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GEOTECNOLOGIA PARA A CARACTERIZAÇÃO DOS FOCOS

Por:   •  3/10/2017  •  Artigo  •  2.987 Palavras (12 Páginas)  •  240 Visualizações

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O USO DE GEOTECNOLOGIA PARA A CARACTERIZAÇÃO DOS FOCOS DE QUEIMADAS NO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO/RO

Alex Mota dos Santos

Willimis Alves Pereira

Helci Ferreira Ramos

Fabrizia Gioppo Nunes

Luana Regina P. de Sousa

RESUMO. Os focos de queimadas são identificados diariamente no país e disponibilizados gratuitamente no formato vetorial pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Contudo, pouco se sabe sobre a caracterização dos mesmos. Diante de tal constatação o presente estudo teve como objetivo realizar a caracterização dos focos de queimadas no município de Porto Velho, Estado de Rondônia a partir do uso de geotecnologia. A metodologia envolveu análise espacial dos focos de queimadas disponíveis pelo INPE, bem como a caracterização das áreas queimadas por meio das imagens de sensoriamento remoto processadas num Sistema de Informação Geográfica (SIG). Os resultados apontaram para o número de 1.239 polígonos que somaram 272,16 km² e ocorreram em áreas de pastagens, possivelmente os fazendeiros estão utilizando o fogo para limpeza de pasto. Além do exposto, observou-se que devido à resolução temporal do LANDSAT, de 16 dias e três órbitas distintas, tornou-se impossível compatibilizar o dia de tomada dos focos junto ao INPE com a passagem do satélite. Contudo, observou-se que os focos foram apresentaram baixíssimas ocorrências em terras indígenas, ou seja, mesmo no século XXI e apesar de todo influência cultural dos não indígenas, esses povos mantém forma de manejo dos recursos naturais sustentável. Os dados permitiram avaliar choques de territorialidades no município, em que áreas de fazendas pressionam as terras indígenas.

PALAVRAS-CHAVES: geoprocessamento, cartografia de focos de queimada, análises espaciais.

        

ABSTRACT.  The fire outbreaks are identified daily in the country and made available for free in vector format by the National Institute for Space Research (INPE). However, little is known about the characteristics thereof. Faced with this finding the present study aimed to characterize the fire outbreaks in the municipality of Porto Velho, State of Rondonia. The methodology involved spatial analysis of fire outbreaks available by INPE, as well as the characterization of the burned areas through remote sensing images processed in a Geographic Information System (GIS). The results pointed to the number of 1,239 polygons totaling 272.16 km² and occurred in pastures, possibly farmers are using the fire to pasture cleaning. Besides the above, it was observed that due to the temporal resolution of LANDSAT, 16 days and three separate orbits, it became impossible to match the day of the outlet foci along the INPE with the passage of the satellite. However, it was observed that the outbreaks were presented extremely low occurrences in indigenous lands, or even in the XXI century and despite all cultural influence of non-indigenous, these people keep form of sustainable management of natural resources. The data allowed to evaluate territoriality shocks in the municipality, in which areas of farms put pressure on indigenous lands.

Keywords: geoprocessing, mapping outbreaks of fire, spatial analysis.

INTRODUÇÃO

Os dados e informações espaciais disponibilizados, principalmente, pelos órgãos de governo são extremamente importantes para análises variadas, das quais, aquelas que revelam os impactos associados às atividades antrópicas. Além disso, segundo Santos et al. (2015) dados e informações são importantes nas análises geográficas, pois sustentam ou refutam hipóteses acerca de pesquisas nas áreas ambientais, sociais e econômicas. Ainda segundo os autores, de fato, não há análise sem dados, pois toda discussão surge de fatos.

Assim, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) disponibiliza diariamente arquivos vetoriais sobre os focos de queimadas de todo o território nacional. Esses dados podem ser aproveitados no ensino, na pesquisa e na extensão. Tais dados são obtidos pelos sensores dos satélites meteorológicos National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA); Geostationary Operational Environmental Satellite System (GOES), Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MOLDIS), o European Remote Sensing Satellite (ERS), Tropical Rainfall Measuring Mission e Suomi National Polar-orbiting Partnership (NPP). 

Contudo, os dados disponíveis pelo INPE se limitam a indicar a ocorrência do fato, o foco de queimada. Assim, de forma a contribuir com a discussão sobre as queimadas, que foram intensas, no ano de 2015, este trabalho pesquisou e caracterizou os focos de queimada no município de Porto Velho, Estado de Rondônia. Mas porquê o município de Porto Velho?

No período mais recente da ocupação do sul da Amazônia o município de Porto Velho se destacou com maior rebanho bovino e também pela maior taxa de retirada da vegetação. Fato semelhante somente é observado para o município de Juína, no noroeste do Mato Grosso. Assim, justifica-se análise para Porto Velho, de forma a oferecer elementos para caracterização das atividades antrópicas no sul da Amazônia.

A consolidação da ocupação nessa área do espaço rondoniense foi tardia, esteve associada a três principais períodos de ocupação e povoamento pelo não indígena, que Oliveira (2003), descreve assim: período anterior à criação do Território Federal de Rondônia (TFR); da criação do TFR até a década de 1960 e o último com início do processo de colonização técnico-territorial até o período atual. Nesse sentido, o primeiro fluxo do não indígena pelo Estado se deu no século XVII em busca de mão-de-obra indígena escrava (RUFINO, 2004). Do primeiro período destaca, ainda no século XIX, a assinatura do Decreto-lei n.º 5.024, autorizando navios mercantes de todas as nações subirem o Rio Madeira (IBGE, 2015).

Com isso, no período de colonização técnico-territorial (OLIVEIRA, 2003) a ocupação se consolidou, o município de Porto Velho já estava emancipado e ocupava aproximadamente 50% de todo o Estado de Rondônia, na sua porção norte (SANTOS, 2014). Destaca nesse sentido, que com a emancipação de novos municípios a área do município de Porto Velho reduziu drasticamente, passando a configuração que tem hoje nos primeiros anos da década de 1990. Contudo, o desenvolvimento da cidade e por conseqüência do município ocorreu com a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) em 1914 .  Nesse contexto histórico milhares de trabalhadores vieram de vários países e de diferentes regiões do Brasil para trabalharem na construção da E.F.M.M. Assim, várias expedições se lançaram pelos rios no meio das florestas para abrir frente para o desenvolvimento e evitar conflitos entre indígenas e não indígenas (ARANHA, 2012).

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