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Trabalho de projeto de pesquisa

Por:   •  21/9/2015  •  Projeto de pesquisa  •  3.802 Palavras (16 Páginas)  •  272 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIEDADE E CULTURA

  MESTRADO ACADÊMICO

1 INTRODUÇÃO

Ao término de minha graduação em Pedagogia e um trabalho de conclusão de curso cujo tema estava relacionado às questões de concepções de linguagem e alfabetização, o caminho para questões de gênero e sexualidade nunca fora previsto. Todavia, sempre busquei resignificar o meu olhar para a diversidade, enveredar por caminhos atípicos, mas sempre com a certeza de que é preciso tornar visível o que fizeram invisível. Nesse sentido, comecei a observar ao meu redor aquilo que provoca aversão nas pessoas, o que nunca é pronunciado ou dito, o que é tratado com descaso e o que é representado com riso ou piada: a homossexualidade.

A escolha do tema se deu por meio de leituras sobre a homossexualidade realizada ao longo do curso de especialização do CEGEDE, na disciplina Educação em sexualidade e orientação sexual, que se somaram aos conhecimentos que tenho sobre os aspectos da natureza da linguagem humana –, apropriação dos últimos períodos de minha graduação no curso de Letras.  Sei que, “a questão da representação é deveras complexa, principalmente, no âmbito da filosofia, pois é uma questão insolúvel que só pode surgir da própria representação” (FOUCAULT, 2000), isto é, a partir da linguagem. Por outro lado, os debates atuais sobre a discriminação giram em torno das minorias, assim temáticas como: o racismo, o sexismo e a homofobia são as mais abordadas. Destas três temáticas, a discriminação relacionada à homofobia é a mais contraditória e a menos estudada.

Nesse sentido, o estudo da representação da homossexualidade na cultura da escola se faz necessário, pois “a escola é ao mesmo tempo um espaço destinado à construção de sujeitos e de ações de desigualdade, preconceito e exclusão” (NASCIMENTO, 2010, p.10). Preconceitos, estigmas e estereótipos sobre a homossexualidade são práticas comuns que permeiam as relações sociais na escola, e certas representações sobre o (a) homossexual evoluem no espaço escolar para formas violentas de preconceitos por intermédio das relações estabelecidas.

Assim, o tema deste trabalho “A representação da homossexualidade na cultura da escola”, intenciona investigar as categorias representação e homossexualidade, na tentativa de abarcar toda a complexidade em representar, substituir, silenciar, dar presença e confirmar a ausência da homossexualidade na cultura da escola.  As palavras representação e homossexualidade são duas categorias imbricadas que propiciam um jogo de poder no espaço escolar e na história sexual do indivíduo, ambiente onde “o discurso longe de ser elemento transparente ou neutro é um dos lugares onde ele exerce, de modo privilegiado, alguns de seus mais temíveis poderes” (FOUCAULT, 1988, p. 30) Portanto, lugar onde as interdições revelam logo sua ligação com o desejo e o poder. Sendo assim, a escola é um lócus privilegiado de múltiplas representações que são refletidas nas práticas educativas, nos discursos subversivos e na não aceitação da diversidade.

Esta pesquisa não se propõe de maneira alguma construir um manual de ações que auxiliem na prática do (a) professor (a), mas ajudá-lo (a) no desenvolvimento de ações e construções de metodologias sobre a homossexualidade a partir de sua reflexão sobre a sua prática educativa e na construção de uma escola sem homofobia.

2. JUSTIFICATIVA

A sexualidade sempre esteve presente na sociedade, desde o seu processo de criação até o momento atual. Ela sempre esteve presente no ser humano, do nascimento até a morte. É a fonte da identidade de homens e mulheres, pois somos sujeitos dotados de características biológicas, os demais aspectos são construídos e se formam ao longo da vida, como a questão de gênero. Neste sentido, a sexualidade não se refere ao um dado da natureza, como muitos pensam. É construída socialmente por intermédio do contexto cultural do qual estamos inseridos (as).

As relações entre individuo, sociedade e sexualidade se transformaram ao longo das décadas. A história da sociedade e do próprio ser humano deixa claro que a sexualidade humana é uma construção social, pois devido ao processo de evolução do ser humano, este deixou de se “comportar sexualmente por instinto” (BOZON, 2004, p.6).

Assim, várias ciências iniciaram estudos sobre a sexualidade humana: a Antropologia, a Sociologia, a Psicologia e a Sexologia. Todas estas ciências chegaram ao seguinte consenso: a sexualidade não é só genética, hormonal ou genital e não é regida por instintos, como nos animais. No campo dos estudos sobre a homossexualidade ainda se perpetua visões generalizadas e conceptualizações fracas, principalmente, em estudos que privilegiam o campo biológico-genético que ainda alimenta uma visão sobre a homossexualidade puramente cientifica desconsiderando os aspectos sociais, históricos e culturais, além de toda a complexidade que permeia a temática. Desse modo, é essencial estimular discussões e o aprofundamento teórico de como os referenciais teóricos tem contribuído e como as pesquisas tem sido conduzidas. Entretanto, a compreensão da representação da homossexualidade na cultura da escola requer a adoção de medidas cautelosas para não se cair no erro das simplificações.

Dessa forma, busco responder algumas questões que sempre me acompanharam durante a graduação e, que agora se materializam na minha atuação como professora da Educação Básica. Busco contribuir, mesmo que infimamente, com outro olhar para discussões sobre a homossexualidade na escola e trazer à tona pseudo valores, materializados em um discurso desumanizante instituído pela heteronomartividade.

3. PROBLEMA DE ESTUDO

A atração entre pessoas do mesmo sexo sempre existiu ao longo da história, nas mais diferentes sociedades e culturas. Houve um período na história que a homossexualidade era a norma, como no apogeu das civilizações gregas, e não era vista como uma doença ou algo indesejável. A história nos mostra que a sexualidade apresenta um caráter discursivo justamente por produzir constantemente novas concepções a respeito de sexo, sexualidade e gênero. A sociedade possui normas que regulam e materializam o sexo dos sujeitos e “essas ‘normas regulatórias’ precisam ser constantemente repetidas e reiteradas para que tal materialização se concretize” (LOURO, 2001, p. 548).

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