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Trabalho Tópicos de Lógica I

Por:   •  6/4/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.580 Palavras (7 Páginas)  •  223 Visualizações

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Nome: Toni Pereira Dorneles

Disciplina: Tópicos de Lógica I

Comentários sobre o filme Mar Adentro

        O filme "Mar Adentro" nos convida através de sua história a refletir sobre alguns aspectos sempre presentes no universo humano: a questão da moralidade e seus dilemas, e a vida - seu sentido, suas motivações e seu valor.

        A situação do personagem principal, Ramón, é colocada como um homem tetraplégico que deseja morrer há 28 anos, pois diz que não acha sua vida digna e que não é feliz. No entanto, não é permitido pelas leis do país que alguém o ajude a morrer (coisa que ele não pode fazer sozinho por causa de sua condição). Ele diz que viver é um direito, não uma obrigação. Isso o leva a fazer um requerimento legal no tribunal para que seja autorizado o suicídio assistido.

        No decorrer do filme, várias pessoas entram em contato com Ramón e tentam lhe convencer de que a vida vale a pena, sem sucesso. Inclusive sua advogada, a qual ele imaginou que poderia compreender sua situação, por ela possuir uma doença degenerativa. Eventualmente ela realmente compreende e planeja matar-se junto com ele. O que não chega a acontecer, seja pela degeneração das faculdades mentais ou por ela simplesmente mudar de ideia.

        Enfim, é ético permitir que morra ou ajudar a morrer uma pessoa que não quer mais viver? Até que ponto chega a nossa liberdade sobre a própria vida e corpo? É difícil para as pessoas em geral que "estão bem" (dentro do possível) conceber que alguém não queira mais viver, que não veja mais motivos para isso. Parece que é como se tal pessoa estivesse cega aos motivos que lhe deveriam motivar a viver, a perceber que a vida vale a pena, a sentir certa alegria por estar vivo. Pensa-se que a pessoa se arrependeria no último momento, e aí já não seria mais possível reverter o processo. Isso tudo, somado ao grande valor que cada um atribui à vida (muitas vezes, acentuado ainda mais por motivos religiosos) e também o próprio sofrimento que seria sentido ao perder aquela pessoa pela qual se tem apreço, são alguns dos principais motivos pelos quais a maioria das pessoas costuma desaprovar o suicídio assistido. No entanto, por mais estranho e triste que seja, é possível que uma pessoa deseje morrer e tenha isso como a melhor opção, por não gostar de sua vida, não sentir alegria nem motivação, e não ter mais esperança que isso mude (o que em muitos casos, como no do filme em que já fazia 28 anos que isso não mudava, se justifica totalmente). É um modo de parar de sofrer.

        Há momentos em que o personagem afirma que quem o ama é justamente quem o ajuda a morrer. Isso acontece porque ele acredita fortemente que o modo em que ficaria mais feliz é parando de sofrer, e quem o amasse deveria querer vê-lo mais feliz e, para ele, não conseguiriam provocar alegria suficiente para valer a pena a continuar passando por todo seu sofrimento.

        O sentido da vida, o valor da vida e as motivações para viver são aspectos subjetivos, e se relacionam principalmente com o que a vida traz de bom ou ruim para a pessoa, diante da maneira como ela a percebe. Sendo assim, pode sim acontecer que uma pessoa não atribua valor suficiente a coisas que normalmente temos como suficientes para se ter motivos para viver, e nem sempre isso irá mudar, mesmo depois de muito tempo. Pode acontecer de ela não sentir alegria suficiente diante de todos os sofrimentos que a vida lhe traz. Acredito que todos que sentem vontade de viver, concordam que na vida vale a pena aguentar e superar os sofrimentos, para poder desfrutar das alegrias. E se a vida trouxesse muito, muito mais sofrimentos do que alegrias, tanto em quantidade quanto em intensidade, ainda assim valeria a pena? Muitos diriam que não, e não há como dizer que esse sentimento está errado.

        Viver é um direito ou uma obrigação? Partindo do princípio que o corpo e a vida pertence, naturalmente e unicamente, à pessoa e essa é a única coisa que ela pode dizer realmente que é sua (sem levar em conta aqui motivos religiosos, que não são comprovados), cabendo a ela decidir o que ela quer fazer com seu corpo e vida e sofrendo as consequências disso, chego à mesma conclusão do personagem principal: é um direito, não uma obrigação. O que fazemos com nossa vida não deveria ser restringido ou impedido pelos outros (claro, isso vale até que o nosso direito comece a interferir e prejudicar o direito do outro), nos obrigando a fazer o que eles querem que façam, muito menos quando isso traz imenso sofrimento psicológico ou físico à pessoa. Me parece que o papel das pessoas em relação ao sujeito que tem o desejo de morrer é não de impedi-lo de tomar a decisão que não lhes agrada, mas justamente o de ajudá-lo na reflexão a respeito da questão, e incentivá-lo a viver se for o caso, para que no fim tome uma decisão lúcida e consciente. Incentivá-lo para ver se acaba despertando algo, mas não obrigá-lo. Caso a pessoa seja demasiadamente jovem e inexperiente, no entanto, na minha opinião não deveria ser apoiado esse desejo, uma vez que é muito frequente que seja cedo demais para afirmar que seus sentimentos e pensamentos a respeito da vida não irão mudar. É muito frequente o suicídio de jovens por motivos banais, e nesse sentido deve ser feito todo o possível para incentivá-los a não fazê-lo. Na maioria desses casos, basta lidar com o problema e encarar as coisas de uma forma diferente, e acabarão vendo motivos para viver, tendo uma vida normal.

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