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Desenvolvimento De Sistemas De Informação Geográfica No Brasil: Desafios E Oportunidades

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Por:   •  28/5/2013  •  4.758 Palavras (20 Páginas)  •  736 Visualizações

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1. OS DESAFIOS DA GLOBALIZAÇÃO

1.1 O Cenário

O termo "globalização", utilizado para descrever o processo recente de evolução do capitalismo, reflete o aprofundamento de algumas tendências já embrionárias nos anos 70 e 80. Nesse processo, os ganhos de produtividade e escala engendrados pela evolução tecnológica e pela expansão dos mercados permitiram o aparecimento de corporações que atuam em todo o planeta, combinando a produção industrial com a atuação no setor de serviços.

O cenário se completa com a concentração do setor produtivo. A enorme escala de investimentos necessários e o alto custo de inserção global tendem a um processo de concentração que habilitará apenas um conjunto restrito de empresas a competir ferozmente por preço e qualidade para cada tipo de produto. Visto nesta perspectiva, as tendências de globalização estão produzindo um cenário aonde um conjunto pequeno de corporações mundiais estarão decidindo o que, como, quando e onde produzir os bens e serviços utilizados pelos seres humanos.

Nos anos 70 e 80, a força da inovação trazida pelo microprocessador deu a oportunidade de formação de inúmeras pequenas empresas de Informática, com muito talento e algum capital especulativo (venture capital). A consciência desta oportunidade entusiasmou vários países, entre eles o Brasil, que estabeleceu a tão vilipendiada quão pouco discutida reserva de mercado para a informática (para uma análise qualificada sobre o tema, veja-se Rosenthal e Meira, 1995).

Nessa indústria, o processo de globalização está levando a uma concentração precoce e sem precedentes. Este processo pode ser resumido na seguinte forma: os avanços científicos e tecnológicos engendram um novo paradigma, com um novo nicho de mercado. De início, um conjunto amplo de empreendedores se lança na tentativa de ocupar este espaço. Após alguns anos de guerra comercial, a tendência é que não mais que cinco produtos (e às vezes apenas um ou dois) ocupem mais de 80% do mercado, tornando extremamente difícil a entrada de novos concorrentes. Alguns exemplos:

• Processadores de Texto: MS/Word (mais de 50%), WordPerfect, AmiPro.

• Navegadores WWW: Netscape (80%), MS/Explorer (15%).

• Bancos de Dados Relacionais: ORACLE(40%), Informix, Sybase.

1.2 Evolução da Tecnologia de Geoprocessamento

Internacionalmente, a década de 80 representa o momento quando a tecnologia de sistemas de informação geográfica (SIG) inicia um período de acelerado crescimento que dura até os dias de hoje (Goodchild, 1991). Até então limitados pelo alto custo do hardware e pela pouca quantidade de pesquisa específica sobre o tema, os SIG se beneficiaram grandemente da massificação causada pelos avanços da microinformática e do estabelecimento de centros de estudos sobre o assunto. Nos EUA, a criação dos centros de pesquisa que formam o NCGIA - National Centre for Geographical Information and Analysis (NCGIA, 1989) marca o estabelecimento do Geoprocessamento como disciplina científica independente.

Na setor de SIG, à semelhança dos demais segmentos da Informática, vem ocorrendo um processo de concentração, com uma significativa presença de poucas empresas, que atuam globalmente, com representantes nos principais países.

Para o cliente, à primeira vista, este cenário pode parecer reconfortante. Afinal, trata-se de reduzir a escolha e utilizar o processo natural de depuração do mercado para realizar uma seleção entre os produtos. No entanto, este processo de concentração reduz em muito a capacidade das empresas e instituições produzir soluções inovadoras, o que é particularmente grave no setor de SIG. Ao contrário de outras áreas da Informática (como bancos de dados relacionais), o Geoprocessamento ainda não possui um embasamento científico consolidado e abriga significativo número de desafios em aberto, inclusive:

• As questões de modelagem de dados, linguagem de consulta e manipulação e arquitetura de bancos de dados geográficos permanecem carentes de formulações sólidas e consistentes (Goodchild, 1991; NCGIA, 1989; Câmara et al., 1996). Por falta de uma modelagem de dados consensual e consistente, os SIGs continuam ferramentas com uma longa curva de aprendizado.

• A integração das tecnologias de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento ainda não é plenamente disponível nos sistemas comerciais. É necessário, na maior parte dos casos, dispor de dois sistemas, o que faz crescer custos de instalação e aprendizado.

• Na área ambiental, o aparecimento de novos sensores, que incluem imageamento por radar (ERS-1, JERS-1, RADARSAT), hiperespectrais (AVIRIS), e ópticos de alta resolução (LANDSAT-7, Space Imaging) requer o contínuo desenvolvimento de novos métodos e técnicas de extração de informação de imagens de sensoriamento remoto.

• As técnicas de extração de informação em imagens de Sensoriamento Remoto baseadas em classificação ponto-a-ponto (na maior parte dos casos, as únicas disponíveis em sistemas comerciais), tem limitações na geração de mapas temáticos a ser integrados em SIGs (Davis and Simonett, 1991).

• O advento da Internet e o grande aumento da percepção da importância da questão ecológica para o futuro da humanidade engendram o desafio de desenvolver de grandes bancos de dados geográficos, e de ferramentas que permitam o fácil acesso (local ou remoto) à informação espacial (Townshend, 1991; Clark et al., 1991; Tateishi, 1993).

Deste modo, a consolidação precoce da tecnologia de Geoprocessamento em alguns poucos produtos pode efetivamente privar os usuários de ter acesso a soluções adequadas e de melhorar a qualidade de seus estudos e projetos.

1.3 A Situação Brasileira

O impacto da globalização sobre países emergentes como o Brasil é duplamente dramático. Enfrentamos uma situação contraditória aonde se combina uma desigualdade social sem precedentes com um processo de inserção competitiva no mercado internacional. Os efeitos deste processo estão em livre curso na sociedade brasileira, atingindo indústrias, bancos e trabalhadores.

O grande dilema enfrentado por todos os componentes da sociedade brasileira neste início de século XXI é como enfrentar os desafios da globalização e como aproveitar as eventuais oportunidades engendradas pelo processo de integração competitiva do Brasil na economia internacional.

Em que medida ainda existem oportunidades para os nossos produtos ? Será que o mercado está ocupado ? Quais as chances de ter sucesso na

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