; somos obrigados a procurar novos conhecimentos para integrar esta nova realidade àquela não problemática.

Assim, movemo-nos em nosso dia-a-dia baseados em conhecimentos práticos que não são questionados nem colocados em dúvida, a menos que um fato novo não posso ser resolvido nem explicado por eles. Então, procuramos compreender outras esferas da realidade a partir do nosso cotidiano.

Há esferas no real cujo domínio pertence apenas a pessoas altamente especializadas e que, estando distante de nossa manipulação, são-nos totalmente obscuras. Nesses sentido, é preciso que saibamos que o conhecimento está distribuído pela sociedade, e que tenhamos em mente a quem devemos recorrer quando um determinado fato nos obriga a buscar um saber específico. O saber de como o conhecimento é repartido pelo corpo social, é um dos mais importantes fatos que dispomos, possibilitando-nos que penetremos nessas esferas que estão distantes de nosso cotidiano.

A realidade é socialmente edificada. É um processo fundamentalmente social, são comunidades humanas que produzem o conhecimento de que necessitam, distribuem-no entre os seus membros e, assim, edificam o seu “real”.

A distribuição do conhecimento é também a distribuição do trabalho. Percebemos o outro com o qual interagimos sempre a partir de determinadas “classificações”, que os colocam em certos “tipos”. Aprendemos os outros a partir desses esquemas que padronizam nossas interações, contribuindo para a estabilidade da realidade cotidiana.

À medida que minhas relações vão se afastando do “aqui e agora” os esquemas tipificadores tornam-se mais fortes e atuantes. A partir disso podemos abordar os “rótulos”, onde o outro é tão somente um tipo. A estrutura social é a soma dessas tipificações e dos padrões de interação produzidos por elas. A construção social da realidade depende, fundamentalmente de uma estrutura social estabelecida e conhecida pelos seus membros.

Falando das tipificações estamos nos referindo também a formação de hábitos e à uma rotina padronizada, o que nos leva a questão da “institucionalização”, ou seja, das instituições criadas na e pela sociedade. Instituições essas nada mais são do que uma decorrência da tipificação recíproca entre pessoas em interação, de forma a ser percebida por outros de maneira objetiva, ou seja, constituindo papeis que possam ser desempenhados por outras pessoas.

As instituições têm sempre origem histórica. Os papeis exigidos por elas podem ser preenchidos por qualquer um, já que estão estabelecidos

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