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Memoria

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Por:   •  25/8/2014  •  Resenha  •  1.165 Palavras (5 Páginas)  •  234 Visualizações

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Primeiramente gostaria de tornar clara a diferença entre dois problemas: o problema do desenvolvimento

em geral, e o problema da aprendizagem. Penso que estes problemas são muito diferentes, ainda que algumas

pessoas não façam esta distinção.

O desenvolvimento do conhecimento é um processo espontâneo, ligado ao processo global da

embriogênese. A embriogênese diz respeito ao desenvolvimento do corpo, mas também ao

desenvolvimento do sistema nervoso e ao desenvolvimento das funções mentais. No caso do

desenvolvimento do conhecimento, a embriogênese só termina na vida adulta. É um processo de

desenvolvimento total que devemos re-situar no contexto geral biológico e psicológico.

Em outras palavras, o desenvolvimento é um processo que se relaciona com a totalidade de

estruturas do conhecimento. A aprendizagem apresenta o caso oposto. Em geral, a aprendizagem é

provocada por situações - provocada por um experimentador psicológico; ou por um professor, com referência

a algum ponto didático; ou por uma situação externa. Ela é provocada, em geral, como oposta ao que é

espontâneo. Além disso, é um processo limitado a um problema simples ou uma estrutura simples.

Assim, considero que o desenvolvimento explica a aprendizagem, e esta opinião é contrária a opinião

amplamente sustentada de que o desenvolvimento é uma soma de unidades de experiências de

aprendizagem. Para alguns psicólogos o desenvolvimento é reduzido a uma série de itens específicos

aprendidos, e então o desenvolvimento seria a soma, a acumulação dessa série de itens específicos. Penso

que essa é uma visão atomista que deforma o estado real das coisas.

Na realidade, o desenvolvimento é o processo essencial e cada elemento da aprendizagem

ocorre como uma função do desenvolvimento total, em lugar de ser um elemento que explica o

desenvolvimento. Começarei, então, com uma primeira parte tratando do desenvolvimento e falarei

sobre aprendizagem na segunda parte. Para compreender o desenvolvimento do conhecimento,

devemos começar com uma idéia que me parece central: a idéia de operação.

O conhecimento não é uma cópia da realidade. Conhecer um objeto, conhecer um acontecimento não é

simplesmente olhar e fazer uma cópia mental, ou imagem, do mesmo. Para conhecer um objeto é necessário

agir sobre ele. Conhecer é modificar, transformar o objeto, e compreender o processo dessa transformação

e, conseqüentemente, compreender o modo como o objeto é construído. Uma operação é, assim, a

essência do conhecimento. É uma ação interiorizada que modifica o objeto do conhecimento. Por exemplo, uma

operação consistiria na reunião de objetos em uma classe, para construir uma classificação. Ou uma operação

consistiria na ordenação ou colocação de coisas em uma série. Ou uma operação consistiria em contagem ou

mensuração.

Em outras palavras, é um grupo de ações modificando o objeto e possibilitando ao sujeito do

conhecimento alcançar as estruturas da transformação. Uma operação é uma ação interiorizada. Mas, além

disso, é uma ação reversível; isto é, pode ocorrer em dois sentidos, por exemplo, adição ou subtração, juntar

ou separar. Assim, é um tipo particular de ação que constrói estruturas lógicas. Acima de tudo, uma operação

nunca é isolada. É sempre ligada a outras operações e, como resultado, é sempre parte de uma estrutura total.

Por exemplo, uma classe lógica não existe isoladamente; o que existe é uma estrutura total de classificação.

Uma relação assimétrica não existe isolada. A seriação é uma estrutura operacional natural, básica. Um

número não existe isolado. O que existe é uma série de números, que constituem uma estrutura, uma

extraordinariamente rica estrutura cujas propriedades variadas tem sido reveladas pelos matemáticos.

Estas estruturas operacionais são o que me parece constituir a base do conhecimento, a realidade

psicológica natural, nos termos em que nós compreendemos o desenvolvimento do conhecimento. E o

problema central do desenvolvimento é compreender a formação, elaboração, organização e funcionamento

dessas estruturas.

1 Este texto foi traduzido por Paulo Francisco Slomp do original incluído no livro de: LAVATTELLY, C. S. e STENDLER, F.

Reading in child behavior and development. New York: Hartcourt Brace Janovich, 1972.Que, por sua vez, é a reimpressão

das páginas 7-19 de: RIPPLE R. e ROCKCASTLE, V. Piaget rediscovered. Cornell University, 1964

UFRGS – PEAD 2009/1 Desenvolvimento e Aprendizagem sob o Enfoque da Psicologia II

Gostaria de rever os estágios de desenvolvimento dessas estruturas, não em cada detalhe, mas

simplesmente como uma rememoração. Distinguiria quatro grandes estágios.

· O primeiro é o estágio sensório-motor, pré-verbal, durando aproximadamente os 18 primeiros

meses de vida. Durante este estágio desenvolve-se o conhecimento prático, que constitui a

subestrutura do conhecimento representativo posterior. Um exemplo é a construção do esquema do

objeto

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