Geografia Política e a Globalização

Geografia política e a globalização

Irma de Alvarenga Lage

Graduanda em Geografia pela UFOP

Segundo José William Vesentini, no texto “Repensando a geografia política, um breve histórico crítico e a revisão de uma polêmica atual”, desde Ratzel até os dias atuais, a geografia política passou por três fases distintas, sendo que a terceira e atual fase se iniciou na segunda metade da década de 1970, influenciada por acontecimentos políticos marcantes a partir do final dos anos 1960 e caracteriza-se como sendo um momento de indeterminações.  

Quanto à globalização, sabemos que é um processo que se expandiu acentuadamente com o fim da Guerra Fria e do socialismo. Segundo Milton Santos, na obra “Por uma outra globalização”, a globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista.  Ou seja, a globalização caracteriza a fase atual do capitalismo, presente em todo o planeta, graças á tecnologia da informação. O autor Alcindo Gonçalves, em “O conceito de Governança”, se refere ao fenômeno da globalização como um processo não exclusivamente econômico, mas também que envolve aspectos sociais, culturais, políticos e pessoais, ou seja, um processo multidimensional caracterizando-se pela ampla integração nesses diversos aspectos.

A globalização traz consequências positivas á sociedade, pois permite a redução de barreiras geográficas, aproximando as diversas regiões do mundo e possibilita o crescimento do fluxo de capital e mercadorias. Contudo, segundo Milton Santos na obra citada anteriormente, para uma grande parte da humanidade a globalização é perversa, porque aumenta o desemprego, a pobreza e a fome, tende a diminuir o salário, reduzindo a qualidade de vida.

Ainda segundo Milton Santos o problema da globalização é estar fundamentada nos princípios econômicos e de competitividade. Exemplo disso é a formação de blocos econômicos. Com o aumento da interdependência e da integração entre os países, tem ocorrido a formação de blocos regionais como, por exemplo, o NAFTA e o MERCOSUL, que muitas vezes são responsáveis por disputas comerciais, e/ou diplomáticas entre os países membros, caso da Venezuela e os demais países do MERCOSUL, e com outros países de outros blocos já implantados ou em discussão.  

Quando analisamos a diversidade mundial, as diferentes nacionalidades com sua cultura, economia e política, os vários movimentos contrários a ações de dominação econômica e política, o consumismo proporcionado pela economia capitalista, os movimentos ativistas entre outros, percebemos que a ideia de globalização e de integração é muito mais complexa do que podemos imaginar. Há desigualdades visíveis em todos os âmbitos e as relações entre nações e comunidades são conflituosas.

Concluímos que a globalização é um fenômeno marcante nos dias atuais e que todos os acontecimentos dela advindos, ou por ela propiciados contribuem para com um redimensionamento da sociedade. Concluímos também que, representa sim um grande desafio para a geografia política, porque a pseudo integração imposta a ela dificulta a compreensão destes mesmos fenômenos de integração.

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