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RESUMO DOS PRINCIPAIS PONTOS ABORDADOS NO LIVRO : CONVITE À FILOSOFIA, DE MARILENA CHAUI

Por:   •  14/4/2016  •  Dissertação  •  2.099 Palavras (9 Páginas)  •  3.623 Visualizações

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RESUMO DOS PRINCIPAIS PONTOS ABORDADOS NO LIVRO : CONVITE À FILOSOFIA, DE MARILENA CHAUI CAPÍTULO 1.

Para que Filosofia?

No nosso cotidiano é comum usarmos frases como :

  1. “Que horas são” ou “que dia é hoje” . A nossa expectativa é de que alguém tenha um relógio, um calendário e nos dê uma resposta. Em que acreditamos  quando fazemos essa pergunta e aceitamos  a resposta? Acreditamos assim que o tempo existe, que ele passa, que pode ser medido em dias e horas, que o passado pode ser lembrado ou esquecido, e o futuro, desejado ou temido.  Uma simples pergunta contém várias crenças não questionadas por nós.
  2. Quando dizemos a alguém “você está sonhando” porque esse alguém diz ou pensa algo que julgamos improvável, temos também muitas crenças silenciosas: acreditamos que sonhar é diferente de estar acordado, que no sonho tudo é possível e provável e, também que o sonho se relaciona com o irreal, enquanto estar acordado, em vigília se relaciona com o que realmente existe. Assim, acreditamos que a realidade existe fora de nós e que podemos percebê-la, conhecê-la e diferencia-la da ilusão.
  3. Quando dizemos a alguém “não saia na chuva para se resfriar” ou  “onde há fumaça, há fogo”, acreditamos silenciosamente que existem relações de causa e efeito entre as coisas ou que essa coisa é causa de alguma coisa ( o fogo causa a fumaça, a chuva o resfriado).
  4. Quando dizemos “esse  quadro é mais bonito que o outro”  ou  “que uma pessoa é mais jovem que a outra”, acreditamos que as coisas, as pessoas, as situações, os fatos podem ser comparados, avaliados, julgados pela qualidade ( feio, bonito, bom ruim) ou pela quantidade ( mais, menos, maior ou menor).
  5. Em uma briga, quando alguém chama o outro de mentiroso, está presente a nossa crença de que há diferenças entre verdade e mentira. A primeira diz as coisas tais como são, a segunda faz exatamente ao contrário.

Consideramos a mentira diferente do sonho, da loucura e do erro porque o sonhador, o louco e o que erra se iludem involuntariamente, enquanto o mentiroso voluntariamente deforma a realidade. Assim , acreditamos que o erro e a mentira são falsidades, mas diferente porque somente na mentira há a decisão de falsear.

Quando diferenciamos o erro da mentira, consideramos o primeiro uma ilusão ou engano involuntários e o segundo uma decisão voluntária. Dessa forma, manifestamos silenciosamente  a crença  de que somos seres dotados de vontade e que dela depende dizer a verdade ou a mentira.

Nem sempre avaliamos a mentira como uma coisa ruim. Por exemplo, ao assistirmos um filme, uma novela, sabemos de que se trata de uma mentira. Nesse caso, a mentira é aceitável porque “não é uma mentira para valer”.

Quando distinguimos entre verdade e mentira e distinguimos mentiras aceitáveis e inaceitáveis, não estamos apenas nos referindo ao conhecimento ou desconhecimento da realidade, mas também ao caráter da pessoa, à sua moral. Acreditamos  que as pessoas por possuírem “vontade”  podem ser morais ou imorais, pois cremos que a vontade é livre para o bem ou para o mal.

Quando dizemos que alguém “é legal” porque tem os mesmos gostos, as mesmas ideias, respeita ou despreza as mesmas coisas que nós e tem atitudes, hábitos e costumes muito parecidos com os nossos, estamos, silenciosamente, acreditando que a vida com outras pessoas – família, amigos, escola, trabalho, sociedade, política – nos faz semelhantes ou diferentes em decorrência de normas e valores morais, políticos, religiosos, artísticos, regras de conduta, finalidades de vida.

Como podemos notar, nossa vida cotidiana é feita de crenças silenciosas. Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade, na quantidade, na verdade, na diferença entre realidade e sonho ou loucura, entre verdade e mentira, na objetividade e na diferença entre ela e a subjetividade, na existência da vontade, da liberdade, do bem, do mal, da moral, da sociedade.

A atitude filosófica

Imagine se alguém em vez de perguntar :

  1.  “que horas são?” ou “que dia é hoje?” , perguntasse: O que é o tempo?
  2.  Em vez de dizer “está sonhando” ou “ficou maluca”, perguntasse: O que é o sonho? A loucura? A razão?
  3. Em vez de gritar “mentiroso”, questionasse “ O que é a verdade? O que é falso? O que é erro?
  4. Se em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas ideias, os mesmos gostos, os mesmos valores, preferisse analisar “O que é um valor?”

Alguém que tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência.

Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de “atitude filosófica”.

A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-lo investigado e compreendido, poderia ser uma primeira resposta à pergunta “O que é filosofia?”.

A atitude crítica

A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às ideias da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido.

A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.

A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico.


Atitude filosófica: indagar

Independente do conteúdo investigado, a atitude filosófica possui as seguintes características:

  • Perguntar o que a coisa, a ideia ou o valor, é. A Filosofia pergunta qual é a realidade ou natureza e qual é a significação de alguma coisa, não importa qual.
  • Perguntar como a coisa, a ideia ou o valor, é. A Filosofia indaga qual é a estrutura e quais sãos as relações que constituem uma coisa, uma ideia ou um valor.
  • Perguntar por que a coisa, a ideia ou o valor, existe e é como é. A Filosofia pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor.

As perguntas da Filosofia, pouco a pouco, se dirigem ao próprio pensamento: o que é pensar, como é pensar, porque há o que pensar? A Filosofia torna-se, então, o pensamento interrogando-se a si mesmo. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a Filosofia se realiza como reflexão.

A reflexão filosófica

Reflexão significa o movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo; é o movimento pelo qual  pensamento volta-se para si mesmo, interrogando-o a si mesmo.

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