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Pensamento crítico sobre o livro Corrosão de personagem

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Por:   •  18/6/2014  •  Tese  •  3.315 Palavras (14 Páginas)  •  603 Visualizações

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Uma reflexão crítica sobre o livro A corrosão do caráter apoiada em outros autores

O presente texto possui como objetivo refletir sobre o livro escrito por Richard Sennett: A corrosão do caráter consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo com a opinião de outros estudiosos na área de psicologia organizacional e do trabalho.

Para pensar em fazer uma reflexão, primeiramente é interessante saber o que traz Sennett (2006) sobre as consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Ele começa a escrever contando a história de Rico. Rico era filho de Enrico e quando criança se sentia sufocado pela educação rígida que recebia de seu pai que era faxineiro e trabalhou vinte anos limpando banheiros e lavando chãos de prédio comercial do centro.

O objetivo do trabalho (linear e cumulativo) de Enrico era servir a família e embora fosse de uma classe social inferior sentia-se o autor de sua própria vida. No bairro em que morava era conhecido como alguém modesto, discreto que havia vencido na vida, pois o seu trabalho lhe tornara uma pessoa digna e respeitada.

Enrico antipatizava com a classe média por achar que muitas vezes era tratado como invisível, e o fato de não ter tido uma boa educação além de ser um trabalhador braçal só agravava ainda mais a situação. Embora sentisse que conquistara certo grau de honra social, não queria que seu filho Rico tivesse o mesmo destino que o dele.

De fato Rico teve um destino diferente do pai, Rico concretizara o desejo paterno da ascendência social, no entanto rejeitava o estilo do pai. Desprezava os conformistas, preferia manter-se aberto a mudanças, gostava de correr riscos e encarar novos desafios.

Formou-se em engenharia elétrica e despois de casados, o jovem casal mudou-se várias vezes. Eles trabalharam em diferentes empresas e por mais que estivessem prósperos, no auge do casal adaptado, um apoiando o outro, como marido e mulher estiveram muitas vezes a ponto de perder o controle se suas vidas. Esse medo esteve embutido em suas histórias de trabalho.

No caso de Rico o medo da perda de controle era direto: refere-se ao controle do tempo. Ao iniciar sua empresa de consultoria viu-se mergulhado em muitas tarefas subalternas, como fazer suas próprias fotocopias, que antes tinha como certas. Viu-se mergulhado no fluxo das redes, todo telefonema precisava ser atendido, o menor conhecimento pessoal cavado. Para arranjar serviço tornou-se subserviente aos horários de pessoas que não estavam de maneira alguma obrigadas a lhe corresponder. Um consultor geralmente tem de correr de um lado para o outro em resposta aos mutáveis caprichos ou ideias daqueles que pagam, sendo assim Rico não tem um papel fixo que lhe permita dizer aos outros, é isto que eu faço, é por isso que sou responsável.

Enquanto isso a falta de controle de Jeannette, esposa de Rico, é mais sutil. Dirige um pequeno grupo de contadores a quilômetros de distância ligados a ela por cabo de computador. Em sua atual empresa, regras severas e vigilâncias de telefones e-mails disciplinam a conduta dos contadores que trabalham na própria firma. Para organizar o trabalho de empregados subalternos a milhares de quilômetros, tem de trabalhar com diretivas formais escritas o que torna seu trabalho burocrático, numa ordem de trabalho aparentemente flexível.

O medo que Rico sentia de perder o controle ia muito mais fundo que a preocupação de perder o controle no trabalho. Ele temia que as medidas que precisava tomar e a maneira como tinha que viver para sobreviver na economia moderna houvessem posto sua vida emocional, interior, à deriva.

Rico como seu pai encara o trabalho como seu serviço a família, mas percebe ao contrário de seu pai, que as exigências do trabalho interferem com a conquista desse objetivo, pois é necessário conciliar o tempo para o trabalho e o tempo para a família. Rico diz que quando as coisas ficam difíceis meses seguidos na empresa de consultoria, é como se ele não soubesse quem são seus filhos.

Sennett (2006) continua, o mercado global com o uso de novas tecnologias dita as maneiras de organizar o tempo, sobretudo o tempo de trabalho, no entanto rico não vê novas dimensões de mudanças. O capitalismo do século dezenove trouxe loucas oscilações do ciclo comercial e pouca segurança ofereciam as pessoas.

Na visão de Rico não há longo prazo, pois segundo ele este é um princípio que corrói a confiança, a lealdade e o compromisso mútuo. Enquanto isso Rico considera que o esquema de curto prazo das instituições modernas limita o amadurecimento da confiança informal. Nas empresas que estão começando, exigem-se longas horas de intenso esforço de todos, quando a empresa abre o capital.

Segundo o autor o capitalismo de curto prazo corrói o caráter de Rico, sobretudo aquelas qualidades de caráter que ligam os seres humanos uns aos outros, e dão a cada um deles um senso de identidade sustentável.

Rico se torna um homem bem sucedido e ao mesmo tempo confuso. O comportamento flexível que lhe trouxe o sucesso está enfraquecendo o seu caráter de um modo para o qual não há remédio.

Sennett (2006) ao longo do livro analisa a vida de Rico para falar sobre o capitalismo. Discute sobre a divisão social do trabalho e quais as suas consequências. Entende-se que com a divisão do trabalho os trabalhadores passaram a realizar atividades mais específicas o que levava a rotina.

Sennett (2006) cita Smith para dizer que a rotina torna-se autodestrutiva, porque os seres humanos perdem o controle sobre seus próprios esforços.Para Smith a divisão do trabalho embrutece a explosão espontânea, a rotina reprime o jorro da simpatia. Smith equiparava o surgimento dos mercados e a divisão do trabalho com o progresso material da sociedade, mas não com o progresso moral. Uma vez estabelecida uma rotina não se permite muita coisa em termos de história. Para se desenvolver o caráter é preciso fugir da rotina.

Com a divisão do trabalho as pessoas começaram a se especializar em áreas especificas assim fala Bunnell citado por Sennett (2006) “Homens baratos precisam de gabaritos caros” enquanto que “Homens altamente qualificados precisam de pouca coisa além de suas caixas de ferramentas”. Com o passar do tempo observou-se que as pessoas se deprimiam com a rotina e deprimidas produziam menos.

Mill é indicado quando se fala em flexibilidade “o comportamento flexível gera liberdade pessoal”. Contudo a repulsa à rotina burocrática e a busca da flexibilidade produziram novas formas de controle, em vez de criar condições que libertassem o homem.

Richard Sennett (2006) exemplifica que com o surgimento da tecnologia o trabalho acabou se tornando ilegível para o trabalhador.

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